Prólogo.

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"Essa é uma velha história

De uma flor e um beija-flor

Que conheceram o amor

Numa noite fria de outono

E as folhas caídas no chão

Da estação que não tem cor

E a flor conhece o beija-flor

E ele lhe apresenta o amor

E diz que o frio é uma fase ruim

Que ela era a flor mais linda do jardim

E a única que suportou

Merece conhecer o amor e todo seu calor"

A Flor e o Beija-Flor - Henrique e Juliano.

Acordo com a cabeça latejando por causa de toda a bebedeira de ontem. Sento-me na cama só para descobrir que foi uma péssima ideia e me deito outra vez fechando os olhos e repassando os acontecimentos da noite passada.

Papai ia inaugurar mais uma de suas muitas lojas de artigos agropecuários, ele é famoso e rico o que faz de mim além de linda, rica e famosa também. Por isso sei que estou ferrada, sou sua filha, administradora da sede da empresa e ontem fiquei bêbada a ponto de ter a brilhante ideia de dançar sobre uma das mesas e cair de cara no chão levando comigo dois investidores do papai.

Ele está irado e eu sei disso, por isso vou tomar um banho, sair do quarto, ouvir seu sermão e não dizer uma única palavra sobre meu castigo. É ridículo pensar que uma mulher de vinte e cinco anos vai ficar de castigo, mas eu sei que alguma coisa ele vai fazer, Ricardo Albuquerque nunca foi de repetir uma mesma coisa mais de três vezes e ele já havia me alertado outras duas que se eu aprontasse mais alguma teriam consequências.

Papai era a pessoa mais tranquila e amorosa do mundo, e aquela pequena parte de mim que eu queria muito esconder sabia que talvez eu estivesse passando um pouco dos limites nos últimos tempos, mas como agora eu não me importava nem um pouco com isso, sorri.

Fosse o que fosse que papai inventasse, não poderia ser tão ruim.

Desci as escadas uma hora depois, de banho tomado, maquiagem e saltos, enfrentaria o que viesse de cabeça erguida, linda e maravilhosa. Papai estava sentado no sofá usando jeans e camiseta com o jornal nas mãos e o semblante triste, minha mãe apareceu vindo da cozinha com a maquiagem impecável e um ar irritado.

- Isso não são roupas para um empresário como você - ela reclama com papai que apenas suspira abaixando o jornal.

- Nossa filha deu um vexame daqueles ontem e tudo com o que se importa são as roupas que uso em casa, Cíntia?

- Ah, não faça parecer que uma bebedeira é o fim do mundo, Ricardo - mamãe me defende e sorrio terminando de descer as escadas, se tem alguém capaz de me salvar do papai hoje, com certeza é ela.

- Bom dia família! - digo tentando amenizar o clima e faço uma careta logo em seguida pela dor de cabeça, falar tão alto não foi uma boa ideia.

- Cordélia - papai diz simplesmente e eu respiro fundo esperando o sermão que sei que virá. Ele só me chama assim quando quer falar sério. Fora isso eu sou Lilly, para ele e apenas para ele eu continuo sendo a Lilly. - Você tem ideia do vexame que deu ontem? De que aquelas pessoas todas que esperavam ver a herdeira de tudo viram só uma inconsequente bêbada?

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