22 - Descobertas

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  DEPOIS DE LER O QUE estava escrito naquele papel, eu corri atrás da Lia, porque sabia que ela estaria precisando de apoio naquele momento. Lia precisava de mim. Precisava de alguém que a compreendesse e que pudesse fazê-la se sentir bem. O problema era que mamãe tentou esconder isso por anos, mesmo sabendo que Lia tinha o direito de saber. E minha irmã definitivamente não precisava de alguém que dissesse que iria ficar tudo bem e tentasse mudar o que estava feito.

  Lia Lewis Bennett, não tinha o sangue de Joseph Lewis Bennett correndo nas veias.

  Procurei ela pela casa primeiro, imaginando que talvez não precisasse sair igual uma louca na rua a sua procura, se Lia estivesse dentro de casa o tempo inteiro. Assim que passei pelas portas da cozinha, escutei seus soluços baixos do lado de fora, no jardim. A encontrei sentada debaixo de uma árvore, na qual ela estava encostada. Seus ombros balançavam conforme ela chorava e soluçava de cabeça baixa.

  Era delicado até mesmo para mim.

  Me aproximei cautelosamente e toquei seu ombro, fazendo com que ela analisasse meu rosto em confusão.

— Por que eles mentiram para mim? — Questionou em um sussurro, fungando.

  Seu rosto estava vermelho e inchado, e aquilo foi doloroso para mim. Meu coração se apertou e se encolheu dentro do peito, me causando uma dor insuportável pela segunda vez no dia.

  A verdade é que naquela semana, foi tudo muito dolorido para mim.

  Sem esperar muito, envolvi seu corpo frágil em um abraço carinhoso, na esperança de reconfortá-la. Deixei que ela chorasse mais um pouco, até que não restasse mais uma lágrima sequer.

— Não está com raiva de mim? — Perguntou com desespero nos olhos.

  Franzi a testa, confusa com aquela pergunta.

— E por que eu deveria estar com raiva de você?

— Porque eu não sou sua irmã e... — Lia murmurou, desviando o olhar e fazendo uma careta —, ele não é meu pai biológico.

— Ei, nada disso! — A repreendi — Não fique se martirizando por causa de uma coisa boba. Aquele papel ridículo não muda nada entre nós duas, muito menos entre você e o papai — Busquei seus olhos — Somos uma família independentemente de tudo, e não vai ser um papel a mudar isso.

— Mas aquele papel...

— Eu sou sua irmã. Elizabeth é sua mãe. E Joseph é seu pai — Continuei — Apesar de não ser biológico, ele te acolheu com o coração enorme que ele tem, quando outra pessoa se recusou a isso ou foi covarde demais para encarar a garota incrível que você é.

  Suspirei, esperando que ela entendesse que apesar de não sermos do mesmo sangue, tínhamos o mesmo coração, os mesmos pais e a mesma quantidade de amor recebida pelo casal.

— E como eu vou encará-lo depois de tudo isso? — Perguntou desesperada.

— Como você sempre o encarou — Acariciei suas costas — Com orgulho de ser filha de um homem tão determinado, com carinho, com amor. — Lhe enviei um sorriso reconfortante.

  Lia sorriu, suspirou aliviada e me abraçou forte.

— Obrigada por estar aqui, por nunca me abandonar e por simplesmente existir — Murmurou em meu ouvido e se afastou.

— Obrigada você, por sempre me manter nos trilhos quando estou perto de perder o controle das coisas— Me coloquei de pé, esticando as mãos para ajudá-la a levantar também — ...ou até mesmo a cabeça — Brinquei, ouvindo sua risada logo em seguida. — Só não perco a cabeça, por que está grudada no corpo.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora