Capítulo 9 ( JAMES )

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                 – Katy!!! – grito o mais alto que consigo.
             Estou sozinho na sala escura, suas roupas estão lá, ela não pode ter morrido assim. Levanto do chão, não consigo ficar aqui dentro, abro a porta, não encontro nenhum conhecido. Desço as escadas rapidamente, agora vou em direção à floresta o mais rápido que consigo. O caminho pela floresta é escorregadio, troncos de árvores me fazem escorregar várias vezes, quando fico sem luz elétrica minha visão fica em preto e branco, agora consigo ver tudo em minha frente mesmo no escuro, posso ouvir os animais se movimentando pela floresta.
                Agora corro mais rápido, lembranças com ela começam a passar em minha mente como um grande filme, não consigo encontrar um gênero específico para este filme. – não! – balanço a cabeça na tentativa de afastar as lembranças, minha vista fica embaçada com as lágrimas.
                 – Ah... – tropeço em um tronco, caiu no chão molhado, embolo rapidamente em uma pequena barreira.
                 Respiro fundo ainda no chão, olho para cima, preciso levantar, daqui não consigo ver o céu, as árvores são grandes e altas nesta parte. Respiro fundo novamente, agora levanto devagar. Olho para os lados, tudo que consigo ver é o seu sorriso, os cabelos ruivos encobrindo o rosto ao vento – Não, não... – Ponho as mãos na cabeça, me encosto em uma árvore – não vou conseguir, não sem você. – minha testa agora está colada no tronco, lágrimas saem dos meus olhos como um rio furioso.
              – Eu odeio este lugar. – grito com as duas mãos no tronco, o empurro com toda minha força, com os dentes serrados não paro até que a grande árvore começa a cair.
               Caiu de joelhos no chão, a lua brilha forte, os ventos frios fazem meu corpo arrepiar. Olho para frente, meu coração dispara, posso ver nossa casa na árvore, foi lá onde nos casamos, levanto do chão, corro até a casa velha, subo as escadas ainda mais desgastadas desde a primeira vez que tive aqui. Chegando aqui em cima posso ver nós dois, foi pouco antes da guerra da luz, aquele momento era nosso. A guerra não nos deixou aqui, ela merecia mais que essa casa velha. Soco a parede, jogo um banco quebrado pela varanda.
                 – Ah... – grito sentando no chão.
                 Respiro fundo, olho para o céu estrelado, uma verdadeira catástrofe me atingiu essa noite. As nossas promessas, nosso desejo era depois da guerra da luz morar em uma casinha no campo, foi o que prometemos a Sophie.
                  Vou até a ponta da varanda, o vento faz meu cabelo balançar.
                  – Uh... – uivo tão alto que chega ser ensurdecedor.
                  Eu não sei o que significa ser um lobo do sul, mas, não sinto mais medo, não consigo sentir nada. Meu corpo parece entrar em coma agora.

×××

                   Todos estão aqui, sinto uma dor de cabeça horrível, Lewis me abraça, vejo Toby do outro lado do caixão. Minha vista fica meia embaçada, ouço coisas que não fazem muito sentindo, não quero ir embora, vejo várias pessoas parando ao lado do caixão, elas olham para o nada, e vão embora, uns me abraçam, outros passam por mim e consente com a cabeça.
                   O dia vai passando devagar, o momento mais doloroso chega, o cemitério da cidade da luz não é tão grande, o sol brilha forte aqui, alguém começa a jogar terra em cima do caixão, minha pressão vai caindo, tudo vai ficando escuro, tudo que consigo ver é o “K” em meu pulso.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora