Capítulo 27 ( KATY )

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               – Todos nós temos uma habilidade, Mas, eu trago para vocês esta mutante. – Francisco está no meio da sala. Analiso a expressão dos homens diante dele.
             – E o que ela tem de especial? – um homem na cadeira do Centro pergunta.
             – vejam vocês mesmos.
              Francisco dá um sinal, logo uma mulher asiática começa entregar umas pastas nas mesas, cada homem começa a ler os arquivos. Quase dez minutos se passaram, todos parecem fascinados com os documentos.
             – Ela é especial. – um dos homens resmunga.
             – Estamos trabalhando para passar isto adiante, até os humanos que quiserem adquirir alguma habilidade no futuro será possível.
              O homem cerra Francisco com os olhos, ele começa a gargalhar alto. Os outros sussurram uns com os outros. Estou logo atrás de Francisco.
             – Francisco, queremos tirar esses poderes. Achei que isso ficou claro.
             – Não somos uma ameaça.
              Olho para Francisco agora, não entendo o que acontece agora.
              – Podemos proteger vocês.
              – Já nos protegemos. Transformar vocês em humanos é uma proteção. Reunião encerrada. – Ele observa o homem sem palavras.
               Os olhos de Francisco me encontram por alguns segundos, ele caminha em direção a porta. Vou atrás dele junto, Will levanta e nos segue. Eles não dão uma palavra, caminhamos pelos corredores. O sol daqui a pouco se põe, entro no carro.
               – Pela manhã vamos para NY.
×××
               Observo a noite fria da janela, uma neblina parece cobrir toda cidade. Olho para a cama, mamãe está dormindo desde que cheguei. Ela parece ter envelhecido tanto nesses últimos anos. Vou até o banheiro, pego a jaqueta, meus olhos passam rápidos pelo espelho, caminho lentamente em direção a janela, abro o mais devagar que posso, olho para a cama, ela continua lá, na mesma posição. Me apoio na madeira da janela, com as pernas para fora posso voar agora. Vôo em direção ao condomínio que morava. A neblina me confunde um pouco. Observo com atenção, meu coração dispara forte. Posso ver a escola que trabalhei, os escombros do prédio que caiu com o avião não estão mais no local, poucos segundos e estou em frente ao prédio que morava. A vista fica um pouco embasada, logo um suspiro sai por entre os dentes. – Katy, ande sua boba! – o prédio parece abandonado. Abro a grade enferrujada, subo as escadas com uma pequena chama acesa em minha mão direita. Conheço está porta, depois de alguns minutos e vários degraus chego em casa. Chuto a porta com força para arrombar a fechadura, logo fecho a porta atrás de mim. Aperto em um botão no canto para as luzes acenderem, mas, apenas uma luz no canto da sala e uma no corredor acende. Observo os moves empoeirados – Ah... – Não consigo, na verdade não quero segurar as lágrimas.
                – Pai!!! – caminho até uma parede mofada, a foto de família ainda está aqui, intacta!
                 Tiro o retrato da parede, abro uma fechaduras atrás retirando a foto. Sento no chão com a foto na mão, gotas de lágrimas caem na imagem de papai. Meu coração parece parar. Meus olhos agora circulam pela sala, tantas teias de aranha, o chão frio, a poeira. Mamãe ficaria louca se visse tudo assim. Levanto do chão e vou até a mesa onde fazíamos sempre que dava nossas refeições em família. Me lembro a última vez que estávamos juntos aqui. Coloco a foto no bolso. Eu sentia tanta dor, levantei base preças, tentando disfarçar o máximo. Mas, minha mãe percebeu que tinha algo de errado. Eu nasci para ser uma mutante. – Sim! – caminho lentamente para meu quarto. Olho para as janelas com placas de papelão. A cena da casa cheia de policiais, minha mãe comigo no quarto me contando que não era filha dela na verdade. As janelas quebrando. Logo vem em minha mente papai enfartando, os policiais me seguravam com tanta força, era tudo tão confuso em minha cabeça, os gritos de mamãe ecoando pelos corredores. Respiro fundo outra vez. Alguns segundos com os olhos fechados, sinto as lágrimas quentes percorrendo minhas bochechas vermelhas. Falho quando tento imaginar como seria minha vida se ainda estivesse aqui.
              Um barulho da cozinha me deixa alerta imediatamente.
              – Quem está aí? – franzo o cenho.
              Caminho lentamente pelo corredor, o escudo me projete por todos os lados. Chego na cozinha, não tem ninguém. Olho para todos os lados do Comodo vazio.
              – Meu nome é... – antes que o homem possa acabar, arremeço-o com força contra a parede apenas com a mente. O homem atravessa a parede caindo no quarto dos meus pais.
                – Calma... – lanço uma bola de água me virando rapidamente na direção da voz atrás de mim.
                Á bola de água explode no armário, o homem parece desaparecer no ar.
               – THÉO? PEGUEI ELA. – o homem me segura com força.
                O homem lança uma corda em minha direção amarrando meus pés. Ele se aproxima.
                – ME SOLTEM. – Raios faíscam por todo meu corpo.
                Trovões e relâmpagos estalam no céu, as luzes clareiam a cozinha, fogo queima a corda que prende meus pés. O homem que me segurou pelas costas tenta outra vez, mas, agora o escudo me protege.
                 – Luck, se afaste dela. – o homem grita.
                 Estendo a mão em direção dele, seu corpo flutua no ar, não consigo pela o outro que some outra vez.
                 – Quem são vocês? – ele me encara no ar.
                 – Não queremos te machucar.
                 – Não?
                 – KATY? – o homem aparece outra vez logo a baixo de seu amigo. – É este o seu nome, Não é?
                  – O que vocês querem? – um dos raios cai na sacada do prédio. Um estrondo faz os homens se assustarem.
                  – Você é médium feito eu? – o homem pergunta no ar.
                  – O quê? – jogo ele no chão.
                  O céu se acalma outra vez, a essas alturas Francisco já deve ter notado que eu sair do hotel.
                  – Médium, espíritos, essas coisas, você não é?
                  – Não, eu sou uma mutante.
                   Eles me olham, parece que nunca viram uma mutante de perto.
                  – Eu sou Luck. Este é o Théo.
                  – Muito prazer. – os olhos de Théo me fitam – Espera, você é o homem que estava naquele castelo a tarde?
                  – Sim. Estava em uma missão, mas aí você chegou e sentir uma energia que nunca sentir antes.
                   – Uau, você tava fazendo aquelas coisas no céu? – ele parece empolgado.
                   – Luck, agora não.
                   – Qual é Théo, ela é incrível!
                   – Obrigada! – Théo parece meio ranzinza agora.
                   – Não acredite nele, ele fala isso para todas as garotas. – Luck olha para ele agora.
                   – E qual garota conhecemos que faz uma tempestade de raios e trovões? – Théo dar de ombro.
                   – O que você fazia no castelo? Não parecia querer está lá. – Sua voz grave e seria preenche o ambiente.
                   – Era uma assembleia.
                   – Muito seria? – Luck pergunta sussurrando.
                   – Sim, os humanos pelo jeito estão ameaçando invadir nossa ilha. – Eles me observam – talvez não seja uma boa ideia.
                   – Isso não parece uma coisa muito pacífica.
                   – Não é. Eu preciso voltar para o hotel.
                   – Katy, se você precisar de ajuda este é meu endereço. – ele me dá um papel amarelado.
                   – Vocês estão bem longe de casa.
                   Abro a porta com a mente e vou embora, a neblina no céu passou, as estrelas brilham encantadoras. O vento frio bate em meu rosto pálido, me fazendo quase bater os dentes. Logo chego no hotel, abro a janela com cuidado, mamãe ainda dorme profundamente.
×××
                    Paramos em NY, Francisco disse que não vamos passar a noite aqui. É uma manhã ensolarada. A cidade é grande. Não parece ter guerra aqui. De dentro do carro vejo as pessoas de um lado para o outro, elas parecem apressadas, paramos na frente de um grande prédio. Uma hora depois e Francisco ainda tenta fazer a cabeça dos homens. Não parece muito ter resultados bons. Almoçamos no aeroporto mesmo, me sinto um pouco exausta da viagem.
                   – Vamos – Francisco fala colocando o prato de lado – próxima parada, Brasil, um lugar chamado Recife capital de Pernambuco.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora