Capítulo 11 - Bônus: Sob as estrelas.

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"E vai chegando perto de mim

E quando faltar um centímetro

Fecha os olhos e deixa rolar, deixa

Deixa o beijo durar, deixa

Deixa rolar, deixa, deixa o beijo durar"

Um Centímetro – Jefferson Moraes.

Alice

Era difícil ver duas pessoas importantes pra mim sofrerem assim, Theo era meu irmão e estava sendo isso a oito anos quando num acidente idiota na estrada eu perdi meus pais e vim morar com tia Beth, a irmã mais velha da minha mãe. E tinha é claro, Cordélia, a patricinha irritante e meio instável que eu fui obrigada a "acompanhar". Tem pouco mais de uma semana, mas acho que já posso chamá-la de amiga. E sendo eles, o casal que já se conhece a vida toda e pelo que entendi se ama a vida inteira também, é ainda mais triste vê-los brigar e se desentender.

Só queria saber mesmo o que aconteceu, alguma coisa não se encaixa nessa história. Até Cordélia chegar, Theo nem mesmo dizia o nome dela, mas falava sobre ela, sobre como eram apaixonados e foram felizes até ela ir embora e se esquecer dele, trocá-lo por festas e luxo. E não sei se acredito nisso, as roupas bonitas e saltos para mim parecem mais uma armadura do que seu jeito de ser, fora que Lilly parece ter uma raiva homicida de Theo e isso não é de graça, então por quê? O que de fato aconteceu com eles há dez anos?

Ainda estou na varanda olhando Sabrina sorrir de modo afetado para Theo que continua com o olhar perdido e a expressão triste desde que Cordélia foi embora sem nem olhara para trás. Pelo que entendi, a vaca que fica dando em cima dos machos alheios veio buscar uma encomenda para sua mãe com tia Beth e como Theo estava vindo pra cá, ela fez questão, é claro, de pegar uma carona com ele. Sabrina tenta conversar com ele, toca seu braço, sorri, mas é perda de tempo isso me faz sorrir, Theo está muito longe, mas sei exatamente onde encontrá-lo, nos olhos castanhos esverdeados de Lilly.

Sabrina conversa com minha tia e tenta convencer Theo a levá-la de volta, mas ele inventa uma desculpa e sei que é apenas invenção, como tia Beth não diz nada só resta a Sabrina voltar com um dos trabalhadores. Eles esperam o carro chegar aos portões antes de virem se juntar a mim, estamos os três sentados nos degraus. E me irrita um pouco Theo estar observado às vacas pastando muito longe dali calmamente ao invés de estar indo atrás de Lilly.

- Você não vai atrás dela, não? – pergunto e ele finalmente me olha e nega com a cabeça.

- Acho que Lilly tem razão, aquilo foi um erro. Se não demos certo quando não haviam diferenças entre nós, agora que somos só diferenças, não vai dar certo mesmo.

- Por quê? – faço como uma criancinha birrenta e não ligo. – Por que não podem ser felizes se está claro como água que se amam?

- Nos amamos sim, desde sempre eu acho, mas amor às vezes não é o suficiente.

- Não acredito nisso! Nem aceito isso! Está sendo covarde – acuso irritada. Por que eles tinham que ser tão cabeças duras?

- Lice... – ele suspira passando as mãos pelos cabelos. – Não é tão fácil assim, se estivesse apaixonada saberia. - Suas palavras me pegam de surpresa e tem consciência de que ele não sabe, Theo não sabe e penso em dizer a ele. Mas tia Beth me para ao passo que meu primo fica de pé. – Vou indo, tenho um cavalo para examinar.

Theo se fasta e olho para tia Beth com uma sobrancelha arqueada.

- Por que fez isso?

- Por que já tem muita coisa acontecendo para Theo se preocupar que a irmã mais nova está apaixonada pelo melhor amigo.

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