Acordo pela quarta vez, o chão é tão frio, não consigo dormir direito, minha barriga ronca agora – Droga – deveria ter comido aquele almoço quando pude. Levanto do chão, vou até a porta, tento ouvir qualquer coisa, sem sucesso.
Me sinto tonta, deito no chão novamente, sinto calafrios, começo a suar, tiro os sapatos, em seguida tiro a blusa ensanguentada, dores fortes em meu estômago me fazem gemer. Não consigo mais segurar a vontade de urinar, levanto cambaleando, vou até o canto da sala, me abaixo e urino. Vou para o outro lado do quarto, me deito com as mãos na barriga, aperto lentamente. Já se passaram horas pelo jeito, talvez esteja de madrugada.
×××
– James, eu amo você!
– Eu também te amo. – seus olhos negros me preenche por inteira.
Sophie vem me abraçar, ela corre pelo campo, tudo está calmo quando derrepente tanques de guerras aparecem atrás dela, helicópteros gigantes surgem no céu azul, eles começam a atirar, eu e James corremos em direção a Sophie, uma bomba explode fazendo nossos corpos serem arremessados para longe, um zumbido forte no ouvido me impede de ouvir qualquer coisa, levanto a cabeça ainda no chão, vejo Sophie em pé nos procurando na campina...
Acordo mais uma vez, toco em meu pescoço, estou gelada como um iceberg, respiro fundo, eu vou enlouquecer aqui dentro.
– Ah... – eu grito.
Chuto a porta, ela faz uma zoada forte, sento no chão com as mãos na cabeça, o quarto cheira mal, ainda posso sentir o cheiro daquela cabeça esmagada junto com urina, corro para o canto e vômito.
As temperaturas aqui dentro estão muito baixas, mas não sinto frio, fico sentada perto da porta, lentamente vou pegando no sono outra vez.
×××
Ouço barulho de alguém vindo, a porta se abre, levanto do chão e espero, um guarda entra no quarto.
– Venha comigo.
Vamos caminhando pelo corredor, no final vejo Francisco e vários guardas junto com seus guardiões.
– Gosta de encontros? – sua voz me irrita.
A claridade das luzes do corredor principal faz minha vista doer um pouco.
– Vai se ferrar... – Sussurro.
Ele abre uma grande porta, entramos na sala, dou de cara com Oliver, sinto um frio na barriga quando lhe vejo, ele me olha, seu olhar está triste, ele está magro e barbudo, seu olho esquerdo está roxo, devem ter espancado ele, por um momento me encho de compaixão por ele.
– Desculpa atrapalhar este encontro tão lindo – Francisco começa, olho para ele, minhas mãos tremem, antes que parta pra cima dele olho para todos os guardas logo atrás. – Vocês tem uma pessoa em comum, gostariam de salva-lo?
As luzes se ascendem, uma por uma, fazendo um barulho alto. agora posso ver a grande sala, ela é estreita e comprida, lá no final vejo Charlie, ele está com as mãos amarradas, uma TV é ligada com imagens dele, uma corda está amarrada em seu pescoço.
– É simples, o chão da plataforma se abrirá quando o relógio completar um minuto, vocês precisam chegar no seu amigo e solta-lo antes que o tempo acabe.
– Seu desgraçado... – grita Oliver.
– Hã, hã... Já vamos começar, tente me bater depois.
Olho para Oliver, Francisco e seus guardas saem da sala, a porta se fecha atrás de nós.
– Katy, eu queri...
– Vamos salvar o Charlie. – não deixo ele terminar.
00:01, a contagem começa na TV, a cada dez passos tem uma TV mostrando o tempo.
– Vamos. – eu grito.
Meu coração acelera, eu conheço Charlie, eu vivi com ele, ele é o único guardião que restou da cidade da luz, não posso deixar ele morrer, não assim, não agora, não aqui.
Oliver corre do meu lado, olho para tela; 00:17, tento correr mais rápido, o teto parece cair em cima de nós agora. bolas de fogo começam a cair, nos afastamos um do outro na tentativa de desviar, Charlie grita, o caminho fica difícil, 00:33.
– Charlie, aguenta firme... – Oliver grita. Uma bola de fogo atinge seu braço direito de raspão.
Ele fica para trás, o caminho se abre diante diante de mim, o fogo para de cair, mais uma enorme cratera nos deixa indefesos, olho para TV, 00:46.
– Não consigo pular. – Oliver me olha, seu olhar desesperado quase me implora para fazer alguma coisa.
– Eu não tenho mais meus poderes. – respiro fundo, a agonia é grande, lágrimas escorrem pelo meu rosto.
– Oliver, Katy – grita Charlie, 00:53 – eu amo vocês, tragam a cidade da luz de volta.
– Charlie... – grita Oliver, com a camisa agora ensanguentada.
Ele tenta pular, mas ele não tem poderes, ele vai cair no abismo e morrer, seguro ele, na tentativa de para-lo, o chão se abre sobre os pés de Charlie, rapidamente ele é sufocado.
– Não, não, não... – Oliver implora em pranto.
Caímos no chão de joelhos, ponho as mãos nos olhos, tento me controlar mas é impossível, o choro de Oliver é inconsolável. Olho para o corpo de Charlie pendurado.
Derrepente o chão começa a voltar o normal, a corda amarrado em Charlie começa a descer, levando o corpo roxo dele até o chão. Corremos em sua direção, Oliver abraça ele, os olhos de Charlie ainda estão abertos, me abaixo de cabeça baixa, sem dizer nada, ou pensar em nada fecho seus olhos vazios, pareciam com tanto medo.
×××
Já fazem horas que estamos aqui, o silêncio é de luto, poderia quase jurar se fechasse meus olhos que estaria em um cemitério. Tínhamos colocado o corpo de Charlie no canto da sala, estamos sentados perto da porta que entramos.
– Você está horrível. – Oliver quebra o silêncio.
Olho para ele, meus olhos estão ardendo um pouco e minhas bochechas estão queimando de tanto que chorei.
– Você também não está na sua melhor versão. – falo de olho no seu rosto vermelho.
– Eu esconde tanto de você. – sua voz é grave e melancólica.
– Lauren, Florence, Monks, Toby e agora Charlie, é o fim dos seus guardiões. – sussurro.
– Eu sou culpado. – ele me olha nos olhos. Ele passa a mão no braço analisando o ferimento.
– Sim, você é. – não fujo dos seus olhos – até a morte de Vitória.
– Você aqui, agora, também sou culpado por isso.
Olho para ele em silêncio, antes que possa começar a falar lágrimas escorrem em minhas bochechas, um filme passa em minha mente
– Sim, você também é – ele abaixa a cabeça – Eu descobrir que estava grávida quando a médica tirou meu filho de dentro de mim.
Ele me olha agora, seu olhar surpreso e inconsolável me fita lentamente.
– Eu sinto muito, de verdade.
– Não, você pode ver como estou por fora – falo em soluços – mas você não poder imaginar como estou por dentro, minha vida virou uma catástrofe desde o momento que cheguei nessa maldita cidade – ele apenas me ouve com atenção, lágrimas escorrem dos seus olhos – Ele tirou tudo de mim, ele matou James e Toby na minha frente, eu fui torturada naquele laboratório até conseguirem tirar todos os meus poderes.
– Você não pode desistir. – ele tenta encontrar meus olhos – Katy, você precisa continuar lutando.
– Lutar? – dou um sorriso de canto – eu não tenho mais forças para lutar. Oliver – meus olhos encontram os seus – acabou.
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Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o final
Science FictionNos últimos meses tudo que vimos foi guerra, sangue, morte e dor, muita dor. Você foi testemunha da nossa guerra para destruir uma inimiga. Você foi testemunha da nossa guerra para destruir a mentira de um líder corrupto. Você viu a queda de duas gr...