Capítulo 25 ( KATY )

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           Saímos da floresta, vários carros estão estacionados na estrada de terra. Não deu tempo de me despedir de Sophie, ela pode ficar invisível, mas, seu pude vê-la. Meu coração fica apertado em ter que deixa-la outra vez. Um homem me conduz a um dos carros pretos, quando entro vejo minha mãe. Ela me abraça outra vez. Não consigo conter as lágrimas.
          – Mãe! – lhe abraço de volta.
          – Eu sentir tanto sua falta!
          – Você não é um clone ? – Ela me olha confusa agora.
          – Como assim? – Ela segura minhas mãos.
          – Você não é um clone. – deslizo meus dedos lentamente em suas mãos. – Como você veio parar aqui?
          – Uma equipe chegou na casa de uma amiga minha, depois que você partiu, seu pai não aguentou e faleceu, ela vinha me ajudando desde então. 
           – Nancy tinha me contado. – abaixo a cabeça.
           – Ela também está aqui? – posso ver um sorriso se abrindo em seu rosto.
           – Ela morreu. – Ela fica em silêncio.
           Seguimos em silêncio por um longo tempo, na cadeira da frente os dois soldados seguem também em silêncio, atentos em todo tempo.
          – Você não deveria ter confiado nessas pessoas. – Ela me olha seria agora.
           Lembro das vezes que não me atrasava para o jantar, gostávamos de comer juntos, ela e o papai sempre faziam algumas orações antes.
             – Filha, Francisco vai ajudar todos vocês. – Ela procura minhas mãos novamente – Ele vai trazer os humanos, e vocês vão ficar curados.
             – Mãe, Eu não estou doente. – Ela me solta, parece assustada agora – Não queremos isso.
             – Eu não quis ofender você filha!
             Já faz quase uma hora que estamos neste carro, minha mãe fala de como esta Londres. Enquanto ela fala reconheço o lugar, estamos entrando na mansão de Francisco. O homem para na entrada. Um soldado abre a porta.
              – Chegamos. – Ela fica tensa, é impossível não ficar.
               Desço Desci do carro, ajudo minha mãe agora. Na entrada da mansão Francisco nos espera, atrás dele está os três guardiões.
               – Vamos descansar, você não é uma prisioneira aqui. – Sua voz parece amigável – Você e sua mãe ficarão no mesmo quarto.
                – Vai se foder seu desgraçado.
                – Boa noite!
                Os guardas nos leva pelos longos corredores da mansão, uns minutos a mais e chegamos em um quarto. Minha mãe entra e senta na cama. Analiso o quarto todo. É inacreditável. Minha vista fica embasada com as lágrimas.
              – Eu amo tanto você mãe!!! – corro para lhe abraçar.
              Ela alisa meus cabelos enquanto seu braço passa lentamente pelo meu pescoço. Sua lavanda sempre inconfundível. Sentia tanto sua falta. – Eu sinto muito pelo papai! E por tudo que aconteceu com a senhora!
                – Katy, me perdoe! – Ela me encara agora, seus olhos castanhos penetram como uma espada afiada nos meus – Eu nunca deveria ter chamado a polícia.
                – Eu já te perdoei mãe! – nos abraçamos e deixamos apenas nossas lágrimas falarem por nós.

                                  ×××

               Alguém bate na porta, observo pela janela, já é de manhã. Minha mãe está ao meu lado. Respiro fundo e me levanto. Passo a mão em meu rosto com a outra mão na maçaneta, quando abro a porta três soldados aparecem.
               – Bom dia!  - o primeiro começa – Francisco espera por você no grande salão.
               – Ok.
               – Agora.
               Olho para minha mãe que está sentada ainda sonolenta na cama. Respiro fundo pela segunda vez.
               – Mãe, eu já volto. – Ela me olha confusa.
               – Cuidado minha querida! – Ela vem em minha direção. Ela beija minha testa. Sempre que voltava pra casa em Londres ela beijava minha testa. Dou um sorriso de canto de boca e fecho a porta.
               Sigo os homens até o salão. Eles abrem a porta. Lentamente entro observando todo o ambiente. Francisco está sentado com seus dois guardiões. Devo ter matado o outro que tentou me acertar na entrada da mansão. A mulher morena me olha furiosa. Continuo andando, meus olhos estão cerrados  Francisco.
                – Desgraçada. – a mulher grita.
                 Ela corre rápido, mal posso ver seu corpo magro e Moreno vindo para cima de mim. Desvio do seu soco, em seguida ela tenta me acertar com a perna. Chuto com força sua perna ainda no ar. Ela anda para trás. Soco seu rosto. Ela estende suas mãos e como a flutuar. Sem esforço volto para o chão. Levanto o corpo dela dessa vez. Ela começa a gritar de dor.
                  – O que vocês querem? – olho para Francisco agora.
                  – Solte ela. – ele ordena.
                   Olho para ela,  lágrimas escorrem dos seus olhos. Ela fica com o corpo contorcendo no ar. Jogo ela no chão. Alguns segundos depois ela levanta e sai da sala.
                  – Você é a última pessoa que quero aqui. – Francisco começa – Mas, eu preciso de você.
                  – E o quê você quer? – o guardião ao seu lado sai da sala. Francisco parece respirar fundo.
                   – Como eu disse, Você não é uma pessoa que queremos aqui. Mas, Você vai viajar comigo para o continente.
                   – Vamos sair da ilha?
                   – Vamos em Nova York, Brasil e por último Inglaterra.
                   – Por que? – Ele franze o cenho.
                   – Eu não devo satisfação a você sua vadia.
                    – E eu não Preciso ir com você se não quiser. – trovões estrondam no céu.
                    – Eu devo te lembrar da sua mãe? – ele me encara.
                    Lhe encaro de volta, eu posso matar ele agora. Todo meu corpo pede isso. – Eu vou te matar. – alguém bate na porta. Ele desvia sua atenção.
                  – Partiremos depois do almoço. – Sua voz é grave.
                   Enquanto caminho em direção a porta, uma mulher vestida de branco se aproxima. Por um instante penso que é a enfermeira que matei. Abro as mãos cerradas novamente.
                   Ando em direção a escada, passo por algumas janelas gigantes, até que vejo os portões da mansão cheios de gente. Eles parecem enfurecidos. Vou para outra janela mais próxima. Agora posso ouvir o que dizem:
                   – EXECUTE Á INIMIGA. – Meu coração dispara – EXECUTE Á INIMIGA.
                   – Você matou centenas de pessoas naquele prédio. – o guardião de Francisco se aproxima.
                    – Vocês matavam e torturavam centenas de pessoas todos os dias naquele prédio.
                    – Então estamos quites?
                    – Vai se foder.
                     Ele se aproxima da janela, em silêncio ele observa os soldados contendo os manifestantes.
                   – Meu nome é Will.
                   – Que merda é essa? – olho para ele com os olhos cerrados – O que você quer?
                  – Estamos do mesmo lado. Você é uma mutante e não quer deixar de ser. Do mesmo jeito que milhares de mutantes também não querem.
                  – O que você quer dizer?
                  – Francisco esta errado, o acordo que ele vai fazer trará a extinção para os mutantes. – sua voz sai grave e melancólica agora – Será uma catástrofe, Katy.
                   – E quem é pior que Francisco?
                   – Ele não é uma ameaça. – seus olhos me invadem – Os humanos são.
                   – Somos mais fortes.
                   – Juntos. A ilha estar dividida. Quando eles chegarem com suas armas, não sobrará muita coisa.
                  – Não podemos fazer nada quanto a isso.
                  – Podemos sim. Com você. – ele vai embora.
                   Sigo pelo corredor até chegar em uma longa escada. Poucos minutos e estou no quarto.
                   – Filha, que bom que chegou! – Ela sorrir, sentada na mesa perto da janela. – Venha tomar café da manhã.
                   Caminho até a mesa, da janela não dá para ver o portão. Apenas longos campos. Me sento na mesa. A observo comer, ela me passa alguns pães com geleia de amendoim.     
                  – Você tá sempre tensa, querida!
                  – Não confio nessas pessoas, preciso sair daqui. Vamos viajar com Francisco.
                  – Tudo bem meu amor!!!
×××
                  Sete soldados me leva para os fundos da mansão, minha mãe está ao meu lado. Um carro preto nos espera.
                – Vamos esperar Francisco. – um dos soldados fala para o outro.
                – Vai ficar tudo bem! – as voz da minha mãe me trás calma.
                 Aperto sua mão forte, seus olhos castanhos me fitam. Meu coração dispara quando vejo Francisco saindo, atrás dele Will e a mulher. Ela me encara cheia de raiva. Olho para ela por cima dos ombros.
                 – Bom dia Sra. Downey. – ele entra no carro junto com Will.
                 Minha mãe entra em seguida. Olho para a guardiã de Francisco, ela entra na casa batendo forte a porta.
                 – Não temos o dia todo. – Fala Will.
                 Entro no carro e logo estamos fora da mansão. O carro totalmente reconhecível de Francisco corta as ruas em alta velocidade. Poucos minutos depois chegamos na parte isolada da cidade. Meu coração acelera, a poeira ainda dança no ar como quem não tem pressa de acabar.
                  – Sra. Downey? – a voz melancólica de Francisco preenche o vazio do carro – Este foi o prédio que foi destruído.
                   Ela agora olha pra mim, seus olhos estão marejados. Respiro fundo, uma vez, duas vezes...
                   – Aqui funcionava...
                   – JÁ CHEGA. – freio o carro bruscamente.
                   Com as mãos em direção ao volante, todos reparam se estão bem. Os olhos de Francisco parecem me serrar por inteira. O olhar da minha mãe é diferente, ela sabe que posso contar tudo que aconteceu.
                   – Mamãe? – de seu nariz sai sangue agora.
                   – Não é nada querida.
                    Várias pessoas começam a bater no carro agora, eles parecem enfurecidos, suas mãos pesadas no vidro fazem a lataria do carro estremecer. O motorista tenta acelerar agora, as pessoas começam a abrir caminho, mesmo assim o carro é fortemente agredido nas laterais. Alguns minutos depois e deixamos as pessoas para trás. Seguimos em direção ao L-ponto.
×××

             Chegamos em Londres, já é noite. Eu e mamãe vamos em um carro separado de Francisco e Will. Meu coração acelera. A um tempo atrás tudo que queria era voltar pra cá. Mas, hoje não sinto mais a vontade devastadora que me fazia chorar de saudades.
             – Estamos juntas! – Mamãe aperta minha mão gelada.
              Chegamos em um hotel, descemos e logo três soldados Franciscanos aparecem para nos escoltar para o quarto. Subimos até o sexto andar no elevador. Mais alguns corredores e chegamos em uma suíte.
               – Filha, o que você tem? – ela fecha a porta, enquanto caiu na cama sentada em prantos.
               – Eu queria a Sophie e o James comigo! – Não consigo segurar as lágrimas.
               – Vamos voltar para a ilha.
               – Não mãe. – Minha voz sai trêmula – nunca vou poder ter eles.
               – Do que você esta falando? – Ela se aproxima para me abraçar...
               – Quando estava com eles, queria a senhora. Agora tenho a senhora comigo, mas, não posso ter eles.
                Seu abraço me envolve agora, tudo que precisa neste momento. – Eu preciso ficar forte – falo para mim mesma enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto vermelho. Nos braços de minha mãe observo a letra “J”. Tudo que vem em minha mente agora são as imagens distorcidas de James e Sophie.
        

×××

               Levanto da cama alguns minutos antes do combinado. Não dormir a noite inteira. Vou até a janela, Londres não parece a cidade destruída que deixei. Talvez eles encontraram um jeito de conviver com os mutantes. Os prédios daqui parecem inteiros. Vou até o banheiro fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar mamãe. Entro no box todo de vidro e porcelana, logo a água quente começa a cair em minha cabeça. Alguns minutos depois saiu do banho. Vou até umas malas que Francisco mandou entregar no nosso quarto ontem. Vejo algumas calças até encontrar uma calça jeans escura, pego uma camiseta escura com um colante preto. Um tempo depois e estou na frente do espelho, a calça colada com os sapatos pretos, a camisa com o colante realçando minha cintura. Lembro de Lauren com sua loucura por moda. Quando me olho outra vez vejo um sorriso de canto. – Lauren! – logo a imagem dela caindo na campina com o tiro vem em minha mente, me fazendo entrar em alto-defesa outra vez. Pego um casaco e saiu do quarto.
                 Os soldados me levam para o carro. Um homem abre a porta traseira, entro e Will consente com a cabeça.
                – Hoje teremos uma reunião muito importante. – A voz de Francisco rompe o silêncio – Você só precisa ficar calada enquanto mostro seus exames.
                 Apenas observo á vista fora da janela. O carro começa se mover. Will olha as ruas com atenção, umas vazias. Umas com algumas pessoas. Umas destruídas. Outras intactas. Passamos por algumas pontes antigas. Minutos depois e chegamos em um castelo. Observo o ambiente dentro do carro.
               – Sabe, pena que tenha que ser você com tantos poderes. Espero que isso acabe logo e nunca tenha que olhar para você outra vez.
              – Reciprocidade é algo maravilhoso!
              – Por isso que a maioria dos seus amigos estão mortos. – olho para janela mais uma vez, raios faíscam em meus dedos. – Por isso seu marido não está com você, Você sempre viverá sozinha. Você é um monstro. Você não merece ser feliz.
               Meus olhos enche de lágrimas enquanto ele continua com suas palavras agressivas. – Mãe. Não posso arriscar sua vida. – as lágrimas caem agora. Com tantos poderes, poderia matar todos dentro deste carro com um simples piscar de olhos. Porém, a vida da minha mãe vale mais. Sim! Respiro fundo. Outra vez e outra vez.
               Alguém abre a porta para Francisco descer, em seguida a minha se abre, desço rapidamente do veículo e sigo Francisco de outros homens de ternos pretos. Seguimos pelo corredor central do Castelo, passo as mãos em meu rosto para enxugar as lágrimas. Um homem alto me analisa enquanto caminhamos no corredor, ele está parado encostado em uma coluna, tiro o olhar do homem quando uma porta grande se abre. Vários homens de ternos levantam, um homem de cabelos brancos levanta uma mesa central.
                – Recebam o líder dos mutantes. – os homens batem palmas. – Estou muito feliz que você aceitou nosso acordo.
                – É um prazer para mim, e toda comunidade mutante.
                Observo Francisco, ele parece querer muito agradar esses homens. Uma mulher loira se aproxima da mesa central, ela segura uma pasta com vários papéis dentro.
                – Vamos começar uma nova história. Sem ameaças. – o homem fala, e todos parecem celebrar com gritos e palmas.
                    
                 
     
               
     

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora