Ten

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   Depois de dois dias e meio fazendo companhia a Baekyun, nós estávamos nos dando melhor. Descobri algumas coisas sobre ele, sua cor favorita era vermelho e ele gostava de carros antigos.

     — Eu vou morrer de tédio. —  Resmungou.

    — Pensei que o violão ia lhe distrair.

  Chanyeol tinha trazido o violão para Baekhyun, já que ele não podia sair do quarto, pelo menos ia se entreter com algo.

   — Consigo tocar mas não tenho fôlego para cantar. — Suspirou me encarando.

    — Posso cantar. —  Ofereci. — Minha voz não é lá essas coisas, mas acho que dá pra ouvir sem chorar de desgosto.

    Baek me encarou por alguns segundos e então se esticou pegando o violão que estava ao lado da cama. Eu ajeitei minha postura e tomei fôlego.
 
    Sou capaz de manter uma certa afinação, apesar de não ser nada digno de palcos.

   — Diz uma música. — Dedilhou as cordas.

    —  Sabe tocar sweater weather? — Baek assentiu. — Então pode ser essa.

     Assim que ele começou a tocar, consegui acompanhar. Eu evitei encará-lo porque provavelmente ficaria com vergonha. Seus dedos não erraram uma única nota, ele tocava com a habilidade de anos de prática.

    Os cabelos tingidos de vernelho caíam sobre a testa, no entanto Baek parecia concentrado demais para se importar.

   — Até que você não é ruim. — Comentou quando acabei.

    — Seu mal é me subestimar. — Ajeitei meu cabelo.

     Passei a tarde cantando, de algumas músicas eu lembrava apenas um pedaço, então Baek acabava completando. Seu fôlego era curto e ele parecia chateado por não conseguir sustentar as notas.

   O tempo ao lado do ruivo passava rápido, as músicas fluíam cada vez com mais facilidade entre nós.

   Encarei o relógio, já estava na hora de ir embora. Prometi a minha mãe que não me atrasaria para o jantar em família.

   — Eu preciso ir. — Avisei pegando minha bolsa. — O Chanyeol não deve demorar, você vai ficar bem?

   — Vou, não se preocupe. — Sorriu fraco. — Obrigado por me fazer companhia.

   Uau, alguém aqui sabe ser educado.

   — Não foi nada.

    ***

    Eu estava usando uma calça de linho preta, uma blusa branca de mangas compridas que possuía um decote reto e meus saltos nude. Cheguei no horário marcado e fui recebida pela versão anfitriã sorridente da minha mãe. Ela parecia muito satisfeita, afinal dessa vez eu estava cumprindo minha promessa.

    — Você está linda. —  Ajeitou meu cabelo. — Seus tios já chegaram.

  Minha mãe era alguns centímetros mais baixa que eu, apesar de sua idade já começar a dar sinais, ela continuava esguia e elegante. O vestido bege parecia ajustado perfeitamente ao corpo, seu cabelo milimetricamente penteado e o perfume sempre se fazia presente na dose certa.

   — Obrigada, a tia Sun está longe do vinho, não é? Eu não vou aguentar 3 horas dela bêbada.

   — Não se preocupe, ela não irá beber hoje.

   Tia Sun era a irmã mais velha da minha mãe, ela costumava perder a compostura quando bebia e eu não estava com paciência para suas piadinhas. Por um tempo, todos na família pensaram que eu me casaria com Mark, quando terminamos todos ficaram muito surpresos e Tia Sun concluiu que eu não era boa em segurar homens.

   — Eu espero. — Engoli em seco.

   Acompanhei minha mãe até a sala de estar, a decoração continuava a mesma, simples e em tons sóbrios. Meus tios já estavam acomodados e meus primos espalhados pela casa. Wonsun, o mais novo, parecia distraído com seus carrinhos.

    — Você veio dessa vez. — Tia Sun sorriu para mim.

   Seus lábios tingios de vermelho contrastavam com o vestido preto. Eu me aproximei lhe cumprimentando e torcendo para que minha vida amorosa não fosse mencionada.

    — Fiz questão de não perder a hora.

    Falei com todo mundo, nossa família era grande e minha mãe adorava reunir o clã. Qualquer coisa se tornava pretexto para um jantar, nunca ficávamos muito tempo sem nos ver. Achei meu pai escondido no escritório, ele nunca gostou muito de aglomeração.

    — Como vai a minha garota? — Ele sorriu após me abraçar.

   — Bem, o trabalho é meio puxado e eu ando sem tempo, mas está tudo se ajeitando.

   Meu pai era alto, forte e possuía algumas mechas grisalhas. Ele sempre parecia interessado no que eu tinha a dizer.

    — Posso te por no escritório de um amigo meu...

    — Não, appa. — Engoli em seco. — Quero conseguir minhas coisas sozinha.

   — Você tem o gênio da sua mãe —  Suspirou afagando meus cabelos. —  Sempre fazendo as coisas do seu jeito.

   — Quero sentir que conquistei algo porque mereci, não porque o senhor tem contatos.

  Nós não éramos ricos, mas vivíamos muito bem. Meu pai poderia me conseguir um emprego melhor, no entanto, eu queria o gostinho de ter algo vindo do meu próprio esforço.

    — Tudo bem. —  Pegou minha mão. — Mas se precisar de qualquer coisa, é só me falar.
  
    —  Achei vocês. — Minha mãe soou antes que eu respondesse. — O jantar será servido.

   — Estamos indo, querida. — Meu pai foi até ela.

   Quando me sentei a mesa de jantar, senti o celular vibrando na bolsa, mas decidi ignorar, não devia ser nada importante. A comida estava deliciosa e eu me lembrei de como minha mãe cozinhava bem.

    — Haseul, querida. Faz tanto tempo que não nos apresenta um namorado. —  Tia sun deu um gole em seu suco. — Você já está ficando velha.

   —  Eu tenho 22 anos. — Sorri cínica. —  Deveria estar mais preocupada com seu filho, que já tem 27 e nem saiu de casa.

    Todos me encararam surpresos, felizmente Minsik não estava lá para ouvir, eu gostava dele, uma pena que a mãe não sabia a hora de parar.

   — Meu Minsik está noivo. —  Seus olhos focaram em mim. — Vai se casar em breve.

   — Que bom para ele. — Forcei um sorriso.

   Minsik era ótimo, com certeza seria um bom marido. Eu tinha pena era da garota, que teria a tia Sun como sogra.

    — A Haseul está muito dedicada ao trabalho, não é? —  Meu pai interveio me salvando. —  Minha garota é esperta demais para perder tempo com moleques.
  
     Sorri agradecida, eu amava meu pai. Apesar de apoiar meu namoro com Mark, ele sempre me incentivou a estudar e correr atrás do que queria.
 
   Meu celular voltou a vibrar e após acabar minha refeição, pedi licença para ir ao banheiro. Assim que tirei o telefone da bolsa, vi várias mensagens de Chanyeol.

   Chanyeol: Ei

   Chanyeol: Haseul?

   Chanyeol: é urgente

   Chanyeol: O Baek sumiu.
 

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  Todo mundo tem um parente inconveniente.

   O que deu no Baek?

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora