Capítulo 15 - Dor e recomeço.

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"Ficou pela metade a nossa despedida

Nenhum de nós teve coragem pra dizer adeus

Se era amor, vai ser por toda a vida

Cada perfume que sentir vai preferir o meu, vai

Sentir saudades assim como eu

Em algum momento vai lembrar

De tudo aquilo que a gente viveu

Era amor e amor é singular"

Singular – Loubet.

Já tinha quase uma hora que eu encarava o telefone fixo do escritório. Depois da briga com Theo e de nós jogarmos tantas verdades na cara um do outro eu subi para o quarto para pensar, mas não consegui ficar lá mais que alguns minutos, eu precisava de respostas, queria saber a verdade e sei que isso não ia acontecer se eu ficasse encarando a tinta desbotada da parede do meu quarto.

Então eu desci determinada a falar com minha mãe e tirar toda essa história a limpo. Já que aqui não pegava celular eu precisava do telefone fixo e de coragem para fazer a ligação.

- Chega! – disse a mim mesma em voz alta.

A verdade é que eu não queria ligar, por que parte de mim já sabia a resposta para as perguntas que eu queria fazer à mamãe e outra parte não queria acreditar em nada disso, mas eu estava cansada de fugir, eu fiz isso por dez anos, até mesmo me tornei outra pessoa para esquecer, só que agora eu não era mais uma garotinha assustada que teve que ir com os pais, agora eu era uma mulher forte e determinada e não vou mais me contentar com nada menos que a verdade.

Peguei o telefone e disquei o número que eu sabia de cor. Minha mãe atendeu no segundo toque.

- Alô?

- Oi, mamãe, sou eu, Cordélia.

- Lia! Que bom ouvir sua voz – ela disse animada e eu quase podia ver o sorriso em seu rosto. Isso só tornava as coisas ainda piores. – Por que não me ligou antes? Seu pai me disse que falou com ele há alguns dias.

- Desculpe. Aconteceram algumas coisas e eu acabei esquecendo de ligar. E como aqui na fazenda não pega celular, dificulta ainda mais as coisas.

- Aconteceram coisas? – mamãe pergunta como senão tivesse ouvido mais nada do que eu disse. – Que coisas, Lia?

- Muitas coisas.

- Não me diga que perdoou aquele fazendeiro interiorano pelo ele te fez? Eu disse ao seu pai que isso era uma péssima ideia! – ela pragueja sem esperar uma resposta. – Vou buscá-la. Vou pedir ao seu pai que suspenda essa palhaçada e vamos até aí trazê-la de volta pra casa.

- Mãe, não! – a interrompo. – Eu não vou, não sem antes terminar o que eu vim fazer aqui e nem sei se mesmo depois que eu terminar eu vá querer ir.

- Que história é essa, Cordélia? Como assim não sabe se vai voltar? A menos três semanas atrás você nem mesmo queria ir. O que mudou?

- Várias coisas mudaram e eu também. Na verdade eu não mudei, só me reencontrei.

- Cordélia... – mamãe parece chocada e surpresa de mais para dizer qualquer coisa que seja. – O que... O que aconteceu com você?

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