No Caos do Universo (Nova Versão)

18 - Olhares disfarçados e panquecas deliciosas

Tyler Beaufort

  NÃO ERA NEM DEZ HORAS da manhã e os raios de sol quentes do outono, se espalhava pelos lençóis — queimando como o inferno. Mas apesar de saber que estava fazendo um dia lindo do lado de fora, eu me recusei a levantar da cama. Sabia que não era sono — não, eu nem mesmo conseguiria dormir de novo — era apenas preguiça de começar mais um dia — ou a falta de coragem para levantar da cama, mas... Eu teria que levantar de qualquer maneira. Prometi a Louise que cuidaria da Katie, enquanto ela se divertia com a Chloe na sua “Noite do Pijama”.

  O sol ainda queimava e não era preciso ligar a luz do quarto — os raios solares haviam iluminado todo o ambiente. Levantei o olhar para as janelas, que surpreendentemente estavam abertas — provavelmente resultado do cansaço e o sono da noite passada.

  Fiz uma nota mental de não deixar de fechar as janelas, não importava o quão cansado eu estivesse.

  Com esse pensamento, puxei os lençóis para o lado e busquei um pouco de consciência que ainda me restava.

  Chloe ainda estava aqui. Pude perceber ao levantar da cama — depois de ter escovado os dentes e lavado o rosto, deixando os cabelos bagunçados — e descer as escadas preguiçosamente em direção a cozinha — onde se encontrava a garota dos olhos castanhos mais incríveis do Universo. Com um vinco na testa entre as sombrancelhas franzidas, Chloe se concentrava em fazer panquecas.

  Mordi os lábios fortemente, para não rir do quanto sua expressão estava engraçada e me recostei no vão da porta da cozinha, sem conseguir conter a vontade de observá-la.

  E não perdi nenhum movimento.

  Ela era linda quando estava tão concentrada em fazer alguma coisa.

  Não desviei a atenção, nem mesmo quando ela tentou virar a panqueca no ar, acabou errando e se queimou.

— Merda! — Resmungou baixinho.

  E eu corri para ajudá-la.

— Deixe eu ver — Examinei as mãos dela com curiosidade e fiz uma careta ao reparar na queimadura — Deixe os dedos debaixo dessa água gelada por um tempo — Abri a geladeira, lhe entregando uma garrafa d'água para lavar os dedos queimados — Isso vai ajudar.

  Me afastei, e segui para os armários, sabendo que em algum lugar de cima, eu encontraria um band-aid ou qualquer coisa do kit de primeiro socorros.

  Encontrei uma bandagem. E mais algumas coisas, que eu com toda certeza precisaria para cuidar daquele ferimento horrível.

— Vem — Peguei um pano limpo, para secar os dedos feridos e cobri as feridas com gazes secas. Depois, prendi a ferida com a bandagem que encontrei no kit.

  Chloe não parou de reclamar de dor, enquanto eu tentava enfaixar seus dedos com o maior cuidado possível.

— Eu sou um desastre — Começou a resmungar, sozinha — Um perigo para a humanidade. Deveria existir um lugar que mantém pessoas como eu afastadas de...

  Ela reclamava de tudo.

  Será que eu dou um beijo nela...

— Hospício! Eu vou pro Hospício...

— Não. Não, você não é um perigo — Comecei a enfaixar o último dedo — Muito menos um desastre. Este é só... — Pensei, enquanto terminava o trabalho — o seu jeitinho. — Sussurrei a última parte, acariciando a mão dela.

  Chloe me analisou de volta, sem desviar o olhar e não recolheu as mãos, como achei que faria. Apenas...

  Analisei suas bochechas coradas naturalmente. Seus olhos... Os olhos mais incríveis do Universo.