Capítulo 10.

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Aaron Jones.   

Observar Ádria sentada no meu banco de passageiros, sentindo o vento vindo da janela e cantarolando baixinho a música que tocava no rádio me trouxe uma sensação estranha de vitória. Tentei ao máximo disfarçar a cara de bobo quando ela sorriu de um jeito tão sincero, apenas pelo fato de ter sido convidada para uma livraria.

Mas o que eu disse era verdade. Não conseguia sequer imaginar alguém melhor para ir comigo até o evento. Eu já sabia dele há semanas, e antes começar a falar com Ádria, eu iria sozinho.

Estava feliz por tê-la ali, era bom ter alguém para conversar sobre livros e para dividir comigo esse tipo de experiência.     

Após alguns minutos em silêncio, ela fez uma careta ao mexer o pé, então em seguida tirou um de seus tênis, e dentro do mesmo caiu uma pedrinha. Mas o que mais havia chamado minha atenção eram suas meias: eram vários pinguins estampados em um fundo azul, e definitivamente era a coisa mais linda.

- Suas meias são fantásticas. - Eu digo rindo.  
 
- Eu espero que não esteja sendo sarcástico, porque elas são mesmo. -Ela diz enquanto colocava o tênis de volta.

- Eu não esperava por essa. Achei que quando tirasse o tênis, teria uma meia toda preta assim como o resto das suas roupas... mas você usa meias de pinguins?  

- De ursinhos, de Donuts, de todas as coisas fofas que imaginar.

Ele disse com tanta naturalidade, que eu apenas consegui sorrir. Era como se cada detalhe que eu descobrisse, apenas me provocasse um sorriso diferente, e naquele momento eu consegui entender minha mãe: Eu parecia mesmo um tapado.  

- E por que?

- Eu não sei. Sempre digo "Por que usar meias normais quando se pode usar meias assim?". A vida é curta pra isso.

- Eu concordo.

Respirei fundo, e foi notável o fato de que o perfume de Ádria estava presente no carro. Não era forte, mas era um cheiro tão característico que era difícil não reparar e tentar decifra-lo.  Era doce, mas não enjoativo. Era agradável. E parecia uma mistura com algo que eu não sabia o que era, mas sabia de uma coisa: Era cheiro de Ádria.   

A princípio, encontrar um lugar para estacionar foi um desafio, mas não teve nenhuma importância no momento em que passamos pela porra da frente.

Haviam dois andares inteiros das mais gigantescas prateleiras com os mais variados tipos de livros que deveriam haver no universo. Ao lado de cada estante havia uma escada de madeira, para ajudar os funcionários caso precisassem pegar um livro muito no alto. No térreo, haviam grandes mesas de madeira escura, contendo os principais lançamentos dos últimos tempos.

Mais ao lado, haviam duas filas de pessoas empolgadas com seus livros em mãos, e no fim de cada fila havia um autor diferente, que estava conversando e autografando os livros.

Pessoas de todas as idades passavam por nós, com seus copos de café em uma das mãos e ao menos dois livros na outra. Eu estava deslumbrado pela beleza do local, e senti que Ádria estava da mesma forma, já que murmurou "uau" pelo menos três vezes.

Ela rapidamente segurou minha mão e me puxou para uma das grandes escadas, porque queria explorar o andar de cima primeiro. Assim que subimos, demos de cara com uma moça de avental, que estava servindo biscoitos de graça, o que apenas aumentou minha animação.

Ádria olhava cada lombada de livro, cada edição especial, cada detalhe que havia ali... era como se ela fosse um artista olhando e admirando sua própria exposição de arte.

E Foi Assim, Como Nos Livros! 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora