Fourteen

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   Fui pega de surpresa quando encontrei Mark no shopping, ele estava bonito como sempre, seu sorriso gentil parecia chegar aos olhos e eu tentei agir normalmente.

    Fazia mais de um ano que terminamos, mesmo assim toda vez que o via, sentia aquela sensação esquisita, como se não soubesse como agir. Minha mente repetia flashes de nossos momentos juntos, de nossas risadas se misturando e de todas as vezes que suas mãos traçaram os contornos do meu corpo.

     — Você ainda gosta desses? — Seus olhos focaram no pacote de cookies que eu tinha em mãos.

     — São meus favoritos.

    Mark já me comprara inúmeros pacotes daqueles, quando eu estava morrendo de cólica e sair da cama parecia impossível, ele sempre aparecia com cookies e sorvete de flocos.

    — Pelo visto você continua a mesma. — Ajeitou a sacola que tinha em mãos, era de uma perfumaria.

     Se eu continuo a mesma, então por que você parou de me amar?

     Contive a pergunta dentro de mim, não importava mais, tudo o que fomos um dia estava acabado e eu jamais saberia porquê. Jamais saberia o que deu errado, em que momento meu amor parou de ser correspondido.

     — Você também não parece muito diferente. — Troquei o peso de uma perna para a outra, me sentia patética. — Foi bom te ver, mas eu preciso ir, tenho um compromisso mais tarde.

    Mentira, mentira, mentira. Eu sequer tinha algo para fazer em casa, o jantar já estava congelado na geladeira e meu vaso de plantas foi devidamente regado. Fugir de Mark parecia a melhor opção, olhar para ele era doloroso, era como ter todos os nossos momentos esfregados na minha cara num loop sem fim.

      O cheiro de seu perfume me atingiu, engoli em seco com a lembrança daquele mesmo cheiro grudado em meus lençóis.

   —  Que pena, estava prestes a te chamar para um café. — Sorriu fechado.

    — Sua namorada não iria gostar nada disso.

    — A Mina sabe tudo, ela não se importa.

   Ótimo, então ele deixou claro para ela o quanto eu sou insignificante agora, o quanto não tem a menor chance dele sentir algo por mim de novo. Forço um sorriso apesar do meu orgulho ferido, estou cansada de tudo isso.

    — Bom saber que ela é confiante, mas eu preciso mesmo ir, nos vemos por aí.

    — Tchau, Haseul, foi bom te ver. — Ele acena.

     Saio tentando não parecer apressada, quando finalmente estou longe o suficente para que Mark não veja, paro e me obrigo a respirar fundo. Há alguns dias em que sequer sinto a falta dele, em que lembrar não dói nada, mas têm momentos como o de minutos atrás em que me sinto prestes a chorar ou gritar de raiva.

     As vezes odeio Mark por ser tão perfeito, odeio o fato de que foi ele que deixou de me amar. E é ridículo que eu me sinta assim, como se tivesse perdido o cavalo premiado. Ele era o jogador do time do colégio e eu apenas uma garota comum, sem grandes habilidades. Parecia sorte demais ter alguém tão incrível comigo, era quase surreal o modo como nos entendíamos bem.

    Então um belo dia, Mark apareceu a porta da minha casa, e após um discurso cheio de lágrimas disse que não podíamos mais ficar juntos. Ele já não se sentia como antes.

     Passo a mão pelos cabelos e suspiro, chega de pensar nisso.

      ***

    Estou saindo do banho quando o celular toca, me enrolo na toalha de maneira rápida e corro pela casa deixando um rastro húmido no processo. O nome de Baek brilha no ecrã e eu atendo sem pensar duas vezes.

    Nos últimos dias ficamos mais próximos e quando o vi ontem, ele parecia melhor.

    — Aconteceu alguma coisa? — Afasto os cabelos que caem em meu rosto.

    — Não, quer dizer sim. — Apausa na voz já me faz, imaginar todo o tipo de tragédia possível. — Eu recebi alta, mais uma semana naquele hospital e eu iria enlouquecer.

     — Que bom, fico feliz que você já está em casa. —  Sorrio mesmo que ele não possa me ver, é bom saber que Baek melhorou.

    — Ainda preciso voltar lá para fazer revisão e algumas sessões de fisioterapia, só pra garantir que está tudo certo.

     Aperto a toalha contra mim, estou ensopando o chão. Sigo para o meu quarto, ponho o celular no auto falante e o deixo sobre a cama.

     — Estou dispensada do meu cargo de acompanhante então. — Comento enquanto termino de me enxugar.

     — Sim, está livre de mim.

       Coloco uma blusa vermelha e pego a calça, o tecido se agarra as minhas pernas devido a humidade deixada pelo banho.

    — Haseul, que barulho é esse?

     — Eu estou trocando de roupa. —  Dou um pulinho para a calça terminar de subir.

    — Muito obrigado por me fazer imaginar você semi nua enquanto conversamos. — Seu tom é algo entre deboche e provocação. — Tem algum plano para hoje a noite?

    —  Não, vai pagar o jantar que me prometeu? — Pego o celular — Pode parar de me imaginar desnuda, já me vesti.

     — Ainda não posso sair, meu sistema imunológico ainda está fraco. —  suspira. — Mas o Chanyeol resolveu comprar pizza em comemoração a minha alta, alguns amigos meus vem, você quer vir?

   — Não acha que vou ficar deslocada? Parece uma coisa íntima. — Encaro a cabeceira da cama, um porta retrato com uma foto minha e de Mark costumava ficar ali.

       — Eles adorariam te conhecer, se quiser vir, é hoje a noite, na minha casa as 8.

     Fico pensativa, o que melhor tenho para fazer? Ficar em casa revivendo meu encontro com Mark, não parece animador.

    — Eu vou, me passa seu endereço de novo, eu não lembro.

     Baek mal sabia mas ele tinha salvado minha noite.

   --------------

     Haseul não superou totalmente.

     

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora