Capítulo 19 - Mar sem calmaria.

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"E aí, o que é que a gente vai fazer?

Diz aí, se você quer e eu também tô querendo você

Tantos sorrisos por aí, você querendo o meu

Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu

Eu não duvido, não, que não foi por acaso

Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa"

Que Sorte a Nossa - Matheus e Kauan.

- Então, podemos conversar? - mamãe voltou a perguntar e fiz que sim outra vez. Eu não sabia bem onde essa conversa ia dar, mas sabia que precisava dela, pra fechar, encerrar tudo de uma vez por todas.

- Papai você pode fazer companhia a Theo e Lucas? Eu e mamãe, nós...

- Claro, vão lá.

- Você vai simplesmente me deixar aqui, Cordélia? - Lucas pergunta e suspiro. - Eu vim a esse fim de mundo pra te ver e você nem ao menos vai falar comigo?

- Agora eu não posso, Ok? Eu vou... Preciso falar com a minha mãe antes de qualquer coisa - digo e viro-me para Theo que olha a cena com uma expressão indecifrável no rosto. Toco seu rosto e ele me olha, sorrio tentando melhorar o clima. - Me desculpe por isso, eu te amo e volto já, tudo bem? - lhe dou um beijo rápido bem ali na frente de todos que o faz sorrir finalmente e com isso sigo para dentro de casa seguida pela minha mãe.

Nós não trocamos nenhuma palavra durante o caminho, não tem sorrisos nem abraços emocionados de saudade, só caminhamos, eu na frente e ela atrás de mim. Esse momento é tão estranho que chego a me perguntar várias vezes se é real, se a conversa que tivemos por telefone foi real também, ainda é inacreditável pensar que minha mãe fez mesmo tudo aquilo. Nós chegamos ao escritório e finalmente ficamos cara a cara, mamãe continua a mesma, com a roupa, o cabelo e os saltos em perfeito estado, não há, há muito tempo, nenhum traço nela da mulher simples que já foi um dia.

- Bem, estamos aqui, o que a senhora queria conversar? Já não falou tudo por telefone? - minhas perguntas soam mais ácidas e irônicas do que pretendia, mas a verdade é que ainda dói e magoa muito pensar em tudo o que ela fez a mim e Theo.

- Eu não quero discutir com você, Lia. Não foi pra isso que vim.

- Ah, não? Pra que veio então?

- Vim para levá-la pra casa - ela diz simplesmente e fico sem acreditar.

- Me levar pra casa? A senhora está se ouvindo? Quando eu finalmente acho que está entendendo. Como assim me levar? Mãe, a gente não está nem se falando, como a senhora quer me levar pra qualquer lugar que seja?

- Eu não preciso de desculpas para querer o melhor pra você, sou sua mãe. Por isso viemos seu pai e eu, vamos levá-la, seu castigo acabou, a festa pelo que vi está sendo um sucesso então já pode voltar.

- Aposto que papai nem sabe que você está aqui dizendo essas coisas.

- "Essas coisas"? - mamãe faz aspas no ar com uma expressão divertida. - Um mês atrás você nem mesmo queria vir pra cá! Agora o quê? Lembrou-se das brincadeiras de criança com aquele cowboy metido a médico e vai simplesmente desistir de tudo?

- Não fale sobre Theo! Não fale sobre o que não sabe! E eu nunca disse que iria ficar, mas tampouco decidi ir embora. Eu ainda não sei o que fazer, mas a cada minuto eu só tenho certeza de uma coisa, não quero morar no mesmo lugar que você.

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