17 - Afogando

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  ME ENFIEI DEBAIXO do chuveiro, apreciando a massagem que a água gelada fazia em meus músculos doloridos. Afinal, depois de mais um dia cansativo na escola, eu merecia aquilo, e ainda mais uma noite relaxante ao lado da minha melhor amiga — com direito a penas de travesseiros voando pelo quarto, penteados de cabelos e muitas risadas. Eu não via nenhum contra naquilo — pelo menos não quando não estava diante daquele imbecil do Tyler, quando toquei a campainha e surpreendentemente fui recebida apenas com um olhar divertido sobre mim.

  O Universo não poderia ser mais cruel, quando decidiu permitir que aquele babaca do Tyler pudesse abrir a porta.

— Oi — Se eu não tivesse recebido educação dos meus pais, ele não receberia nem um único olhar meu.

  Eu queria dar um soco nele.

  E eu estava prestes a fazer isso.

  Que de dane a educação que meus pais me deram.

  Observei o maldito sorriso curvar o canto de seus lábios. Eu sabia que ele estava se divertindo as minhas custas, pelo simples fato de estar o olhando com tédio.

— Eu também senti saudades, sunshine. — Cruzei os braços impaciente. Era sempre muito irritante ser um motivo de piada para o babaca do Tyler.

— Vai me deixar entrar ou vai ficar me olhando como o Joe olharia para a Beck? — Perguntei calmamente, mas a minha vontade era de esmurrá-lo até não aguentar mais.

— Se dependesse de mim...

— Falou certo — Estalei a língua no céu da boca —, se dependesse de você, então me dê licença. — Empurrei ele para o lado e entrei sem mais nem menos.

  Idiota.

Esqueceu os modos em casa, sunshine?

  Lhe enviei um gesto vulgar e subi as escadas batendo os pés.

  Ele deu risada de mim.

  Não comigo. De mim.

  Eu havia perdido as estribeiras e sabia que se não saísse daquele mesmo cômodo que ele estava, a qualquer momento explodiria de raiva. Por isso, dei as costas e subi as escadas, com a noção de que ele estava com um sorriso convencido no rosto.

  Ele havia conseguido me tirar a paciência mais uma vez.                    

Finalmente! — Louise exclamou assim que eu abri a porta de seu quarto e me deparei uma montanha de ursos espalhados pelo chão.

— Algum furacão passou por aqui? — Questionei assustada, mas com o tom de voz divertido.

— Esse furacão se chama Katie... — Ela parou por um tempo, correndo os olhos pelo quarto — Aliás, onde essa garotinha se meteu? — Perguntou mais para si mesma.

  Louise levantou da cama apressada e saiu do quarto, chamando pelo nome da mais nova. Não demorou muito para que eu ouvisse uma risadinha entre os ursos que estavam jogadas no chão, sabendo exatamente quem estava se escondendo ali.

  Me aproximei vagarosamente do monte de lençóis e os levantei devagar, revelando um emaranhado de cachinhos dourados sob presilhas coloridas. As mãos pequenas e delicadas cobriam o rosto — igualmente delicado —, enquanto ria sem parar. Quando enfim conseguiu parar de rir, levantou a cabeça e focou os olhos incrivelmente azuis em mim. Aqueles olhos possuíam a cor do azul mais forte que eu já havia visto na vida. Pareciam carregar o Universo inteiro ali dentro. Nem as manchas azuladas nos olhos do Tyler eram tão intensas.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora