Capítulo 24 ( KATY )

40 6 0
                                    


            Á luz dos últimos minutos do sol invade o quarto feito de madeiras. Toby está sentado na beira da cama. Chego a ficar minutos sem falar nada. Lágrimas escorrem dos meus olhos ao lembrar do prédio caindo. Cloe. Inclino a cabeça para baixo mais uma vez.
             – Eu matei minha amiga.
             Toby me olha sério por algum tempo. Esparava outra reação. Mas, ele age com uma naturalidade que faz meu peito querer sair de dentro de mim.
              – Você ouviu? – Levanto da cadeira e sigo em direção sua cama – TOBY? EU MATEI MINHA AMIGA.
               – Você acha que foi a única? – ele vai em direção a janela, os raios de sol beijam sua pele, como uma escultura, moldada a mão.
               – Eu, eu... – seus me invadem agora.
               – Você não foi a única. Jovens que estão aqui com os seres da floresta, também tiveram que matar pessoas bem próximas.
               – É diferente! – lágrimas escorrem pelas minhas bochechas .
              Toby me encara com o cenho cerrado. Uma luz se ascende, me fazendo lembrar que a noite chegou. Ele levanta da cama, seus olhos estão fixos em mim.
              – O que é diferente, Katy? – sua voz sai roca.
              – Eu... – meus olhos encontram os seus, quase não o enxergo até que uma lágrima pesada cai dos meus olhos – quando estava no ar, e raios caiam no interior do edifício, eu sentir uma força diferente, um ódio, não consigo explicar.
              – Você deve...
              – Alice, não é? – ele congela, posso sentir o arrepio pelo seu corpo.
              – Você é filha dela.
              – Ela fez coisas terríveis com aqueles poderes!
              Meus olhos fogem dos seus, olho para janela, não consigo mais ver muita coisa com a escuridão lá fora.
                – Alice, nem toda vida foi daquele jeito. – ele senta novamente na cama – Ela era Boa, vivíamos bem até Vitória chegar na cidade da luz.
                 – A visão do Monks, vimos como ela tratava as pessoas da cidade das trevas.
                 – Sim. Não sabemos ao certo o que aconteceu com ela, ela viajou e quando voltou, já veio com aqueles poderes.
                 Respiro fundo, olho para ele, seu seembrante vai caindo outra vez. Ele parece esconder alguma coisa.
                – O que aconteceu? – sua atenção é voltada para o chão agora.
                – Eu não tenho mais meus poderes!
                Ele começa a chorar, Toby fica inconsolável, levanto da cadeira e abraço ele. Toby me abraça de volta apertando com força minha cintura. Minhas mãos deslizam pelo seus cabelos lentamente.
                – Eu não sei mais o que sou, Katy!! – as palavras saem entre soluços.
                – Eu também fiquei sem meus poderes por alguns dias. Os cientistas estavam usando uma vacina em mim.
                – Eu fui atingido por uma bala, ela continha um líquido dentro. – ele me solta.
                – Como você foi atingido?
                – Eu, James e os outros fomos para cidade franciscana atrás de você. Eu me separei do grupo para resgatar Charlie, e na volta fui atingido na saída.
                – Eu sinto muito, eu tentei escapar, mas Oliver não deixou.
                – Você via eles?
                Meu coração dispara, o observo olhando para mim, talvez com a esperança de Charlie ainda está vivo. Eu sei que não. Eu só não sei como contar agora.
                  – ontem eu e Olivier participamos de um jogo. – ele franze o cenho – Francisco nos colocou em uma sala.
                  – Neste jogo vocês tinha que fazer o quê? – ele me pergunta com os olhos vermelhos cerrados em mim.
                  – Salvar o Charlie.
                  Ele fecha os olhos respirando fundo, um silêncio assustador toma conta do quarto, até que ele começa chorar baixinho. Não consigo controlar as lágrimas também. Tento não fazer nenhum barulho. Passo a mão pelo meu rosto enquanto Toby está inconsolável na cama.
×××
                Já se passaram várias horas, observo o céu estrelado pela janela do quarto. Toby está sentado de costas para mim. Volto a atenção para fora da janela. Até que sua voz grave rompe o silêncio...
                – Vocês conseguiram?
                Respiro fundo, observo pela última vez o céu até que começo a andar pelo quarto. Dirrepente observo seus olhos me fitando.
                – Não!
                Ele olha para o chão. Não sei o que isso significa.
                – Pra mim, ele já morreu naquela floresta.
                 Olho para ele seria. Preciso ir agora. Caminho em direção a porta, até que ele faz meu corpo parar automaticamente.
                  – Katy? – volto a atenção para ele outra vez.
                   – Oi.
                   – Espero que ficar igual a Alice não seja uma opção pra você.
                   – Não é.
×××
                  Eu e Flora estamos na varanda, Sophie já estar dormindo. Tomo um pouco de chá que a senhora Summer fez logo cedo.
                 – Sophie cresce rápido!
                 – Ela é uma garota esperta – Ela fala passando os dedos lentamente em seu colar – Ela quer ver você e o James juntos logo.
                  Meu coração congela, não consigo evitar. Ela me olha desconfiada.
                  – Algum problema?
                  – Não tenho nenhuma notícia dele, e ele acha que estou morta.
                  – Você agora pode voar. – Ela sorrir.
                  – Hm... – olho para o céu estrelado.
                  – Várias pessoas já voltaram para cidade da luz. – Ela me encara, até que meus olhos encontram os seus novamente – Aos poucos vamos reconstruir tudo, estou pensando em voltar pra lá. É o que o Logan faria.
                  – Você tem toda razão! – aperto sua mão, ela se aproxima e me abraça forte.
                  Meu coração dispara com o barulho forte ao leste, solto Flora rapidamente.
                  – Estamos sendo atacados. – Flora fala indo em direção a porta.
                 – Eu vou ver o que aconteceu, você pode ficar com a Sophie?
                  – Sim!
                  Pulo a varanda, vários seres da floresta estão indo para o leste na direção do ataque, as borboletas de Ava voam rapidamente em cima de nós.  Deixo os homens correndo no chão e vôo atrás das borboletas, tudo é tão escuro, até que começo ver uma pequena parte da floresta pegando fogo. Subo mais alto agora, preciso ter uma visão de todo território. Com certeza são guardas franciscanos, dez mutantes atiram bolas de fogo nas árvores mais a frente. Olho para trás, posso ouvir os gritos dos guerreiros da floresta se aproximando.
              – AVA, SÓ QUEREMOS Á KATY DE VOLTA. – Francisco fala, parece usar algum alto falante.
               Os dez mutantes lançam mais fogo, eu não vou deixar esses miseráveis destruir a floresta. Dou um rasante no ar, passo as borboletas no céu que sobrevoam em círculos. Antes que os soldados de Francisco possam me ver lanço raios neles. Pouso no chão lentamente, cinco homens vem em minha direita, estendo as mãos e os arremesso sobre os grandes troncos das árvores. Bolas de fogo vem em minha direção mas são interrompidas pelo meu escudo. – Ah... – solto um grito de fúria. Observo ao meu redor vários soldados em formação me cercando.
               – Estavam me procurando? – lembro do prédio caindo. Dirrepente posso ouvir a voz da médica em minha mente. Uma bola de energia amarela se aproxima de mim. Antes que ela me atinja, entendo as mãos e faço a bola de energia explodir em quatro soldados.
                 Ponho as mãos no chão agora, galhos de árvores saem por toda parte, eles seguram cada homem que me cerca, suspensos no ar, eles gritam enquanto aperto lentamente seus corpos fazendo os ossos começar a quebrar. Fecho as mãos e os galhos começam a arrancar seus braços, pernas, cabeças, sangue respinga por toda parte enquanto eles vão sendo despedaçados como papel.
               Agora estão todos mortos, levanto do chão, começo a flutuar agora, estou a um metro do chão, a pedaços de corpos por toda parte agora em minha volta.
               – Katy? – ouço a voz de Francisco atrás de mim. – Você vem comigo.
                – E quem vai me prender – me viro para ele agora – Você?
                Raios cortam o céu ao meu comando, vejo o rosto imundo de Francisco fixo em mim. Atrás dele vários soldados segurando armas, provavelmente com o líquido que os humanos deram. 
                  – Eu não vou te prender, mas seu amor por ela vai. – Suas palavras agora são mansas.
                  Os seres da floresta estão atrás de mim, preparados para entrar em guerra contra os soldados Franciscanos. Vejo Ava na linha de frente de sua tropa. Uma mulher sai detrás de Francisco, ela é segurada por dois soldados.
                   – Filha? – meu coração dispara, não acredito que ele conseguiu encontrar minha mãe em Londres.
                    Um barulho ensurdecedor dos raios e trovões estalam no céu, com a mente explodo todas as armas nas mãos dos soldados, uns jogam as armas antes, outros perdem as mãos, queimam o rosto. Pouso no chão furiosa. Meu corpo faisca como chamas ardentes, das minhas mãos um chicote de fogo azul ardente, pronto para queimar o que tocar.
                    – Solte minha mãe seu desgraçado.
                   – Soltem ela. – ele fala para os homens.
                   Os soldados soltam ela, Francisco volta a atenção para mim. Cerro os olhos nele, até que minha mãe se aproxima. Disfarço o escudo e ela me abraça. Estou rígida, não consigo lhe abraçar de volta, até que lentamente meus braços vão fazendo uma volta por seu corpo mais magro que o normal. – Faz tanto tempo!!! – sua mão desliza pelos meus cabelos.
                   – Não tem como ela escapar, injetamos algumas bombinhas internas. Não quer ver sua mãe explodir, quer?
                  Saiu dos braços dela, entendo as mãos em direção a Francisco, ele começa a flutuar, parece orgulhoso demais para gritar e mostrar o quanto dói para os outros. Soldados se aproximam de mim, mas, raios acertam seus corpos.
                   – Eu odeio você. – paro o corpo indefeso dele bem em minha frente.
                  – Se eu morrer, ela morre. – ele fala entre os dentes, seu nariz sangra.
        
●●● SOPHIE ●●●

                  Acordo meia sonolenta, posso sentir uma agonia dentro de mim. Tia Flora está na janela, parece aflita.
                  – Tia Flora? – Ela parece se assustar.
                  – Meu amor – ela se aproxima – Você  acordou.
                  – Tia Katy, posso sentir ela. – Ela me abraça chorando – Me leve até ela, eu preciso vê-la!
                  Ela me olha com os olhos marejados, eu preciso ver a tia Katy. Eu preciso ver ela. Lágrimas escorrem em meu rosto agora. Tia Flora segura na minha mão.
                – Vamos.
               – Espera! – aperto sua mãos mais firme – Agora ninguém pode nos ver.
                – Então este é seu poder?
                Dou um pequeno sorriso para ela. Saímos da casa na árvore e corremos pela floresta. Poucos minutos e estamos no meio de várias pessoas. Vejo vários corpos no chão. Seguimos mais a frente, agora vários pedaços de corpos no chão. Tia Flora me olha, parece apavorada. Passamos os seres da floresta, até que vejo tia Katy e um homem no meio do campo.
                – Eles não podem levar ela tia Flora!
                – Ela vai ficar bem meu amor!
                Tia Katy olha para trás, parece conversar com Ava pelo olhar, até que ela me ver, mesmo invisível eu sei que ela está me vendo. Não entendo como ela conseguiu, lágrimas escorrem de seus olhos – Eu te amo! – as palavras sai de seus lábios sem som.
                 – Ela nos ver?
                 – Sim.
                 Os soldados Franciscanos começam a se retirar, dezenas de corpos estão mortos no chão. Tia Katy some com eles na escuridão.
                 – Ela vai voltar! – Tia Flora me abraça forte agora, enquanto não consigo parar de chorar.

Mutantes Vol. 3 KATASTROPHE o finalOnde histórias criam vida. Descubra agora