Capítulo 31 ( KATY )

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●●● KATY ●●●

      As paredes da mansão estão congeladas, tudo é escuro, apenas os sons em minha mente, as vozes, seus gritos de pavor. Ontem aconteceu o que talvez sempre quis. - Não! - este era o poder de Alice. Desde que cheguei na ilha ouvir falar da sua perversidade. No final das contas todos que falavam em minha mente estavam mentindo. Raios estalam em meus dedos, uma energia roxa corre em minhas veias.
- Mãe! - todos estão pagando pelo que aconteceu com ela.
O que parece ser as últimas lágrimas começam a cair, um reflexo rápido no espelho do quarto revela meu cabelo bagunçado, meus olhos estão vermelhos. Sinto minha garganta seca. - Mãe!!! Tiraram o pouco que ainda tinha da minha vida humana. Todos agora me vêem como uma ameaça, ninguém parece enxergar todas as perdas que tive até aqui.
O luto é um tempo sagrado que não pode ser interrompido. Ele é necessário, tempos de sorrir, tempos de chorar, eu não respeitei esses tempos, sempre depois de uma perda eu tinha que canalizar todas as minhas forças para enfrentar um obstáculo. Eu não fazia ideia do mal que isso me causava. Minha mãe, tiraram minha mãe, aplaudiram, sorriam e gritavam enquanto seu corpo estava no chão, sem vida. Eu imaginei a cidade toda pegando fogo, eu imaginei matar cada morador, um por um. Mas, criei os gigantes, para acabar apenas com os que estavam aqui na mansão. Vou até a janela, toda vez que vejo esta cidade imagino os prédios indo ao chão. Eu gostaria de ouvir o choro pela última vez dos moradores daqui. Quando percebo estou apertando a cortina da janela, tão forte que meus dedos ficam vermelhos.
- Katy? - a voz de Max me faz voltar dos meus pensamentos mais profundos.
- O que você quer? - tranco a porta com a mente.
- O interro da sua mãe, será no Jardim de flores.
Fecho a cortina da janela, o silêncio reina novamente no quarto por um segundo, meu coração dispara.
- Me deixe aqui. - uma lágrima escorre em meu rosto vermelho.
- Tudo bem. - posso ouvir seus passos indo embora.
Só Max tem permissão para entrar na mansão, os sete gigantes estão nas entradas me vigiando sem parar. Posso ver pelos seus olhos. Ontem estive a noite toda abraçada em seu corpo gelado, seu cheiro ainda estar em minha roupa. Respiro fundo, eu preciso ve-la a última vez. Abro a porta do quarto, o corredor é escuro, ouço o barulho de gelo caindo do teto. Caminho pela casa gelada, descendo as escadas posso ver a sombra de um dos gigantes do lado de fora na porta. Vejo o gelo no chão, me abaixo colocando as mãos no gelo, respiro fundo, eu preciso ficar segura, do chão começa se formar homens de gelo, vinte e sete ao todo, eles são altos, seus corpos musculosos de gelo brilham na pouca luz, seus corpos emitem uma energia roxa que parece passear em suas peles. Todos seguram uma lança de gelo. Vou em direção a porta, eles marcham em minha volta, seguimos em direção ao Jardim de flores, os campos em volta da mansão parecem calmos, dois gigantes também vem atrás de nós. Vejo Max e Will junto com algumas pessoas reunidas.
Todos param para olhar nossa marcha, vejo o medo em seus rostos, Max me encara.
- SAIAM TODOS. - um dos gigantes grita.
Todos começam a sair, Will e Max vem em minha direção, quatro guardas de gelo os barra. Eles tentam passar, mas, os guardam apontam suas lanças.
- Katy? - Will me chama, seus olhos encontram os meus agora.
- Aquelas pessoas sorriam da minha mãe morta, o que faziam em seu funeral?
- Não eram eles. - ele sussurra.
- VÃO EMBORA. - a voz do gigante parece nos entrrondar por dentro.
Max e Will vão embora, os guardas cercam todo o Jardim de flores, vou até o caixão marrom, pego uma rosa vermelha no chão, ponho as mãos na pequena janela de vidro em cima do caixão, ponho a rosa com cuidado, alisar as paredes de madeira, é como alisar sua pele morena pela última vez.
- Eu nunca me esquecerei! - meus olhos estão ardendo.
Ando pelo campo de flores, meus guardas me seguem, vou para fora do campo, observo o caixão lá no fundo, tudo parece silencioso agora, quando pisco os olhos pareço ver seu rosto, as rosas começam a pegar fogo, lembro das vezes que ela mandava eu sair um pouco de casa com a Nancy. O fogo vai se alastrando por todo campo até chegar no caixão. Quando era criança cair de bicicleta, ralei o braço, cheguei com ele sangrando, foi a primeira vez que cheguei machucada, ela ficou desesperada, no final, ela me abraçou e parecia ter mandando a dor ir embora. O caixão fica em chamas. Quem vai mandar essa dor ir embora agora? As lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto. Por um instante não me sinto a mutante mais poderosa da ilha, apenas, uma jovem que acaba de perder sua mãe. Nada mais humano que isto, e é assim como me sinto, uma humana, destruída por dentro e por fora.
Ando em direção a mansão, Will e Max estão na varanda, abro as portas com a mente, os guardas me cercam por todos os lados, eles fazem um corredor humano para me passar, vou para o quarto, todos agora estão no corredor, fecho a porta. Deito na cama, queria poder não pensar em nada por um segundo, é impossível não pensar nela. Sua voz.
Não sei quanto tempo dormir, não foi muito tempo. Não consigo abrir os olhos por completo, me sento na cama, alguém tenta entrar em minha mente. - Ava. - Ela parece querer ver meus pensamentos, entro em sua mente agora. - SAI DA MINHA CABEÇA. - Ela cai no chão gritando de dor. Logo seus pensamentos saem da minha cabeça. Ouço vozes vindo de fora da mansão. Vou até a janela, posso ver mutantes do lado de fora da cerca, os gigantes vão na direção deles, três continuam na entrada. Os mutantes parecem querer lutar com os gigantes, eles lançam seus poderes na direção deles. Os gigantes começam a esmagar todos que vem em sua frente.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora