13 - Tarde de filmes

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  NO FUNDO EU SABIA O QUE estava acontecendo comigo, apenas não queria considerar essa possibilidade. A Louise ficaria muito empolgada se soubesse o que estava acontecendo, mas também ficaria preocupada com as possibilidades e eu não estava pronta para revelar que estava sentindo alguma coisa — que nem eu mesma sabia — por um garoto babaca — que por coincidência, era o seu irmão. Sempre tentando preservar a minha sanidade. Eu não estava preparada para perder a minha sanidade e simplesmente jogar tudo para o ar. O Tyler não poderia estragar isso. Droga! Ele era tão imbecil! E me tirava do sério até nos momentos mais inoportunos. Mais... Ele também me fazia rir e isso que importa, não é? O Universo não poderia ser mais cruel comigo.

  O que é que eu estava pensando? Tyler não prestava! Um verdadeiro babaca.

  Toquei a campainha mais uma vez, à espera de que alguma alma boa viesse me atender. E quando ia levar meu dedo em direção ao botão insistente mais uma vez, Louise abriu a porta, me impedindo de prosseguir com o caminho.

— Quinze minutos atrasada — Avisou.

— Por que? Por acaso você marcou algum evento importante? — Ela abriu mais a porta e eu entrei.

  Entrei, por baixo dos braços dela.

— Não, mas você prometeu não demorar... — Falou — E as nossas tardes de filme são um evento importante para mim.

— Isso é importante para você tanto quanto é para mim — Falei, recebendo um sorriso aberto — E eu sou uma garota muito ocupada, sabe... — Ironizei, recebendo um olhar de reprovação.

— Você é realmente muito engraçada — Resmungou.

— Todos dizem isso — Brinquei, me jogando no sofá de cor azul. — Lembrei de uma coisa... Minha mãe estava escrevendo.

— Mentira. Tomara que seja um livro novo que ela vai lançar. Imagina. Vai ser demais!

— Eu acho que ela estava revisando os capítulos da última história...

— Para de me falar as coisas, eu acredito no potencial da sua mãe. — eu solto uma risada. — Sala de cinema — Louise apontou para a grande porta dupla em um canto da sala.

  Me levantei do sofá e segui ela em direção a sala. Nós nunca assistimos filmes na sala de estar, sempre foi na “Sala de Cinema” — chamávamos assim, porque lá tinha uma enorme TV e várias almofadas e travesseiros espalhados pelo chão. E também um sofá enorme, que usávamos como cama, quando fazíamos uma “noite do pijama”, para rir e comentar sobre casais famosos e letras macabras das músicas da Taylor Swift.

  A mãe de Tyler e Louise, sempre viajava a trabalho, por isso não tinha tempo para os filhos e quando voltava parecia ter olhos apenas para Louise, por esse motivo o Tyler não se sentia confortável em falar da mãe. Mas apesar da falta de tempo, ela nunca deixou nada faltar para os filhos — prova disso, era a enorme casa que eles moravam, com direito a uma sala imensa apenas para assistir filmes e o estoque de comida que nunca faltava na dispensa.

  Louise selecionou o filme e apertou o play. Em duas horas acabaria o filme, por isso, em intervalos ou partes que não me pareciam muito importantes, Louise pausava o filme e eu me levantava para preparar uma pipoca, com direito a leite condensado e bacon. Quando a segunda pipoca acabou, eu desci para preparar mais uma — e última —, mas se eu não fosse tão esfomeada, poderia evitar de esbarrar com o Tyler nos corredores da casa.

— Qual o filme que vocês estão vendo? — Ele perguntou, fingindo curiosidade.

— Romance.

— Eu perguntei qual filme e não o gênero.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora