Twenty one

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    O som de um trovão me assusta e o barulho de chuva faz com que eu afaste Baekyun, não sei quanto tempo estamos aqui dentro, trocamos um olhar, antes que ele feche as janelas.

 — Dirigir nessa chuva não é bom. — Minha mão envolve seu pulso. — Você pode subir, até o clima melhorar.

  Isso parece muito um convite indecente, mas eu não quero mesmo que ele saia dirigindo no meio de um temporal, ainda mais depois de saber a história do acidente.

— O clima aqui já me parece ótimo. — Ele ri beijando meu maxilar.

— Engraçadinho. — Envolvo seus cabelos em meus dedos, afastando seu rosto para me encarar. —  Vai ou não? Antes que a chuva piore.

— Ok, vamos.

  Baek se estica até o banco de trás e pega sua mochila, noto como seu cabelo está bagunçado e a culpa é minha. Descemos e eu pego sua mão enquanto o faço correr em direção ao prédio. Está cada vez mais frio e estar molhada não ajuda em nada, por sorte, chegamos antes de estar ensopados.

   Corremos até o elevador, Baek para ofegante e eu noto a placa que diz: em manutenção.

—  Vamos precisar subir de escada. — Afasto os cabelos molhados da minha testa. — Eu moro no quinto andar, não é tão longe assim.

  Ele assente, subimos num ritmo veloz, quando entro em casa, a ideia de tomar banho e trocar de roupa, me parece tentadora. Fecho a porta, Baek me beija de surpresa, fazendo com que eu deixe a chave cair e leve uma das mãos até seu ombro.

  Acabamos no meu sofá, estou em seu colo, uma das mãos dele aperta minha coxa e a outra trás meu rosto para perto. Sinto seu peito subir e descer de forma descompassada, o beijo se torna urgente.

 — Espera. — Baek me afasta, seu rosto está vermelho.

—  Está tudo bem? —  Saio de seu colo quando percebo que algo está errado.

— Não consigo respirar direito. —Baek leva a mão ao peito, mas então se vira para mim. — Fica calma, tá tudo bem, Haseul.

 — Não é o que parece. — Aperto minhas mãos de forma aflita. —Melhor ver um mé...

  — Nada de médico. — Me corta se esticando até a mochila. — Só preciso do meu remédio.

 Baek tira uma cartela de comprimidos, da mochila, junto com uma garrafinha de água, toma e se recosta fechando os olhos.

  — Foi culpa minha, eu te fiz tomar chuva e subir todas essas escadas. — Mordo o lábio. — Desculpa.

  — Eu não deveria ter subido correndo, a culpa é minha por querer desafiar meus limites. — Sua voz tem um tom amargo. — O remédio vai fazer efeito logo, não se preocupe.

  Observo sua respiração irregular, Baek mantem os olhos fechados, ele parece focado em cada fôlego. Meus lábios ainda formigam devido ao beijo, no entanto tudo em que consigo pensar agora, é na saúde dele.

— Tem outra roupa aí? Acho bom você tomar um banho quente.

Com certeza, ficar ensopado, ainda mais no clima frio, o deixaria pior.

— Sempre trago uma muda na mochila.

—  Eu vou primeiro, enquanto seu remédio faz efeito, se precisar de algo, grite.

 Baek apenas assente dando um sorriso malicioso, me pergunto no que ele está pensando. 

 Sigo para o banheiro, apesar da água quente ser relaxante, não demoro, em parte porque não quero deixar Baek sozinho. Visto um moletom cinza com pequenos detalhes em rosa, o tecido macio me deixa confortável.

  Baek me olha rápido antes de seguir para o banho, eu ignoro o calor que cobre minhas bochechas e me dirijo a cozinha. Enquanto faço um chá, a realidade me atinge, eu o beijei,  dentro de um carro e o trouxe para meu apartamento. Tudo bem, sou uma mulher adulta, uma que se deixou levar no calor do momento.

  Meus sentimentos em relação a Baekhyun são confusos, há esse fogo que me consome, de maneira que assim que ele me toca, fica difícil pensar. Mas também, há a parte de mim que não quer se machucar de novo, a que te medo de ter o coração despedaçado mais uma vez.

— Que susto! — Estremeço quando sinto os braços dele passando a minha volta. — Não ouvi você chegando.

  — Estava perdida em seus pensamentos. — Ele beija minha bochecha.

 Baek agora cheira a uma mistura de sabonete e perfume amadeirado. Ele me solta e senta num dos banquinhos próximos a bancada. Minha cozinha não é muito grande, apenas o essencial, paredes brancas e utensílios em inox. Minha parte favorita são os imãs na porta da geladeira, bichinhos e símbolos de países que quero visitar.

— Está melhor? —  Ponho o chá em duas xícaras.

— Novinho em folha. — Ele pega uma das torradas que acabei de tirar da máquina.

Me sento em sua frente, assoprando a fumaça antes de finalmente levar o chá aos lábios. Agora, que o momento já passou, encará-lo parece constrangedor. O que eu digo? Não quero pressionar, mas fingir que nada aconteceu, também não me parece uma ótima escolha.

 —  Então...a quanto tempo estava planejando...você sabe..

—  Te beijar no carro? — Seu sorriso presunçoso logo aparece.  — Não foi planejado, mas se eu soubesse qual a seria sua reação, teria feito antes. —  Ergo uma sobrancelha. — Ok, desde o jantar na minha casa, a única coisa que me impediu foi o vinho.

— Mas você não bebeu. — Franzo o cenho.

— Mas você bebeu, e estava chorando pelo seu ex, não me pareceu certo.

  Mark, não era uma boa hora para lembrar dele. Tudo o que eu mais desejava, era deixar Mark Tuan no passado, mesmo que muitas das minhas melhores memórias estivessem com ele.

— Gentil da sua parte. —  Dei uma mordida na torrada. — Acho que não tinha pensado nisso, até hoje.

 — Mas pelo visto gostou da ideia. —  Deu um gole no chá.

— Não seja convencido. —  Sorri.

  Um trovão soou e eu me encolhi, pelo visto a tempestade duraria a noite toda.

***

   Baek tinha um braço me envolvendo e suas pernas estavam entrelaçadas nas minhas, acabei lhe pedindo para passar a noite, por causa da chuva. 

—  Está com cheirinho de alfazema. —  Seu nariz fazia cócegas em meu pescoço.

—  Gosto de passar quando tomo banho a noite, me ajuda a dormir melhor. —  Deixei minha mão sobre seu braço, acariciando-o.

  Estávamos ambos vestidos mas de algum modo, aquilo parecia mais íntimo do que sexo. Tê-lo ali, na minha cama, abraçados, enquanto falávamos sobre coisas aleatórias, era confortável e gostoso. Baek beijou meu ombro e ficou mais perto, eu estava começando a ficar com sono, mas não queria dormir.

— Está com frio? — Seu tom é baixinho e eu assinto.

 Ele puxa os lençóis para cima e nos cobre, me viro deitando com a cabeça em seu ombro, logo me sinto mais quente e fecho os olhos.

— Boa noite, Baek. — Deixo minha mão repousar sobre seu peito. — Me acorde se precisar de algo.

— Boa noite, Haseul.

  Não sei quanto tempo depois eu apago, mas lembro de senti-lo me segurando como se jamais fosse soltar.

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 Ora ora olha quem atualizou.

Best part é uma música muito lidinha perfeita para ouvir na chuva.

Eu tenho uma música para praticamente qualquer situação, a pessoa pra conviver comigo, tem que saber que do nada, eu vou começar a cantar uma música que tem a ver com o que ela está falando.

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora