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  QUINTA-FEIRA

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  QUINTA-FEIRA.

  Eu sempre tive fetiche em quintas.

  Não importava o que acontecia nas quintas-feiras.

  As quintas eram os meus dias favoritos, pelo simples fato de saber que no dia seguinte seria sexta-feira.

  Era assim que eu aproveitava os dias, as tardes e as noites de quinta — comendo e dormindo, enquanto assistia mais um episódio de Stranger Things. Principalmente a noite — que era quando eu podia sair pelas ruas da cidade, sem hora para voltar.

  Inacreditavelmente, eu não estava sentindo a mesma felicidade em saber que a quinta-feira chegou — ainda mais depois que eu soube sobre a existência da minha irmã mais nova.

  O problema não era aquele cotoco de quatro anos, era aquela mulher que não merecia ser chamada de mãe. Ela nos escondeu uma irmã, por quatro anos! Aquilo não tinha perdão.

  Apesar de estar decepcionado com a minha mãe, a Katie — ou Kiki, como Louise gostava de apelidar — me arrancava risadas inesperadas, até quando apenas suportar um dia dentro daquela casa parecia ser impossível. Ela era um cotoco de quatro anos, mas parecia carregar o amor do mundo todo dentro dela.
Era impossível não lembrar de Louise quando ela era pequena. Exatamente como a Katie, tanto a teimosia quanto a persistência e personalidade — a única diferença, era a aparência. Nisso as duas eram completamente diferentes.

  Enquanto Louise possuía os cabelos negros e os olhos castanhos, assim como os meus, Katie tinha os cabelos castanhos e olhos claros, como o azul de um céu em um dia ensolarado.

  Pensar nisso quebrava o meu coração. Na noite anterior, eu e Louise tivemos uma discussão. Eu não era de discutir com a minha irmã, sempre evitamos isso e não conseguíamos, pelo simples fato de sermos muito unidos — e protetores — um com o outro. Sabia o quanto ela havia ficado magoada e chateada comigo, mas estava sendo difícil lidar com as novidades. Estava sendo difícil para ela, assim como estava sendo para mim. Mesmo ouvindo suas negações na noite anterior, eu sabia o quanto ela não estava se sentindo bem com o que havia acontecido.

  Eu não estava mais aguentando ficar sem falar com a minha irmã, então estava disposto a implorar perdão para ela — não sem antes conversar com a Stacy.

  Eram nove horas da noite. Katie estava dormindo e Stacy estava sentada em um dos bancos de frente para a bancada da cozinha, com seu notebook aberto na sua frente e uma taça de vinho ao lado. Acho que ela não me ouviu chegar — ela nunca me via chegar —, pois continuou com a atenção na tela do notebook.

— Precisamos conversar — Falei firmemente.

  Irônico, não é?

  Conversar.

  Aquela simples palavra não existia para a mulher que me trouxe ao mundo.

— Estou trabalhando, não está vendo? — Respondeu seca.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora