Capítulo 7 ( TOBY )

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                     Posso ouvir os pássaros um pouco longe, lentamente tento abrir os olhos, mas, sou impedido pela claridade. Alguns segundos depois consigo ver as árvores em minha volta, a porta do carro está aberta, ao tentar sentar sinto uma pontada forte no braço...
                  – Ahn... – um gemido forte sai sem querer.
                  – Toby, você acordou? – vejo ele vindo em minha direção depois de dar a volta no carro.
                  – Meu braço – sussurro, Charlie procura alguma coisa no porta luvas.
                  – Calma, você vai ficar bem meu irmão! – Ele enrola meu braço com um pedaço de pano.
                   Olho para fora, não me sinto bem, nunca fiz isso na frente de ninguém, mas lágrimas escorrem dos meus olhos.
                   – Você sabe o que continha naquelas balas? – meus olhos encontram os seus.
                   – Sim. – Sua voz sai seca – você também sabe.
                   Seguimos alguns minutos calados, ele vai até uma fogueira – eu não quero ser humano – É tudo que consigo pensar agora, enchendo meu coração de medo.
                   – Você precisa comer alguma coisa, toma isso. – Ele me passa um pássaro pequeno.
                   – Obrigado!
                   – Já estamos perto da Vila.
                   Ele vai ligar o carro, uma fumaça preta sobe do motor.
                   – Oh... céus! – Ele sorrir, suas risadas me contagiam, até que estamos rindo sem conseguir parar.
                   – Vamos seguir andando como nos velhos filmes – Ele não para.
                   – Termino de comer, vamos seguir em frente, Charlie pega umas armas no carro.
                   – Essas são pra você.
                   Olho sério para ele, lembrar que não tenho mais meus poderes trás um mix de tristeza que prefiro sentir quando estiver sozinho na Vila.

                              ×××

              Quando não temos um caminho já pronto fica mais difícil andar, com tantas árvores fica quase que impossível andar em linha reta.
             – Eu não imaginaria você indo me resgatar. – Ele não espera uma resposta, apenas segue em frente.
             Minhas pernas estão doendo, nunca me sentir tão cansado, passo a mão rapidamente em meu pescoço, devo está com febre, não sou a melhor pessoa para descobrir isso.
              – Charlie? – minha voz sai embargada – preciso descansar.
              – Vamos parar um pouco por aqui.
              Sento rapidamente aos pés de uma árvore, Charlie senta do outro lado, ficando de frente para mim.
               – Respondendo  Você, eu nunca te deixaria pra trás.
               Ele me olha sério agora, tento encontrar em seu olhar o Charlie da cidade da luz, por alguma razão não o encontro.
               – Obrigado!
               Fecho os olhos indo com meu corpo para trás, respiro fundo, e tudo que consigo pensar agora é na dor chata em meu braço.

                                 ×××

                Não sei quanto tempo eu fiquei aqui no chão, olho para Charlie, ele dorme, parece que está em uma cama como tínhamos na mansão, daqui a pouco fica escuro, precisamos ir.
                 – Charlie? – ele não se meche – Charlie? – minha voz fica mais forte agora.
                 Levanto lentamente, vou até ele tocando em seu ombro, franzo o cenho – Não era pra você está tão quieto...
                 – Charlie, Charlie por favor! – balanço ele o mais forte que consigo, quase não sinto meu braço doendo – fala comigo!
                 Continuo balançando seu corpo duro na esperança de o ver despertar, mas, ele não respira mais.
                  – Charlie! – lágrimas escorrem dos meus olhos como um rio furioso.
                  Abraço seu corpo pálido, meu coração parece despedaçar em milhões de pedaços dentro de mim, alguma coisa parece mexer agora, olho para ele enxugando as lágrimas...
                  – Charlie?
                  Seus cabelos começam a cair, seu rosto vai virando pó, seguro sua mão, até que seu corpo inteiro vai se desfazendo.
                   – Não! – Eu grito.
                   Dentro de alguns segundos tudo que resta são suas roupas, caiu no chão segurando sua camisa, o choro agora é incontrolável, a dor agora avança mais um estágio, chegando ao nível catastrófico. Derrepente todos os amigos que cresceram comigo foram embora, primeiro Lauren, depois Florence e Monks, agora Charlie, tudo acabou para mim, olho para os lados, o sol já está se pondo, procuro uma explicação para tudo isso, seguro forte sua camisa.
               – Eu quero morrer!
               Não encontro forças para me levantar, a perda é a pior dor do mundo, preferia levar um tiro no braço todos os dias.
                – Charlie... – grito em soluços.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora