Capitulo 6

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Mesmo relutante Midoriya subia vagarosamente até o telhado, onde Bakugo o esperava. Tinha sido o último a terminar de comer, queria encontrar Bakugo tanto quanto queria evita-lo. 

Nenhuma garota comentou nada com Midoriya sobre o assunto. Não sabiam se deviam alerta-lo ou desejar boa sorte. Bakugo poderia beija-lo naquele telhado, ou mata-lo. 

Abriu a porta de ferro e o vento noturno tocou sua pele, fazendo o mesmo arrepiar. Passou pela porta e encontrou Bakugo parado em frente ao parapeito. De costas para Midoriya, observando a lua enquanto desfrutava do vento gelado que remexia até com seu cabelo espetado. 

Midoriya fechou a porta, e se aproximou de Bakugo, parando ao seu lado. O mesmo o encarou indiferente. 

- O que está acontecendo com você? - Bakugo perguntou, fazendo Midoriya se surpreender. Bakugo nunca foi tão direto. 

- Como assim? - Midoriya perguntou se abraçando. 

- Mesmo depois de tantos anos me aturando, sempre me virava e você estava lá. - Bakugo disse, ainda indiferente. - Sempre te via juntar os cacos do seu coração que eu quebrava. Você me irrita tanto! Se levantando cada vez mais forte! Sempre querendo me superar!

Midoriya ouvia cada palavra atentamente. Bakugo falava sem gritar, para evitar chamar atenção dos demais. 

- Eu te derrubava e você se levantava. Mesmo depois de eu te humilhar, você voltava a me seguir. - Bakugo disse irritado. 

- É porque eu te admirava. - Midoriya disse triste. - Você sempre foi melhor do que eu em tudo...

A respiração de Midoriya começou a ficar alterada. A conversa direta fez as memórias tentarem se ligar novamente. 

- É, eu sempre fui um idiota. - Ele comentou encarando Bakugo. - Mas não sou mais aquele garotinho medroso, Kacchan. Isso não significa que vou tolerar a sua atitude merda e seu gênio imbecil de criança mimada. 

- O QUE?! - Bakugo pegou na gola da camisa de Midoriya e o levantou. - QUANDO FICOU TÃO CORAJOSO?!

- Lembra quando você me aconselhou a pular do telhado? - Midoriya perguntou sentindo a falta de ar. - Eu cheguei a subir lá. Fiquei horas olhando para o chão. Tentei várias vezes me jogar, mas tive medo. Não fui corajoso o suficiente para acabar com minha dor.

Bakugo o soltou, surpreso. 

- Eu pensava em você sempre que subia no parapeito. - Midoriya disse olhando o chão, se aproximando do parapeito. - Em como você teria pulado de cabeça, mas fui medroso. Em todas as 32 vezes. 

Bakugo estava paralisado, os sentimentos se fundiam dentro dele. Não sabia se batia em Midoriya, se o abraçava, se se desculpava, lhe dava uma bronca ou até se o empurrava e acabava com sua dor. 

- Teria pulado, Katsuki? - Midoriya perguntou se virando para ele. Bakugo se surpreendeu por Midoriya ter o chamado pelo nome. 

- Não...

- E agora, mesmo que eu pulasse de vinte andares não conseguiria morrer. - Midoriya disse dando um meio sorriso.

- Não morra. - Bakugo pediu puxando Midoriya de cima do parapeito. 

Midoriya ficou encarando o chão. Sua cabeça havia voltado a doer, o mesmo que o incentivou tanto a morrer agora queria que ficasse vivo.

- Não quero ter que trocar de rival. - Disse por fim antes de sair. 

Bakugo deixou o Midoriya pensativo no telhado e foi em direção ao seu quarto. Descia lentamente as escadas até o terceiro andar. Ele foi chutando uma pedra invisível enquanto mantinha suas mãos dentro do bolso da calça. 

Quem sou eu? {Concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora