Capítulo 12 - Dona Flor e seus... Três maridos?

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"Por favor, me fale a verdade

To morrendo de saudade

Vem cuidar de mim

Vê se lembra de tudo que agente viveu

Diz pra mim que assim como eu

Você sente saudade e tem medo do fim

Pra falar a verdade nunca amou ninguém assim

E que a tempestade está perto do fim

Eu sou sua metade e você nasceu pra mim"

Tempestade – Santorine.

O parque me pareceu boa ideia, claro que era boa, uma noite sem Theo, confusão e sem pensar em tudo que está acontecendo conosco. Era pra ser só uma volta com Alice, nós comeríamos, nos divertiríamos e eu a irritaria com o lance da altura, não seria nenhum grande drama. Mas foi.

Quando esbarrei em Marcelo nunca pensei que ele me chamaria para dar uma volta e muito menos que eu ia realmente gostar da ideia. Mas gostei, me separei de Alice me sentindo uma pessoa horrível por abandoná-la, mas fui e era obrigada a admitir que Marcelo estava se mostrando uma ótima companhia.

- Cordélia - Marcelo chama balançando um algodão doce cor de rosa na frente do meu rosto. - Você estava longe.

- Um pouco - admito e ele me estende o doce no palito.

- Pra você.

- Obrigada - sorrio seguindo ao seu lado. Ele tem uma lata de cerveja na mão enquanto como meu algodão.

- Por que veio pra cá? Eu ouvi por aí que mora na cidade. Por que trocou os grandes prédios por casas de fazenda?

- Digamos que eu não tenha tido muita escolha. Foi uma decisão do meu pai e eu fui obrigada a acatar. Era isso ou terminar sem teto e desempregada.

- Então não está de férias?

- Não, definitivamente não são férias.

- Mesmo que não sejam, posso te mostrar a vila, o que acha? - ele se oferece ou me convida, não sei bem. Mas o sorriso de canto me diz que tem muito mais por trás desse convite. Eu poderia aceitar, mas não sei se tenho disposição ou ânimo pra isso.

- Talvez outra hora.

- Posso te fazer uma última pergunta, patricinha? - ele quer saber e faço que sim sorrindo diante do apelido.

- É verdade que já morou aqui?

- Deixa eu adivinhar, você ouviu por aí? - pergunto e ele ri. A risada é bonita, o rosto dele também, até sua conversa ruim tem seu charme, mas no momento em que ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha sei que não estou interessada, não é o toque que eu queria nem o perfume que eu esperava sentir.

- Então? - ele insiste e me afasto, Marcelo não parece se incomodar com meu movimento.

- É verdade, já morei aqui. Esse lugar onde escuta as fofocas é muito bom por que não erra uma.

- Como uma garota da fazenda se tornou uma patricinha da cidade?

Termino meu algodão doce e me desfaço do palito em uma lata de lixo antes de olhá-lo outra vez.

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