Capítulo 3 - Lugar favorito e recordações.

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"Talvez te escutando, eu possa te deixar

Mas te garanto que algum dia você vai lembrar

Daqueles bons momentos que a gente viveu

Talvez eu seja aquele pedacinho de rancor

Talvez eu seja aquela foto que você rasgou

Talvez pro amor eu seja ilusão

Aquela folha seca jogada ai ao chão

Quem saiba eu possa ser também o que você deseja

Eu possa ser também o que você mais quer

Procuro em você algo que ficou

Eu sei que entre nós ainda existe amor

Talvez te escutando, eu possa te deixar

Mas te garanto que algum dia você vai lembrar

Daqueles bons momentos que a gente viveu"

Ficou Marcado em Nós - Maurício e Eduardo.

- Quanto tempo mais você pretende ficar sentada aí? - Alice pergunta e suspiro em resposta me ajeitando no banco de madeira da varanda. - É sério, tem tipo, umas duas horas que você nem se mexe. Achei tinha alguma coisa que precisasse fazer aqui.

- E eu achei que você fosse babá e não terapeuta.

- Posso ser os dois - ela sorriu e eu revirei os olhos.

- Você é tão cínica quanto ele.

- Tia Beth sempre diz isso - ela sorri como se eu lhe tivesse feito um enorme elogio e eu fecho a cara no instante seguinte. Essa magricela definitivamente gosta de Theo e por mais que eu finja que não, isso me incomoda pra caramba.

- Vocês se conhecem há muito tempo? - pergunto sem ter realmente certeza de que quero saber a resposta. - Você e Theo?

- Tem oito anos - ela sorri de um jeito nostálgico. - Ter chegado a essa fazenda foi a melhor coisa que me aconteceu. Não entendo como alguém pode não gostar daqui - ela alfineta e sei que é de mim que está falando, sorrio amarga.

- Também não sei por que alguém se mudaria - sussurro. E ela me olha curiosa.

- Disse alguma coisa?

- Que é bem a cara de uma roceira dizer algo como isso. Pernilongos e lama? Não obrigada, eu passo - digo ficando de pé e vejo o rosto dela ficar vermelho.

- Eu realmente achei que pudéssemos tentar ser civilizadas, mas estou vendo que é impossível!

- Ainda bem que percebeu a tempo - sorrio irônica. Alice está prestes a me responder quando a caminhonete caindo aos pedaços de Theo estaciona a alguns metros e ele desce. Desta vez está sozinho, seu sorriso ao nos ver me derrete toda e me amaldiçoo por isso, nem fingir que não me importo eu consigo.

Alice desce as escadas da varanda e vai ao encontro dele, Theo a abraça de forma carinhosa e a demonstração de afeto dos dois me faz ferver por dentro. Não é ciúmes, não mesmo, só irritação por toda essa melação. Como claramente eu não tenho nada a ver com o momento irritantemente íntimo deles, sigo pela entrada lateral da varanda e desço, o céu de fim de tarde num misto lindo de laranja, amarelo e rosa me encanta, ainda estou andando quando me dou conta de que dei a volta na casa e estou ao lado do pé de manga cujo o balanço pendurado em seus galhos parece exatamente igual.

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