"Me diz como explicar
Seus gostos sendo os mesmos que os meus
O que acontece toda vez que eu olho nesses olhos seus?
Faço um monte de perguntas
E às vezes até acredito
Que as nossas duas vidas já viveram juntas
Se o meu violão acaso desafinar
Ou se eu não tiver voz pra cantar
Nada vai impedir de dizer e provar
Que essa vida eu só vivo pra te amar"
Duas Vidas – Henrique e Juliano.
Seria quase assustador ver tantos funcionários pra lá e pra cá trabalhando a todo vapor se eu já não fosse acostumada com toda essa comoção. Eu estaria até tranquila com a ideia de organizar uma festa, se a festa beneficente de Ricardo Albuquerque não fosse um grande evento que reúne fazendeiros, empresários, comerciantes além é claro, da comunidade, o pessoal da região, é um evento que muitos esperam ansiosos e mesmo que eu não estivesse presente nos últimos anos, eu sabia que a festa ainda continuava tão grande e divertida quanto eu me lembrava, por que os lucros que chegavam a nós lá na cede da empresa eram de longe os melhores do ano.
Então esse ano a responsabilidade era minha, eu teria que fazer jus a fama de papai e queria muito que ele se orgulhasse de mim. Ele e mamãe, com quem eu não tinha falado uma única vez depois da nossa conversa por telefone, chegariam depois do almoço quando a festa estava prevista para começar. Com papai eu falei nesse meio tempo, eu precisava descobrir se ele sabia de alguma coisa a respeito da armação de mamãe, e ele negou, mas eu meio que já sabia que papai não teria coragem de fazer algo assim, ele sempre foi a favor do meu relacionamento com Theo, e não se meteria em algo para nos prejudicar, papai inclusive, ficou muito feliz quando ficou sabendo que eu e Theo havíamos voltado.
Nesse meio tempo única coisa mais empolgante que aconteceu foi eu e Alice tentando convencer Theo de que ele estava agindo como um idiota sobre o relacionamento da prima com o melhor amigo. Mas depois de alguns gritos, uma conversa séria entre os dois amigos e eu ameaçar dormir de calça jeans pelos próximos meses é que Theo viu que não valia à pena bancar o ridículo sendo que os amigos dele estavam felizes juntos. Então a única coisa que realmente estava me deixando ansiosa eram os preparativos da festa e o fato eminente que logo eu veria minha mãe e sinceramente não tinha ideia de como reagiria a isso.
- Lilly, Lilly... Cordélia! – a voz de tia Beth me tirou dos meus pensamente, ela estava parada a minha frente com um enorme tacho vazio nas mãos. – Eu estou te chamando a um tempão, onde você estava?
- Longe aparentemente. Algum problema, tia?
- Bem...
- Bem? Não me diga que tem realmente um problema, hoje não, por favor!
- Calma, é só que a dona Flávia, a senhora responsável pela comida da festa nos últimos oito anos, pegou uma gripe antes de ontem, hoje de manhã ela foi levada ao hospital da cidade com suspeita de pneumonia.
- Ai meu Deus! Ela está bem?
- Está Lilly, aparentemente não é pneumonia nem nada sério, mas esse não é o problema, o problema é que mesmo que ela receba alta hoje, coisa que não sei se vai acontecer, ela não conseguiria chegar aqui a tempo de ajudar com a comida.
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Aprendendo a Recomeçar ✓
RomanceDepois de dez anos Cordélia Albuquerque finalmente está voltando à fazenda do interior onde tinha crescido, seria uma viagem mágica numa volta ao passado. Pelo menos era o que ela repetia a si mesma todos os dias depois que o pai decretou que ela pa...