Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o final

Capítulo 13 ( JAMES )

           Mais um dia, já faz cinco dias que estou com os lobos do Sul. Não paramos de treinar, todo dia, das seis da manhã até as cinco da tarde. Eles parecem não cansar.
        – Vamos, você é um novatinho de merda, não sei porquê o João insiste em te treinar – fala Gale.
        – Você é a pior treinadora que conheço.
        Ela sorrir, vamos até à beira do lago, é uma linda floresta, posso sentir o cheiro de terra molhada.
        – Ótimo para começar... – ela fala.
        Ela corre em minha direção, ela é rápida, Gale pula em um tronco pegando empuxo para me atacar. Me abaixo rápido, ela puxa meu cabelo. Ela me arremessa contra uma árvore.
         – O que foi? – olho pra ela, ela fica parada agora – não vai vim? – espero – estou no chão.
          – Cala a boca. – posso ouvir um ruivo forte agora.
          – Na Vila, vamos. 
          Corremos pela floresta o mais rápido que conseguimos, chegamos na Vila, vejo uma movimentação estranha,  vamos até o pátio no térreo.
            – O que tá acontecendo? – pergunto a um homem ao meu lado.
            – Encontram dois soldados franciscanos pela floresta próximo da caverna. 
             João chega no local, vários lobos do Sul vem atrás dele, todos param de falar ou o que estão fazendo...
             – Acharam o que procuravam? – ele pergunta.
             Observo os dois homens, eles estão sendo  segurados por dois homens. Um deles cospe no pé de João.
             – Vamos acabar com vocês. – fala o segundo
             Meu coração trava quando escuto João dando a ordem pra matar os dois. Não fico para ver a execução.

×××

          Vou até a superfície, a noite está super estrelada e fria.
          – James? – olho para trás, João está sozinho.
          – Olá! – volto minha atenção para a floresta.
          – Não conversamos ainda. – ele para ao meu lado.
          – Não sei porquê me trouxe aqui – olho para ele – acabei de perder minha esposa, deixei minha filha pra trás.
          – Eu sinto muito. – ele concente – deveria trazer a criança.
          – Ela está segura. – falo o mais sério possível.
          – Este é o seu lugar.
          – Não, não é. – olho pra ele – não tenho mais nada nesta ilha.
          – Você tem muito mais do que imagina, James. – ele anda lentamente.
          Vamos caminhando até chegar em uma fonte de água, a água brilha na escuridão da noite, posso ver os peixes nadando, serenos.
           – Passei anos procurando por você.
           – Como assim? – Sentamos na beira do rio.
           – James, sua mãe era humana, vivia no sul do Brasil, estive lá uma vez.
           – Você... – seus olhos encontram os meus.
           – Nós nos apaixonamos, eu também era bonito feito você, ela veio para meu mundo, viveu como uma de nós.
            – Você é meu pai? – ele chora, não consigo digerir tanta informação ao mesmo tempo.
            – Eu sonhei tanto com você. 
            – Eu sempre quis conhecer meu pai. – minha voz sai roca e trêmula. – isso quando eu era uma criança besta.
             Ele não fala nada, nos olhamos por alguns minutos, olho para água que parece uma luz florescente,  não consigo esconder, lágrimas escorrem dos meus olhos agora. Ele vai embora sem dizer nada. Respiro fundo. Olho para ele até sumir na escuridão.
               Tantos pensamentos passam em minha mente agora, eu não sei o que significa ser um lobo do Sul, preciso aprender, ao mesmo tempo penso em Sophie com os seres da floresta. O que me conforta é saber que ela está bem cuidada, seria um inconsequente se trouxesse ela para um lugar desconhecido. Minha cabeça parece que vai explodir, preciso ir deitar.

×××

         Acordo e ela está aqui ao meu lado, seus cabelos ruivos caem sobre os olhos, o sol brilha forte, nossa casa velha não nos protege nem um pouco da claridade.
        – Dormiu bem meu amor? – ela pergunta sonolenta.
        – Sim, você conseguiu acordar mais linda hoje!!! – ela sorrir, seu sorriso é tão lindo, largo, sincero, deslizo meus dedos sobre sua pele branca...
        Olho para ela sem pressa, seus olhos cristalinos me encontram, eles trazem luz para meu dia, este momento parece não acabar, posso ouvir o canto dos pássaros, o rio abaixo de nós.

          – Ah... – acordo em lágrimas, sento na cama rapidamente, não consigo parar de chorar.
×××
            Não sei quanto tempo estou deitado aqui, não quero viver este dia, enrolado com o lençol enxugo minhas lágrimas de saudades.
             Respiro fundo, de novo, e de novo, mais uma vez, olho para o “K” em meu pulso. – eu nunca vou te esquecer. – Beijo a letra, em um misto de lágrimas e tudo mais que escorre pelo meu nariz – Katy, eu te amo tanto!!!
               Lembro do sonho, não consigo parar de lembrar, meu coração fica acelerado, lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto, alguém bate na porta.
                – James, é a Gale.
                – Não vou treinar hoje. – falo com a voz trêmula.
                – James, você não pode deixar de treinar.
                – Eu não vou treinar hoje. – Eu grito.
                Ela não tenta outra a vez, posso ouvir seus passos lentos indo embora. Me enrolo outra vez e vivo meu luto.
×××
                  Um dia e meio se passou, depois de um banho vou até o refeitório comer alguma coisa. Não tem ninguém aqui, uma velhinha me dá alguns pães, depois do café da manhã vou a procura de Gale. Preciso treinar hoje.
                   Encontro ela no subsolo, em uma sala de treinamento.
                    – Gale? – ela olha pra mim, ela faz sinal para me aproximar, parece surpresa.
                    – Vamos treinar?