– Ah... – não consigo controlar os gritos.
A dor é intensa por todo meu corpo, não consigo pensar em nada, nem em ninguém agora, fecho os olhos apertando o máximo que consigo, não posso movimentar meus braços, nem minhas pernas, estão pressos com algumas amarras que tem na cama.
Não sei por quantas horas estive na cama de exames, sou levada por dois guardas a um pequeno refeitório aqui mesmo no laboratório.
– Você tem vinte minutos antes de voltar para os testes. – um dos homens fala.
Ele coloca uma bandeja na pequena mesa, olho para os legumes e frango assado, ele tranca a porta. Não consigo comer, tento lançar fogo na porta, mas nada acontece. Não consigo evitar as lágrimas loucas para cair e não parar mais. – não é hora pra isso. – falo para mim mesma.
×××
O homem abre a porta do refeitório bruscamente me fazendo assustar.
– Vamos.
Levanto da cadeira e sigo em sua direção, a comida contínua do jeito que ele trouxe.
Chego na sala dos exames, a doutora já está aqui, ela sai detrás dos computadores e vem em minha direção.
– Katy, você pelo jeito é mais forte do que pensávamos. – ela parece me olhar com um certo fascínio.
Os guardas vão embora, ela me coloca na cama, ela não prende minhas pernas nem meus braços dessa vez, só coloca alguns sensores na minha cabeça. um médico se aproxima com uma injeção, o líquido é meio azulado. Ele injeta todo o soro em meu braço. Meu corpo fica arrepiado. Olho para a médica atrás dos computadores, ela parece surpresa.
– O soro deveria eliminar as células modificadas pelo gene mutante, mas, elas destruíram os combatentes contidos no soro. – olho para ela fixamente.
– O que faremos? – pergunta o médico.
– Recolha mais sangue dela.
É tudo muito rápido, somos só nós três na sala, por enquanto, sinto dores na barriga, lembro de Cloe falando sobre esperança, preciso reencontrar a minha.
Olho para o médico ao meu lado, ele ainda está segurando a injeção, rapidamente pego de suas mãos, ele se joga pra cima de mim tentado pega-la de volta, enfio toda agulha em seu olho direito, ele cai no chão imediatamente gritando de dor.
Corro em direção a médica, não vejo mais o sorriso debochado em seu rosto, ela fica parada no canto da parede.
– Você não vai tentar se defender? – eu grito a alguns passos de distância.
– Eu não sou mutante feito você. – ela fica seria.
Os alarmes começam a tocar, ela tira seus dedos lentamente do teclado. Seu olhar está cerrado nos meus.
– Eu odeio você. – falo com os dentes trincados.
Não sinto mais as dores na minha barriga, nem em canto nenhum, tudo que quero é mata-la, em poucos minutos a sala ficará cheia de guardas, corro em sua direção, lanço meu corpo inteiro em sua direção batendo sua cabeça branca na parede. Ela cai no chão, arranco a tela do computador da mesa, os fios vão ficando pelo caminho, seguro a tela com as duas mãos, subo em seu corpo no chão, sem pensar começo a bater em seu rosto com a tela.
– Você arrancou meu filho sem nenhuma gota de compaixão – não me dou conta que as pancadas vão ficando cada vez mais fortes – Eu odeio você.
Ela parece desacordada o vidro da tela se quebra, parafusos e peças pequenas vão sendo arremessadas pelo ar, minha mão sangra por causa dos cacos de vidro, jogo a tela quebrada no médico que tenta levantar, vou até um extintor de incêndio pendurado na parede, ele é um pouco pesado, suspendo ele com as duas mãos, quase não sinto minha mão cortada, agora esmago a cabeça da médica, várias vezes, não consigo parar, não quero parar, estou com pingos de sangue por todo meu corpo.
– Você é louca... – grita o médico no chão.
Quase não escuto ele, não tiro os olhos do rosto dela esbugalhado em baixo de mim, lembro do seu sorriso, mas, não consigo mais localizar sua boca em meio aos nervos e sangue, um cheiro forte que não consigo identificar, sou pega por trás, dois homens me tiram de cima da médica, olho para ela até onde dar, dobramos o corredor e ainda posso sentir o cheiro de sua cabeça esmagada.
Eles me levam para dentro de um carro, meus olhos enchem de lágrimas, toda adrenalina se vai, pela primeira vez estou fora do prédio. Vejo as ruas largas, tem tantos guardas aqui, nunca poderia derrotar todos sem meus poderes. Um carro preto para em nossa frente, eles me colocam dentro.
Andamos alguns minutos, paramos na frente de uma mansão. Os homens saem do carro, um deles abre a porta e me pega pelo braço com força. Entramos na casa, vamos até um salão todo de vidro.
– Katy, ou Katy! – sussurra Francisco sentado em uma grande poltrona.
Olho para ele, três pessoas estão do seu lado, toda cidade deve ter seus guardiões, a mulher a sua direita me examina de cima a baixo, os outros homens parecem não se importar muito.
– Você fez uma coisa muito mal. – Francisco fala lentamente. – Antes de você matar nossa melhor médica, ela me mandou seus últimos exames.
Olho para ele, eu adoraria matar Francisco da mesma forma que matei aquela mulher – Eu vou te matar – sussurro, uma vez, duas vezes, três vezes, ele vai falando e tudo que consigo fazer é sussurrar – eu vou te matar – agora grito o mais alto que consigo.
Diante de Francisco os guardas soltaram meu braço, não tinha me dado conta disso. Ele sorrir, parece bastante confortável.
– Ah... seu desgraçado. – corro em sua direção, os guardas não são rápidos o suficiente para me parar.
Francisco e seus guardiões estão em cima de uns quatro degraus, me aproximo e ele continua sentado do mesmo jeito – eu vou te matar. – a mulher vai para frente dele, ela estende as mãos e começo a flutuar no ar. Não consigo me mexer.
– Não tenho medo de você, deve ser difícil deixar o título de mutante mais forte e blá blá blá... – ele levanta – você não passa de uma humana agora.
A mulher morena de cabelos curtos me joga no chão, caiu de barriga – há... – respiro fundo, sinto uma dores fortes agora.
– Levem ela para baixo. – Francisco fala.
Os guardas me seguram pelos braços, deixamos o salão e seguimos pelos corredores beges, vejo os campos e jardins de flores fora da janela, entramos no elevador agora, a casa por fora não parece ter mais de dois andares, não subimos, descemos até o subsolo, saímos do elevador, aqui não tem janelas, as paredes são escuras, várias portas ao longo do corredor, eles param na frente de uma porta, vejo o número 47 antes deles me jogarem pra dentro.
Quando eles fecham a porta quase não vejo minha própria mão, uma luz fraca está pendurada no alto, não tem nada no pequeno quarto, apenas um chão gelado e paredes escuras. Respiro fundo, evito não me mexer muito, sinto dores em todas as partes, sento no chão, agora não adianta fazer muita coisa, ainda estou suja de sangue, lembrar que matei aquela desgraçada me deixa satisfeita.
– Mãe, Sophie, Flora, Megan e Max... – penso no nome deles por alguns minutos, quero vê-los antes de morrer. Não consigo segurar o choro quando penso em James e Toby.
– Eu vou matar Francisco.
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Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o final
Fiksi IlmiahNos últimos meses tudo que vimos foi guerra, sangue, morte e dor, muita dor. Você foi testemunha da nossa guerra para destruir uma inimiga. Você foi testemunha da nossa guerra para destruir a mentira de um líder corrupto. Você viu a queda de duas gr...