Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o final

Capítulo 22 ( KATY )

         Vou até o salão no coração da floresta, Ava levanta, ela não parece surpresa ao me ver.
       – Você chegou. – suas palavras saem secas.
       – É. Estou aqui.
       – E o que te custou?
       Sua pergunta é como uma facada em meu coração. Enquanto você sente a adrenalina é maravilhoso. Mas quando ela deixa você, chega ser catastrófico.
         – Você entra em colapso com você mesma e centenas de pessoas morrem. Soterradas. Esmagadas. Carbonizadas. – ela parece meio fora de controle agora – Você voltou, e o que custou? E O QUE CUSTOU?
           – Você disse que eu encontraria a paz que tanto procurava.
           – Sim... sim. Mas não desse jeito.
           – A próxima vez que voltar naquela cidade eu vou destruir tudo até sua última casa cair.
           – Então não se arrepende?
           Olho para ela, seu olhar me invade, não consigo falar nada. Meus olhos estão marejados. O orgulho é maior do que eu. A guerra dentro de mim começa outra vez. Não quero assumir meu erro. Espera, não acho que foi um erro.
            – Lembra da sua amiga? Você a matou queimada. – meu coração congela.
            – Sim. Foi um erro. Tudo foi um erro. Foi um erro eu ter vindo pra cá. Foi um erro eu ter acabado com tantos poderes e perder o controle. Ava? – ela me olha, lágrimas escorrem dos seus olhos – você viu. Você mesmo viu. Me diga se sentir prazer em matar tantas pessoas, eu sentir?
             – Você nos dividiu, você não entende.
             – O quê? O quê que não entendo? – ando em sua direção.
              – A guerra que nos destruirá, que nos  fará entrar em extinção se não estivermos todos reunidos.
              – Contra quem? – olho para ela – Francisco não me parece um inimigo tão poderoso agora.
              – OS HUMANOS. – ela grita furiosa – Eles são a verdadeira ameaça. Suas armas. Toda tecnologia. Katy, se você visse o que eu vi. Ah...
              Ela cai no chão chorando, eu não me aguento, as lágrimas escorrem dos meus olhos enquanto olho para a vista da floresta.
×××
              Já faz horas que estamos neste salão, sem pronúnciar uma palavra. Minhas mãos estão na água que passa pelo salão. Ava está do outro lado com uma flor murcha em sua mão.
             – Eu preciso ver a Sophie.
             – Sim. Antes você precisa saber de algumas verdades também.
             Olho para ela, Ava levanta e caminha em minha direção, ela pega em minha mão direita e me leva até a grande varanda, daqui podemos ver a linda e grandiosa floresta. Agora olho bem para os seus olhos.
              – Sophie vive bem aqui! Toby, ele está vivo, precisa de você.
              Suas palavras confundem minha mente, eu vi Toby morrer, ele e o James. Eles...
              – Tudo era uma mentira de Francisco. James também estar vivo!
              – Não. Ava, não pode ser.
              – Todos achamos que você estivesse morta. James dirigiu um grupo para resgatar você. Eles conseguiram, James trouxe você, Toby trouxe Charlie. Mas, vocês dois morreram. Ficamos arrasados por dias.
              Lágrimas caem pesadas agora, não sei o que sinto neste momento. Tudo mentira de Francisco, me arrependo de não ter o matado. Cerro os dentes.
               – James, onde está? – ela me encara agora.
               – Ele foi embora com os lobos do Sul.
               – Ele deixou Sophie e foi embora?
               – Não foi bem assim. Ele irá voltar para busca-la.
               – É difícil raciocinar agora.
               Olho para o Horizonte, então penso em todas as nossas promessas, eu, James, Sophie, meu filho que tiraram de mim. Nunca seremos uma família. Nunca isso terá fim. Olho para Ava. Parece que ela entende tudo que quero dizer e não consigo. Ava me abraça, seu abraço é apertado. Acolhedor. Abraço materno. Não consigo evitar a enxurrada de lágrimas.
               – Eu me tornei um monstro! – ela desliza sua mão lentamente em minha cabeça.
               – Não, Katy?! Você não é um monstro. Só recebeu coisas demais, perder o auto-controle é uma coisa que nunca mais pode acontecer. 
                Você precisa encontrar Sophie agora. Ela me solta lentamente, enxugo minhas lágrimas. Respiro fundo uma vez, duas vezes, até que tomo coragem e vou em direção à porta.
                Vou andando pela trilha, as pessoas me olham assustadas, talvez achem que sou um fantasma. Vejo a Vila de casas nas árvores, não sei se Sophie está em casa agora. Vou até nossa casa, antes que suba as escadas escuto uma voz gentil atrás de mim.
                 – Tia Katy? – meu corpo arrepia. Fico sem reação.
                 – Oi meu amor!
                 Olho para ela agora, seus olhinhos estão cheios de lágrimas agora. Ela larga uma boneca de pano no chão e vem me abraçar. – ah... – seu abraço parece me levar para outra dimensão.
                 – Você é minha família, estou aqui por você meu amor!
                 – Tia Katy, eu vi a senhora morrendo. – ela sussurra debruçada em meu ombro.
                 – Não era eu meu amor. – vejo flora atrás saindo atrás da árvore, ela fica parada enquanto estou com Sophie.
                 – Posso te mostrar um lugar?
                 Ela faz sinal positivo com a cabeça, seguro ela com os dois braços, vôo em direção a casa na árvore velha que eu e James achamos. Sophie parece encantada com a vista aqui de cima. Não precisamos subir as escadas velhas pois já descemos na casa.
                 – Este é um lugar muito especial para mim e o tio James. 
                  Ela me olha por poucos segundos, em seguida revira tudo com os olhos. Parece que alguém destruiu ainda mais o lugar.
                 – Sophie? – ela volta sua atenção para mim, nos sentamos na ponta da casa, podemos ver o rio daqui – eu fiz uma coisa horrível. Eu matei centenas de pessoas. Sophie, eles vem atrás de mim. Você precisa me prometer que vai continuar bem. Você promete?
                – Sim! Tia Katy, a senhora vai embora? – ela segura minhas mãos agora.
                – Se for para proteger você e todos aqui, sim. – agora eu as envolvo nas minhas.
                – Você mudou tanto minha pequena!
                – A senhora também, posso cortar meu cabelo igual o seu? – observo seu sorriso e inocência olhando para mim. Lhe encaro com um trêmulo sorriso de canto.
                – Você gostou mesmo?
                – A senhora é linda tia Katy!!!
                – Oh... você que é meu amor!
                – Só falta o tio James para irmos morar juntos, ainda vamos poder morar aqui na floresta?
                Olho para ela agora sem reação, não posso tirar isso dela. Não posso.
                – Sim!!!
                – Vamos tomar banho naquele rio?
                – só se for agora. – nos levantamos rapidamente, ela sorrir, parece tão feliz em me ver. Como queria olhar este sorriso. Como queria está com alguém da minha família. Só por um tempo. Só por um estante parece não ter mundo além desta parte aqui. Então somos nós duas. A filha que este lugar me deu. Ao mesmo tempo que tirou tanto de mim. Me presenteou com um ser tão lindo. Sophie!
×××
                  Flora me leva até a clínica no meio da floresta, aqui onde eles tratam as pessoas doentes, não venho aqui desde que Lauren morreu. Respiro fundo, o lugar me faz voltar no tempo. Lembro de quando chegamos aqui, os seres da floresta abriram sua casa para nos acolher.
             – Ele está lá. No mesmo quarto.
             – no mesmo quarto?
             Ela faz sinal positivo, não sei se estou pronta para entrar no mesmo quarto que Lauren morreu, ainda não superei, sinto tanto sua falta. Ela me enchia de alegria. Olho para Flora, ela me abraça. Quando ela me solta vejo o colar que Logan mandou eu entregar para ela. Entro na casa de madeira. Sei onde é o caminho. Não é muito longo. A porta está meia aberta, vejo seu corpo deitado na cama.
             – Toby? – sussuro.
             Ele vira lentamente, olho para ele, sua barba está grande, ele parece mais magro.
             – Que porra é essa? – ele vem em minha direção, ele me coloca contra a parede – Quem é você?
             – Sou eu, Katy.
             – Eu vi você morrer. Não pode ser.
             – Acredite em mim... – lágrimas escorrem dos nossos olhos simultâniamente – eu também vi você morrer.
            Ele me abraça, a uma diferença agora, seu corpo, sua força, não parece com o mesmo Toby que conheço. Quanto tempo que não o vejo.
              – A última vez que nos vimos foi na guerra da luz. Você fugiu, vários soldados correram atrás de você.
              Ele franze o cenho, parece não ter entendido o que falei. Sinto como se estivesse em um sonho.
             – Temos muito que conversar.
             – Sim, temos sim!