Capítulo 20 ( KATY )

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        Frio, posso ver Oliver batendo os lábios, não sinto meu corpo direito. A noite vai passando, é como se estivesse virando mutante outra vez. Lembro de sentir isso em Londres.
        Meu corpo começa arrepiar, de repente, começo a flutuar no ar, um círculo quase transparente se ergue em minha volta. Olho para Oliver – Ah... – grito de dor, ele acorda, vejo ele tentando atravessar o círculo, mas, tentativa não muito bem sucedida. Raios faísca no meu corpo inteiro, as paredes da sala agora ficam brancas congeladas, alguma coisa parece me sufocar por dentro, lentamente minha vista vai escurecendo até que não consigo mais... ater que... até...
×××
             – Katy? – o chamado de Oliver parece bem distante, quase não reconheço sua voz – Katy?
              Abro os olhos, estou voando, com o susto caiu no chão, o piso quebra com o impacto. Franzo o cenho – estranho! – era pra mim sentir dores na queda, mas não sinto nada.
              – Oi! – Oliver se aproxima com receio nítido.
              – Oliver, meus poderes – não consigo desmanchar o sorriso.
               Lanço uma bola de fogo no grande corredor, meu fogo não é mais vermelho, é azul, parece indestrutível, olho para Oliver.
              – Katy, você precisa ir embora.
              – Nós precisamos.
              – Você disse que esta cidade te trouxe apenas dores...
              – Não. – interrompo – eu disse que ela me trouxe catástrofe, agora é minha vez.
               Ando em direção a porta, Oliver vem atrás, meu coração dispara a cada passo, eu vou sair deste inferno, e vou acabar com seu poder.
              – Como vamos abrir a porta?
              Lembro do que fiz no chão com a queda, me afasto para pegar distância, rapidamente volto correndo, lanço meu corpo em direção a parede, quando meu corpo se choca com a parede ela não resiste, uma parte da parede se quebra junto com a porta, caiu no chão, talvez não precisasse correr tanto, a poeira sobe no ar.
               – Oliver, vamos. – ele ainda está na sala. – Oliver, você merece uma segunda chance, vamos comigo lutar para sobreviver.
               – Obrigado jovem Katy! –
               Quando ele sai da sala, várias luzes começam a piscar, corremos pelo corredor longo, pelo que me lembro foi por aqui que cheguei, vários homens vem em nossa direção, eles lançam vários poderes, me protejo com o escudo invisível, olho para Oliver.
                – Pode ver o escudo?
                – Sim!
                – Não saia dele.
                Eles se aproximam, uns correm, outros voam, com a mente faço os homens do chão flutuarem, arremesso seus corpos uns contra os outros no ar, os que já estão pertos de mim e Oliver voando, raios os atinge.  Todos estão no chão agora. Continuo o caminho com Oliver – olha, vamos – vejo o elevador.
                Subimos até o piso 1°, posso ver as janelas de vidro, está de manhã, parece uma manhã tão calma olhando os jardins da mansão. A porta abre e uma rajada de tiros começa, Oliver não sai do elevador, vou para linha de frente, três tiros me acerta, o escudo agora me protege, um tiro no braço, outro na perna direita, e o outro na barriga, sinto apenas pontadas finas como agulha me furando, as balas começam a sair de dentro de mim, quando as balas caem no chão, vejo as feridas cicatrizando. Volto a atenção para os homens, cerro os dentes, disfarço o escudo, eles atiram, mas agora meu corpo parece o próprio escudo, nenhuma bala consegue me perfurar, lanço varias bolas de fogo azul na direção deles, não paro até que o último caia no chão pegando fogo.
           Corremos em direção à porta central, uma porta de metal fecha o corredor – Ah... – um grito de ódio toma conta do ambiente, amasso a porta com a mente, é como se fosse de papel agora. Lanço a porta totalmente amassada como uma grande bola de papel na janela de vidro. Vejo a porta central, não paramos de andar, meu corpo entra em choque quando me vejo em um grande espelho. Meu cabelo ruivo, curto, mas não mais picotado de mal jeito. Minha pele sem manchas nem ematomas. Meu rosto pálido, sem olheiras ou marcas de choro.
               – vamos? – fala Oliver.
               Corremos até a saída, as sirenes não param um minuto, quando saiu da mansão respiro fundo, não acredito que estou livre outra vez.
                – oh!!! – o gemido de Oliver atrás de mim faz meu corpo arrepiar.
                 Uma lança preta está atravessada em seu coração, ele cai no chão com a boca ensanguentada.
                  – Katy, me perdoe! – lágrimas escorrem pelo seu rosto.
                  – Sim, eu o perdoou – seguro sua mão no chão, seus olhos se fecham. Eu não sei muito o que fazer vendo ele morrendo em minha frente.
                  Olho para Francisco, seus guardiões estão logo atrás, das mãos de Francisco sai uma coisa preta idêntica a lâmina que atravessou o peito de Oliver. Volto minha atenção para Oliver morto no chão – hmm – Francisco me encara.
                  – Se renda agora. – ele grita.
                  A mulher morena vai para frente de Francisco outra vez, levanto do chão, deixando o corpo frio de Oliver. Ela faz meu corpo flutuar, sinto dores por todo meu corpo.
                 – Vai ver você não é tão forte quanto pensa. – ela fala no tom de deboche.
                 – Sim, eu sou.
                 Me concentro, até que não sinto mais as dores, meu corpo começa a descer novamente para o chão, observo seu susto ao ver que perdeu o controle, agora ela começa a a gritar de dor, ponho seus braços para trás, seus ossos começam estalar. O guardião da esquerda corre em minha direção, arremesso seu corpo a dez metros de distância com a mente, Francisco joga suas lanças em minha direção, o escudo me protege instintivamente. Largo a mulher no chão desmaiada, o terceiro guardião vai ao seu encontro no chão de grama.
                – Eu vou embora, e você não vai me deter. – Francisco me fita com seu olhar feroz.
                – Tente sair. – dezenas de soldados saem da mansão.
                – Não precisamos fazer isso. – olho para ele, ele sabe que vou matar todos. Eu não quero um banho de sangue – Não precisamos mais derramar sangue, Francisco.
                – Se renda. É sua última chance.
                – Não.
                – Peguem ela.
                Os homens correm em minha direção, eles passam por Francisco, jogo minha mão direita como se fosse jogar boliche, uma muralha de gelo se forma, corro em direção a cidade, os homens terão que fazer a volta na parede de gelo.
              – CIDADÃOS FRANCISCANOS,  SAIAM DAS RUAS. – uma voz feminina robótica quase ensurdecedora – ELA É UMA AMEAÇA PARA TODOS, DEIXEM AS RUAS AGORA.
               Corro pela rua principal, vejo uma loja de roupas, parece não ter ninguém, pego uma peruca loira com um chapéu preto, em seguida saiu pela rua movimentada, todos parecem com muita pressa. Telões se acendem por toda parte, na avenida grande posso ver dezenas de imagens minhas passando em todas as telas simultaneamente. Com meu rosto estampado tento evitar o máximo olhar para as pessoas. Carros passam em alta velocidade com suas sirenes ligadas ao máximo.
                 – MATE A INIMIGA, MATE A INIMIGA... – a multidão grita, eles vibram, batem palmas.
                 Deixo a multidão seguir em frente, sigo por um beco estreito, o povo desta cidade merece morrer, todos. Olho para as minhas mãos agora, uma bola de fogo está formada, apago as chamas, continuou o caminho, saiu do beco e me deparado com outra rua – Espera – essa eu conheço. As pessoas deixaram as ruas nesta parte da cidade, sigo andando pela calçada. A avenida é larga e ampla, seus prédios luxuosos de um lado e do outro. Caminho até ver o maior de todos, tão alto e majestoso no coração da cidade.
              – Ah... – deixo o ar sair lentamente.
              Toco em minha barriga – Meu... meu filho! Toby! E o James, todos mortos lá. – em suas grandes janelas posso ver cientistas trabalhando, fazendo o mal. Cloe está lá dentro. Ela é minha amiga. Volto meu corpo para trás. Preciso ir embora o mais rápido possível.
               – Não... não! – vários carros com os soldados de Francisco vem pela via Sul, olho para o outro lado mais soldados e carros. Dois helicópteros voam por cima do prédio. Todos estão com suas armas apontadas em uma única direção. 
                – Katy, você foi valiosa para nós... – a voz de Francisco sai nos rádios espalhados pelas ruas – seu teste acabou.
                O procuro até encontra-lo em um carro forte, cerro os olhos nele, olho para o “J” em meu pulso, fecho o punho, volto a encara-lo. 
                 – Fogo.
                 Vejo os raios de sol beijando as fachadas altas dos prédios, cercada por todos os lados, eu não vou me entregar, eu prefiro morrer assim. Então, começa o barulho ensurdecedor de tiros.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora