Nineteen

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  Passado o choque volto a focar na conversa, algunas doses de soju depois eu esqueço que Baek está lá.  Joy e eu engatamos numa conversa sobre séries e me surpreendo quando ela conta que já pensou em ser atriz.

   Minho está perigosamente perto e eu me pergunto se é a bebida que me faz gostar disso. Sua risada enche meus ouvidos e eu me encosto nele, enquanto tento parar meu próprio riso.

    — Nunca tinha visto você assim. — Uma covinha fica amostra em sua bochecha. — Você sempre parece tão séria.

   — Eu sei, mas não quero mais que me vejam assim.

     Essa noite me mostrou o quanto estava perdendo, ficar amargurada pelos cantos me impediu de viver momentos como esse. Nunca me permiti vê-los como nada além de colegas de trabalho, mesmo quando todos pareciam dispostos a serem meus amigos.

     — Vou gostar muito de conhecer esse seu lado. — Minho me encara e seus olhos parecem brilhar.

     Fico nervosa de repente, o jeito com que ele está me encarando cria um clima esquisito. Engulo em seco, pareço uma adolescente boba.

    — Com licença. —  Me afasto dele. — Preciso ir ao banheiro, bebi demais.

   Não é completamente mentira, tomei boas doses de soju, mas poderia me segurar por mais tempo, se quisesse. Saio da mesa e com uma olhada rápida encontro o caminho para o banheiro. Fica num corredor, ao fundo há um grande espelho, na parede direta a porta para o banheiro feminino e a esquerda a para o banheiro masculino.

     Me encaro no espelho, minhas bochechas estão quentes e rosadas devido ao álcool. Me inclino para retocar o batom, antes que eu abra a bolsa me afasto assustada. O reflexo de Baek sorri para mim.

    — Você não deveria estar cantando lá em cima? — Eu me viro, ele está parado no meio do corredor.

    — Eu saí do palco a uns quinze minutos. —  Baek passa a mão pelos cabelos, penteando-os para trás. — Você estava focada demais no seu amigo para perceber.

    Um sorriso cínico toma seu rosto, não entendo aonde ele quer chegar.

    "— O Minho é uma ótima companhia, todos eles são. — De repente o lugar parece pequeno demais. — O que está fazendo aqui? Seu trabalho é em outro bar.

     — Tinha a noite livre, me convidaram, o dinheiro era bom demais para recusar.—Deu de ombros. — A última pessoa que eu esperava ver aqui, era você.

    — Parece tão improvável assim, que eu saia para me divertir? —Ele não fala, mas posso ler a resposta em seus olhos: sim. — Pois saiba, que a partir de agora, eu pretendo aproveitar muito bem minhas noites.

    — Imagino que seu amigo vai adorar saber disso. — Seu sorriso é cheio de deboche.

    O que está acontecendo?

    — Estou sem tempo para as sua gracinhas. — Rolo os olhos. — O que deu em você?

    — Nada, Haseul. Eu acho que vou me oferecer para cantar mais. — Umedece os lábios. —  Aproveite a sua noite.

   Encaro confusa enquanto ele dá meia volta e sai. Baek está se comportando de forma esquisita e eu não faço a mínima ideia do motivo.

     Uso o banheiro de maneira rápida, lavo minhas mãos e saio. Quando volto Baek já está no palco e agora, eu reparo em cada movimento que ele faz.

      — Está tudo bem? Você demorou. — Seulgi me encara.

    — Sim, encontrei um conhecido no caminho. — Encho meu copo com mais bebida.

    — Todo mundo bebeu um pouco, como vamos voltar?

    — Eu bebi pouco. — Minho cruza os braços. — Já faz tempo suficiente para ser seguro dirigir.

    — Somos seis, seu carro é para cinco. — Sungjae intervém.

    — Eu posso pegar um táxi, não se preocupem. Pelo que percebi minha casa é a mais distante entre a de vocês.

    O meu prédio é afastado da empresa e de toda a confusão dos centros comerciais. Meu bairro tem um aspecto mais familiar, o que acho ótimo.

    — O Taemin mora no meu prédio. Acho que ele tem uma obsessão secreta por mim. —  Seulgi sorri apoiando o rosto na mão.

    —  Ou talvez, eu não tenha dinheiro para um lugar melhor. — Taemin sustenta seu olhar. — Admita, você ama acordar comigo batendo na sua porta.

   — Não tem nada melhor. — Ela rola os olhos. — Conseguem imaginar, algo melhor do que essa criatura, batendo na minha porta as seis da manhã? Com certeza, é o que eu sempre quis.

  — Se não fosse por mim, você já teria sido demitida por se atrasar demais!

   — Vocês dois ainda vão acabar juntos. —  Joy ri.

  De fato, toda a implicância entre os dois, exalava certa tensão sexual.

     — Todos comigo então? — Minho questiona e todos assentem.

     — Já que é você que vai dirigir, então posso beber mais. — Sungjae faz sinal para chamar o garçom.

    Volto minha atenção para o palco, Baek começou a cantar uma música que não conheço, mas presto atenção a letra. Ele parece estar dando tudo  de si e quando seu olhar cruza com o meu, a voz se torna ainda mais cheia de emoção.

   " Eu sei que vou me apaixonar por você, amor.

    E não é isso que eu quero fazer.

   Eu espero que você nunca minta para mim."

     Estremeço, ter ele cantando isso enquanto me olha, parece íntimo demais. Mesmo com tantas pessoas ao meu redor, sigo com a sensação de que é como se ele estivesse se apresentando apenas para mim.

    — Haseul, nós já vamos. — Joy me tira do transe.

    — Ok. — Me levanto.

     Me pego olhando demais para o palco enquanto me afasto, e o pior, Baek está olhando de volta.

    Paro na calçada, me despeço de todos e garanto que vou chamar um táxi logo. Ainda consigo ouvir a melodia da música em minha cabeça, eu não deveria estar pensando nisso.

      — Precisa de uma carona? — Baek para ao meu lado e eu sorrio.

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    A música que o Baek tava cantando é Cry baby do The neighbourhood.

    O próximo capítulo promete...

   

    

𝐅𝐎𝐑 𝐋𝐈𝐅𝐄 ➵ 𝑩𝒂𝒆𝒌𝒉𝒚𝒖𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora