Capítulo 8 - Isso é uma péssima ideia.

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"Só eu sei das noites que eu passei em claro, só eu sei

Eu precisei do seu abraço e vacilei

Se ao menos eu tivesse o seu carinho

Eu não me importaria de viver sozinho

Hoje eu não saí de casa, não vejo nada

A porta está fechada eu só queria ver você voltar

Pra ver se tem um pouco de paixão

Pra ver se brotou no seu coração o amor que eu plantei"

Se Tem Paixão – Matheus e Kauan.

Deve ter quase vinte e quatro horas que estou trancada em meu quarto, e passei boa parte desse tempo acordada, chorando e xingando. Só sai para ir ao banheiro e comer, por que não tem briga que me faça desistir da comida. Encaro o teto onde foram pintadas estrelas e aperto o pingente de madeira que o infeliz responsável por minhas lágrimas me deu. Durante esse último surto disse a mim mesma que o destruiria a dentadas e depois jogaria os restos pela janela, mas mudei de ideia no instante seguinte, isso só me faria ter mais trabalho ao ir buscá-lo no andar de baixo.

Era mais fácil eu me livrar do meu celular que desse colar, brinquei com o pingente e quase o joguei mesmo pela janela quando batidas na porta me assustaram.

- Você mofar aí não vai resolver seus problemas – Alice disse do outro lado e grunhi. – Isso, muito maduro da sua parte, Cordélia. A tia está trazendo bolo e café então é bom abrir a porta se não como a sua parte bem aqui na porta.

Arrastei-me até a porta e a abri, Alice sorriu e eu revirei os olhos.

- Só estou fazendo isso por causa do bolo.

- Eu sei – ela respondeu se sentando na minha cama, voltei para a confusão aconchegante das minhas cobertas. Alice me olhou curiosa.

- O que aconteceu ontem? De verdade. Você passou daquele jeito e se trancou aqui desde então e Theo foi embora antes que pudéssemos se quer perguntar o que aconteceu.

- Ele foi embora?

- Hugo aluga um apartamento na vila e quando Theo quer "dar um tempo" como diz ele, ele vai pra lá. É pra onde eles levam as piriguetes com quem ficam também.

- Você adora o lugar em? – quase consigo sorrir, Alice faz careta.

- Não é como se me convidassem com frequência. Acho que só fui lá duas vezes.

- Durante todo o tempo em que conhece Hugo?

- Bem, sim – ela parece envergonhada. – Eu disse a você, eu sou só a irmãzinha. Mas você está me dando voltas e mais voltas e nada de me contar. O que aconteceu?

- Não quero falar sobre isso – resmungo cobrindo o rosto com um travesseiro. Minha vida era tão mais fácil antes de papai me mandar para esse fim de mundo.

- Você ignorar não faz o problema sumir, acredite, eu tentei fazer isso com os meus – Alice diz puxando o travesseiro e o abraçando antes de se deitar ao meu lado para olhar o teto estrelado. – O que aconteceu?

- A gente se beijou.

- Sério? – ela apenas vira a cabeça para me olhar e faço que sim. – Achei que gostasse dele. Se vocês se beijaram, por que ele saiu puto e você passou a tarde chorando? Eu não entendo.

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