No Caos do Universo (Nova Versão)

20 - Corações no mesmo ritmo

  QUANDO EU ABRACEI O TYLER, era para deixar claro que não havia nada que me afastasse dele, não importava o quão babaca ele fosse. Eu disse à ele, que não estava pedindo para mudar nada — afinal, quem sou eu para exigir uma coisa dessas? —, apenas que tomasse cuidado com as palavras, porque se aquele episódio se repetisse, era certo de que, a minha amizade ele não teria mais. E que ele parasse de se preocupar e se desculpar tanto por algo que não fosse sua culpa.

  Agora estávamos os dois embaixo das arquibancadas, cabulando a última aula e rindo de coisas antigas.

— Lembra de quando nos conhecemos? — Perguntei nostálgica.

  Tyler engasgou com o suco em uma risada.

— Se você está falando do dia em que pisou no meu pé, porque eu sem querer derrubei a casinha de bonecas... Então sim, eu lembro — Respondeu com uma carranca, mas desatou a rir no minuto seguinte.

[ALGUNS ANOS ATRÁS...]

  Aquela era a primeira vez que eu entrava na casa de Louise, depois de ter feito amizade com ela em um parquinho. Lembro que na época, eu pensava que estava entrando em um castelo, de tão enorme que a casa deles é.

  Nos tempos recentes, eu já até me acostumei com isso.

— Mamãe, a minha amiga chegou! — Louise exclamou animada.

— Eu venho buscá-la ás três, tudo bem? — Mamãe perguntou.

  Eu balancei a cabeça, concordando e depositei um beijo em sua bochecha.

— Tchau, princesinha — Ela beijou a minha testa e conversou algumas palavras com a mãe da minha amiga.

  Enquanto isso, eu e Louise brincávamos com seus ursinhos de pelúcia e sua casinha de bonecas.

  Um garoto um pouco maior que nós duas, passou correndo — como se fosse o próprio flash — e esbarrou na casinha de bonecas, fazendo com que a decoração fosse “massacrada” por completo.

  Suspirei triste, porque a decoração tinha acabado de ser arruinada. Tínhamos feito um parquinho improvisado e uma pequena fonte de água.

— TYLER, OLHA O QUE VOCÊ FEZ! — Louise gritou, assustando o garoto, que estava com os olhos castanhos arregalados.

— Eu não tenho culpa se você deixa os seus brinquedos no meio do caminho! — Retrucou o garoto, com arrogância.

  Louise fez uma careta e começou a sair lágrimas dos olhos dela. O garoto revirou os olhos, suspirou e virou as costas para sair dali.

  Lembro que eu contava tudo para a minha mãe — até nos pensamentos.

  Mas, hoje em dia... Eu não conto muito.

— Ei! — Levantei, chamando sua atenção e me coloquei a sua frente — Peça desculpas à ela! — Exigi, com as sombrancelhas franzidas de raiva.

— Quem é você? — Perguntou o tal Tyler, erguendo as sombrancelhas em confusão.

— Não interessa! — Respondi com ignorância — Agora peça desculpas à minha amiga.

  Percebi que ele estava segurando uma risada e me irritei mais ainda.

— Garota, saia da minha frente, você nem sabe quem eu sou. — Falou com mais arrogância do que da última vez.

  A esse ponto, Louise estava soluçando de chorar.

— E nem estou afim de saber! — Retruquei no mesmo tom.

  Tyler soltou a risada e se curvou para a frente — provavelmente com dor na barriga de tanto gargalhar —, parece um retardado.