11 - Sensações extraordinárias

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  OS RAIOS DE SOL atravessaram as frestas da cortina, deixando o quarto completamente iluminado. No momento em que eu abri os olhos, tive a conclusão de que o tempo era um teimoso bipolar. Apesar de ser Primavera e estar em uma das épocas do ano mais quentes, o tempo lá fora mostrava outra coisa completamente diferente. Por mais que já estivesse acostumada com isso — a mudança de tempo repentina e seus altos e baixos —, me assustava o fato de que nada podia ser controlado. Era perfeitamente fora de ordem, e isso me irritava.

  Sem aguentar por muito tempo, fechei os olhos novamente, me permitindo ser levada pelo cansaço da manhã.

— Oi, Snow... — Acariciei ela — Você está uma mudou de pelo de novo... Você está mas... — Eu abri os olhos, assustada.

  Ah, não! Não, não, não!

— Como eu vim parar aqui? — Eu não tive nem tempo de me preparar para isso.

  Meu sub consciente estava gritando! Como?

  Analisei o quarto com atenção. Não era o meu quarto. Eu não estava em casa.

  Como se soubesse que não estava sozinha e que havia alguém ao meu lado, me virei rapidamente na direção contrária, me desesperando ao reparar em Tyler dormindo de bruços, apenas com um short e as costas completamente descoberta.

  Eu não transei com ele, pelo menos isso.

  Mas como eu vim parar aqui?

  Não foi a minha intenção, mas um grito passou pela minha garganta, assustando o garoto de pele clara e olhos hipnotizantes. Tyler levantou-se rapidamente — tropeçando na coberta, quase caindo da cama — e com a expressão sonolenta, dirigiu o olhar para mim.

— O que foi? — Perguntou assustado e com a voz deliciosamente rouca, procurando o problema pelo quarto.

— Desculpe — Pedi num murmúrio.

  Tentei buscar em minhas memórias, alguma razão lógica para que eu viesse parar aqui, mas nada. Apenas a noite na lanchonete, após a festa.

— Como eu vim parar aqui? — Perguntei confusa.

  Tyler fez uma careta, pensando por um segundo.

— Você estava bêbada e não tinha como voltar para casa, então a única solução foi te trazer para cá — Ele se ajeita no chão, como se fosse querer desistir da vida.

  Eu dei um susto nele...

— Por que eu não tinha como voltar para casa? — Questionei, com preguiça de encontrar uma explicação lógica sozinha.

— Você disse para os seus pais que iria dormir na minha casa — Sua voz estava baixa, mas não impossível de escutar.

Exato. Na sua casa e não na sua cama — Retruquei.

— Não foi o que você me disse ontem a noite — Devolveu, fazendo-me corar e desviar o olhar.

— E eu disse que iria dormir aqui, por causa da Louise — Retruquei novamente, ignorando seu comentário.

Exato, mas a Louise não voltou para casa e esqueceu de você — Contou sem se importar.

  Amizades. Como a Louise se esqueceu de mim?

— E por que você não me deixou dormir no quarto dela? — Questionei.

— Você me falou que não queria dormir sozinha, porque estava com medo do escuro — Senti meu rosto esquentar novamente.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora