Capítulo 19 ( MEGAN )

50 5 0
                                    

           Corremos o mais rápido que conseguimos... poderosos. Invencíveis. Intimidadores. Entramos nas ruas estreitas da cidade de gelo. Carter lidera majestoso na frente. Sabemos porquê estamos aqui esta noite. Sabemos o preço que pagamos por ter este lugar. Este lugar é de todos nós, e não abrimos mãos deste direito.
          – Max, vamos. – grito para ele ficando atrás de mim.
          Não estamos aqui para destruir nada, só queremos acabar com os soldados franciscanos e bagunçar o mínimo possível.
           – MEGAN? – grita Max em alerta, parece desesperado. – TEM ALGUMA COISA ERRADA!
            Olho para ele, a multidão quase nos arrasta para frente, a rua é estreita, um barulho ensurdecedor toma conta do ambiente – POOW – em seguida outra vez, o mundo parece desabar em nosso povo. Duas casas explodem quase simultaneamente, gritos de dor e choros dos que ainda estão vivos parecem não ter fim.
             – EMBOSCADA... – olho para Carter gritando.
             Uma terceira casa explode, Carter, Carrie e Merle são arremessados para longe. Max segura meu braço me levando para um canto onde não consigo ver muito além de pessoas brancas e altas, eles estão de pés, socorrendo os que ainda estão vivos, sangue por toda parte.
              – NÃO!!! – O grito de Merle faz meu corpo arrepiar. Eu conheço este som.
               O corpo de Bronwen queima juntos com as forte chamas, a luz do fogo queimando as três casas parece amanhecer mais rápido. Dezenas de pessoas estão mortas agora, os soldados se juntam todos na grande mansão no topo da cidade, olho para Max.
                – Não vamos retroceder. – ele me olha sério, sua testa está ferida.
                 – Megan, vamos todos morrer se apenas nos defender.
                 – Não vamos apenas nos defender, comece a chuva na mansão.
                 Seu olhar assustado me pergunta se é isso mesmo que ele tem que fazer, eu sei que sim. Depois construímos uma outra casa. Olho para ele, posso sentir a adrenalina por todo meu corpo.
                   A chuva começa, posso ver uma agitação na mansão, ouço gritos vindo lá de cima.
                 – SERES DE GELO? – grita Carter – AVANÇAR...
                 Corremos pela avenida principal, a mansão fica logo acima, uma nuvem carregada pousa em cima da mansão.
                 – Carrie, pegue sete pessoas e vão resgatar os seres de gelo presos na cidade.
                 Vejo Carrie saindo com seu pequeno grupo, não paramos de correr, vários soldados descem a ladeira agora, a medida que nos aproximamos Max é obrigado a parar a chuva.
                 Algum tempo depois e estamos lutando, o palco é a ladeira para mansão. Olho para a grande casa, posso ver o teto destruído. Um soldado se aproxima, uma lança de gelo é disparada em seu peito, basta um simples gesto de minhas mãos.
                – Megan, atrás de você. – Max fala lutando com um soldado.
                Uma mulher soca meu rosto, caiu no chão, não me sinto muito bem, talvez esteja em choque com a catástrofe na cidade, não tem outro jeito. Não tem outro jeito. Ela chuta minha barriga. – Há... – do chão sai uma longa estaca que leva a mulher para o alto quase que rasgando seu corpo ao meio. Tiro Max dos braços do soldado.
                  – Megan? – grita Carter mais a frente.
                  – Vamos.
                  Eu e Max corremos em direção a ele, não avançamos, uma rajada de socos e chutes agressivos no ar me faz separar até mesmo de Max.
                  – Max? – meus olhos estão brancos agora, a raiva toma conta de mim.
                  Das minhas mãos saem duas lanças super afiadas, longas espadas de gelo, começo a dançar no ar, posso sentir cada movimento, cada batida do meu coração irradiando adrenalina, o primeiro corto o braço, o segundo a cabeça, o terceiro posso ver suas tripas pulando para fora da barriga, é como um balé, meu corpo leve e gelado golpeia o quarto com o pé direito, movimentos precisos, violentos, agressivos e decisivos para minha sobrevivência.
                   – Megan? – a voz dele faz meu corpo arrepiar.
