Fui pega de surpresa quando encontrei Mark no shopping, ele estava bonito como sempre, seu sorriso gentil parecia chegar aos olhos e eu tentei agir normalmente.
Fazia mais de um ano que terminamos, mesmo assim toda vez que o via, sentia aquela sensação esquisita, como se não soubesse como agir. Minha mente repetia flashes de nossos momentos juntos, de nossas risadas se misturando e de todas as vezes que suas mãos traçaram os contornos do meu corpo.
— Você ainda gosta desses? — Seus olhos focaram no pacote de cookies que eu tinha em mãos.
— São meus favoritos.
Mark já me comprara inúmeros pacotes daqueles, quando eu estava morrendo de cólica e sair da cama parecia impossível, ele sempre aparecia com cookies e sorvete de flocos.
— Pelo visto você continua a mesma. — Ajeitou a sacola que tinha em mãos, era de uma perfumaria.
Se eu continuo a mesma, então por que você parou de me amar?
Contive a pergunta dentro de mim, não importava mais, tudo o que fomos um dia estava acabado e eu jamais saberia porquê. Jamais saberia o que deu errado, em que momento meu amor parou de ser correspondido.
— Você também não parece muito diferente. — Troquei o peso de uma perna para a outra, me sentia patética. — Foi bom te ver, mas eu preciso ir, tenho um compromisso mais tarde.
Mentira, mentira, mentira. Eu sequer tinha algo para fazer em casa, o jantar já estava congelado na geladeira e meu vaso de plantas foi devidamente regado. Fugir de Mark parecia a melhor opção, olhar para ele era doloroso, era como ter todos os nossos momentos esfregados na minha cara num loop sem fim.
O cheiro de seu perfume me atingiu, engoli em seco com a lembrança daquele mesmo cheiro grudado em meus lençóis.
— Que pena, estava prestes a te chamar para um café. — Sorriu fechado.
— Sua namorada não iria gostar nada disso.
— A Mina sabe tudo, ela não se importa.
Ótimo, então ele deixou claro para ela o quanto eu sou insignificante agora, o quanto não tem a menor chance dele sentir algo por mim de novo. Forço um sorriso apesar do meu orgulho ferido, estou cansada de tudo isso.
— Bom saber que ela é confiante, mas eu preciso mesmo ir, nos vemos por aí.
— Tchau, Haseul, foi bom te ver. — Ele acena.
Saio tentando não parecer apressada, quando finalmente estou longe o suficente para que Mark não veja, paro e me obrigo a respirar fundo. Há alguns dias em que sequer sinto a falta dele, em que lembrar não dói nada, mas têm momentos como o de minutos atrás em que me sinto prestes a chorar ou gritar de raiva.
As vezes odeio Mark por ser tão perfeito, odeio o fato de que foi ele que deixou de me amar. E é ridículo que eu me sinta assim, como se tivesse perdido o cavalo premiado. Ele era o jogador do time do colégio e eu apenas uma garota comum, sem grandes habilidades. Parecia sorte demais ter alguém tão incrível comigo, era quase surreal o modo como nos entendíamos bem.
Então um belo dia, Mark apareceu a porta da minha casa, e após um discurso cheio de lágrimas disse que não podíamos mais ficar juntos. Ele já não se sentia como antes.
Passo a mão pelos cabelos e suspiro, chega de pensar nisso.
***
Estou saindo do banho quando o celular toca, me enrolo na toalha de maneira rápida e corro pela casa deixando um rastro húmido no processo. O nome de Baek brilha no ecrã e eu atendo sem pensar duas vezes.
Nos últimos dias ficamos mais próximos e quando o vi ontem, ele parecia melhor.
— Aconteceu alguma coisa? — Afasto os cabelos que caem em meu rosto.
— Não, quer dizer sim. — Apausa na voz já me faz, imaginar todo o tipo de tragédia possível. — Eu recebi alta, mais uma semana naquele hospital e eu iria enlouquecer.
— Que bom, fico feliz que você já está em casa. — Sorrio mesmo que ele não possa me ver, é bom saber que Baek melhorou.
— Ainda preciso voltar lá para fazer revisão e algumas sessões de fisioterapia, só pra garantir que está tudo certo.
Aperto a toalha contra mim, estou ensopando o chão. Sigo para o meu quarto, ponho o celular no auto falante e o deixo sobre a cama.
— Estou dispensada do meu cargo de acompanhante então. — Comento enquanto termino de me enxugar.
— Sim, está livre de mim.
Coloco uma blusa vermelha e pego a calça, o tecido se agarra as minhas pernas devido a humidade deixada pelo banho.
— Haseul, que barulho é esse?
— Eu estou trocando de roupa. — Dou um pulinho para a calça terminar de subir.
— Muito obrigado por me fazer imaginar você semi nua enquanto conversamos. — Seu tom é algo entre deboche e provocação. — Tem algum plano para hoje a noite?
— Não, vai pagar o jantar que me prometeu? — Pego o celular — Pode parar de me imaginar desnuda, já me vesti.
— Ainda não posso sair, meu sistema imunológico ainda está fraco. — suspira. — Mas o Chanyeol resolveu comprar pizza em comemoração a minha alta, alguns amigos meus vem, você quer vir?
— Não acha que vou ficar deslocada? Parece uma coisa íntima. — Encaro a cabeceira da cama, um porta retrato com uma foto minha e de Mark costumava ficar ali.
— Eles adorariam te conhecer, se quiser vir, é hoje a noite, na minha casa as 8.
Fico pensativa, o que melhor tenho para fazer? Ficar em casa revivendo meu encontro com Mark, não parece animador.
— Eu vou, me passa seu endereço de novo, eu não lembro.
Baek mal sabia mas ele tinha salvado minha noite.
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Haseul não superou totalmente.
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𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏
FanfictionOnde Haseul apenas queria trocar a estação de rádio, mas acaba atropelando Baekhyun e lhe devendo um violão. Capa feita pela @aestuantic