Acordei com um grito, me sentei assustada tentando identificar de onde vinha o som. Estava no sofá cama do apartamento de Baek, ele até me emprestou um moletom pra dormir.
Reconheci sua voz mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Segui até seu quarto tentando não me bater nas paredes, meus olhos aos poucos iam se acostumando com o escuro.
Baek se mexia de forma inquieta e parecia ofegante, corri até ele deixando meu corpo inclinado na cama e lhe sacudindo sem muita força.
— Isso é só um pesadelo. — Tentei acordá-lo. — Baek!
Me afastei assim que ele abriu os olhos, observei o modo como Baek se sentou de forma abrupta, levando a mão ao peito e respirando de modo desesperado. Daquele jeito ele ia acabar hiperventilando.
— Precisa de alguma coisa? — Questionei hesitante.
Só ai ele pareceu notar minha presença, seus olhos se suavizaram e sua respiração diminuiu o ritmo. Seu corpo trêmulo virou-se na minha direção, gostaria de poder ajudá-lo.
— Me desculpa por te acordar, as vezes eu sonho com o acidente. — Sua mão ainda estava sobre a região das costelas.— Me vejo preso no carro, sinto o metal da lataria me perfurando.
— Não tem problema, você está melhor agora? Posso pegar uma água.
— Obrigado. Pega meu remédio por favor? É a caixinha com letra azul, no armário do banheiro.
Assenti, achar o remédio não foi difícil, lhe entreguei junto a um copo d'água. Baek tomou e apesar de parecer respirar melhor, ele ainda não parecia bem.
O relógio ao lado da cama marcava 2:30 da manhã, todo o susto tinha espantado meu sono, embora ainda houvesse um cansaço presente.
— Acho que não vou conseguir voltar a dormir agora. — Passou a mão pelos cabelos. — Você pode ficar com a cama, vou assistir alguma coisa na TV.— Vai ficar muito cansado se não dormir. Não tem nada que faça seu sono voltar?
Virar a noite vendo TV, não me parecia uma boa ideia, ele ficaria exausto no outro dia.
— Primeiro, senta aqui . — Apontou para um lugar na cama. — Te ver parada aí está me dando aflição. Tenho medo de dormir e ter pesadelos de novo.
— Talvez falar sobre ajude. — Me sentei de frente para ele.
Estava escuro, a única iluminação vinha da janela, estranhamente era confortável estar assim. Baek puxou as pernas para perto, numa posição meio defensiva.
— O que mais me assusta nesses pesadelos é não saber quando a ajuda vai chegar. É a sensação de que vou morrer sozinho junto com todos os meus sonhos.
— Não imagino quão horrível deve ser. — Deixei minhas mãos sobre o colo.
— Eu não costumo falar sobre isso. — Sua respiração ainda estava um pouco irregular.—Por algum motivo você me faz querer falar, mesmo sendo tão difícil lembrar de tudo.
—Acho que apenas fingir que não aconteceu é pior.
Negar o problema só funciona até certo ponto, Baek podia não falar sobre o acidente mas ainda seria aterrorizado por ele em seus sonhos. Talvez, se ele falasse, os pesadelos fossem parar de se repetir.
— Eu passei um mês inteiro no hospital.— Mordeu o lábio. — Depois semanas sendo tratado igual um bebê, mesmo agora, a ideia de ficar doente ainda me aterroriza. Odeio hospitais, odeio pensar que a qualquer hora posso perder tudo.
— Sinto muito, gostaria de poder fazer algo para ajudar.
Viver carregando tanto medo devia ser horrível, uma simples gripe podia colocá-lo de volta ao hospital. Baek agora não parecia nem um pouco com o cara ranzinza que atropelei ou com o cantor charmoso do bar. Sua expressão agora era frágil, como se pudesse quebrar com um toque.
Seu olhar estava cheio de medo, sua respiração apesar de estar mais calma ainda era um pouco incerta. Mesmo no escuro, eu era capaz de ver como Baekhyun parecia temeroso.
— Você já fez até demais.— Sorriu fraco. — Eu te devo desculpas, Haseul. Estava errado sobre tudo, você não da azar.
— Está tudo bem, nós já superamos isso. Se sente melhor agora?
— Sim, o remédio vai me ajudar a respirar melhor, não se preocupe.
— Acho que já posso te deixar dormir então.— Fiz menção de me levantar mas Baek segurou minha mão.
— Obrigado pela ajuda. Se não se importar, pode dormir aqui.
Agradeci por estar escuro, porque com certeza minhas bochechas estavam esquentando. Dividir a cama com ele parecia íntimo demais, eu provavelmente não seria capaz de pregar o olho.
— É melhor não, vou ficar bem no sofá.
— Ok, se você prefere.— Deu de ombros. — Terei que ficar com toda essa cama macia para mim.
— Aish, Baek!— Rolei os olhos. — Se está tão desesperado para dividir a cama comigo, diga.
— Eu?— Ele riu me soltando. — Apenas quis ser gentil.
— Repete isso, talvez uma hora você acredite.— Provoquei.
— Boa noite, Haseul. Tente não sonhar comigo.
— Boa noite, Baek— Parei a meio caminho da porta. — Fique fora dos meus sonhos.
Voltei para o sofá e deitei me cobrindo, torci para que Baek conseguisse dormir bem.
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Baek tá se abrindo.
Um conselho de quem faz psicologia, tentem não reprimir os sentimentos, faz mal pro corpo e pra cabeça.
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𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏
FanfictionOnde Haseul apenas queria trocar a estação de rádio, mas acaba atropelando Baekhyun e lhe devendo um violão. Capa feita pela @aestuantic