                  Olho para ele, não consigo falar nada, apenas olho atrás dele, pequenas lutas, vários grupos espalhados, seres de gelo contra soldados franciscanos. Dezenas de corpos mortos no chão em nossa volta, espalhados pela ladeira, se estendendo pelos becos visíveis da cidade. As três casas ainda ardiam em chamas, agora faíscas brincavam no céu sobre nós misturando-se com a neve que caia lentamente.
                    – A mansão. – ouço o grito de Carter de longe.
                   Olho para mansão a nossa frente, um barulho de explosão ecoa de dentro de suas paredes grandes e brancas, não sei o que fazer agora, o lado leste da casa pega fogo. As janelas estão destruídas, sons do que parece ser ainda o teto caindo parece tocar no ambiente como se estivesse arranhado o cd.
                    – Não foi para destruir tudo, foi? – a voz de Max é como um sussurro agora.
                   – Estamos nos defendendo.
                   Disparo uma lança antes que eu possa sequer pensar no soldado atrás de Max. Ele cai com a lança cravada no meio de sua testa. Max me olha assustado. Seu olhar é assustado. Espera... não pela situação. Assustados comigo. Como assim? Olho para ele fixamente. Eu salvei a vida dele, eu estou libertando meu povo. Raiva vai tomando conta do meu corpo. Até que sinto uma pontada forte na minha coxa esquerda.
                       – Não... – Max grita, correndo como um animal faminto atrás de sua presa. Ele se choca no ar com um soldado quase o dobro do seu tamanho.
                        Olho para minha perna, sangue escorre sem parar, Alguma coisa me passou raspando, caiu no chão com o sangue escorrendo do corte, parece não ser fundo. – ah... – o grito de Max cortando a cabeça do homem ao meio me assusta, parece um leve choque de realidade.
                     Merle dispara poderosas bolas de gelo contra uns cinco soldados a sua frente, Carter cai no chão com dois homens em cima dele, um ser de gelo é decapitado na minha frente, agora, um homem se joga contra Max fazendo seu corpo voar contra uma parede, um grande bolo de neve cai sobre ele, parece desacordado no chão.
                      – Não! – levanto do chão – wnnn – a dor é quase insuportável.
                     Perdermos. Me sinto derrotada. Indefesa. Perdida na ação.
                     – ATACAAAR... – me viro rapidamente com um grito ensurdecedor.
                      Carrie entra na batalha com dezenas e dezenas de seres de gelo. Ela parece triunfante. Ela ajuda Carter. Um soldado soca meu rosto sem eu perceber, cambaleio sobre minha perna ferida até encontrar o chão coberto de sangue e neve. Minha vista parece escurecer, alguns segundos e volto a ver tudo outra vez, desta vez com vários pontos pretos passando lentamente. Balanço a cabeça, o homem é atingido pelas costas, quando ele cai no chão, posso ver o corpo magro de Max lutando para ficar em pé.
                   Olho para a ladeira em nossa frente, o que parece ser uma centena de homens marcham em nossa direção, eles estavam na mansão esperando o momento certo. Levanto do chão, furiosa, a dor na perna faz meu corpo arrepiar, corro para o começo da ladeira onde não tem ninguém lutando ainda, a minha frente a vinte metros de distância eles vem. Me abaixo de joelhos, o chão parece tremer, lanças saem do chão, não posso ter piedade agora, o povo franciscano é um povo sem direito a misericórdia, todos eles, é o que penso ao ver os olhos julgadores de Max. Milhares de lanças de gelo disparam. Os homens caem no chão com suas armas. O massacre no portão da mansão é feito. Segundos e não ouço mais os gritos de dores apavorados. Minhas mãos estão tremendo agora. Carter sorrir para mim, um sorriso silencioso. A enchente de sangue vem descendo pela ladeira. Olho para Max.
                 – Me salve, oh não, Max?
                  Ele me abraça forte, o dia começa a amanhecer, quase não da para perceber. Paredes da mansão desmorona, fazendo subir uma grande poeira. Os soldados franciscanos aqui em baixo se ajoelham, em sinal de rendição. Minha vista começa a escurecer outra vez, vou lentamente nos braços de Max.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora