Capítulo 18.

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Ádria Mitchell.

Não consegui abrir os olhos até sentir um frio quase insuportável tomar conta de cada centímetro do meu corpo. A água estava absurdamente fria, e afundamos nela em questão de segundos. Não dava para ver quase nada embaixo d'água, era apenas uma imensidão azul escura pra mim. Meu cérebro demorou para processar a informação do que havíamos acabado de fazer; era como se todas as dezenas de pensamentos que estavam sempre comigo, simplesmente sumissem.

Era como se por alguns segundos, eu fosse outra pessoa. A que havia acabado de pular em um rio desconhecido.

Aaron me puxou para cima alguns segundos depois, e a primeira coisa que eu vi quando saí para a superfície foram seus olhos brilhando de satisfação. Ele sorriu, e me puxou para perto, na intenção de não me deixar afundar naquela imensidão.

Abracei seus ombros, e respirei fundo enquanto me deixava ser anestesiada por tudo o que havia acabado de acontecer, e era impossível não perceber como eu não conseguia me imaginar nos braços de nenhuma outra pessoa naquele momento.

  - Eu disse que ficaríamos vivos - Ele disse calmo.

  - Eu não acredito que me fez fazer isso! - Eu gritei ainda em êxtase por não saber lidar com tudo aquilo.

Aaron sorriu e me soltou lentamente, começando a nadar pelo rio, e eu o acompanhei. Aquele momento ficaria fotografado na minha mente durante muito tempo, eu sabia disso.

Depois que a adrenalina pareceu fugir do meu corpo, estava quase impossível ignorar o quão frio eu estava sentindo. Meus dentes batiam, e minhas pernas estavam mais pesadas, quase como se estivessem congelando.

Jones percebeu minha mudança, e me puxou para perto de si com uma das mãos. Deitei sobre o seu peito e pude sentir ele me dando um beijo na cabeça, me arrancando um sorriso.

  - Jones... eu não estou aguentando mais o frio... - Murmurei. 

- Tudo bem, vamos.

Nadamos até a margem juntos, e foi difícil não escorregar nas folhas e galhos que haviam por todo o caminho de volta até onde estávamos sentados.

E pensar que eu havia acordado e imaginado meu dia inteiro presa nas salas de aula.

Chegando lá em cima, Jones andou rapidamente até onde estava a manta no chão, e me embrulhou na mesma. Meu corpo se aliviou instantaneamente ao sentir o quentinho do tecido me abraçar. Olhei novamente para tudo ao meu redor.

- O que foi?

- Não acredito que fizemos isso!

- Nem eu. Me sinto vitorioso demais por ter conseguido te convencer.

Sorri em resposta. Eu apenas conseguia sorrir quando algo envolvia nós dois.

***

- Jones, eu disse que não! - Digo alto, enquanto cruzava os braços no banco do passageiro.

Estávamos parados em frente aos enormes portões da casa de Aaron Jones, e eu definitivamente não queria entrar na casa dele assim, toda molhada, com folhas e galhos nas minhas pernas e cabelos, e com o que restava da minha maquiagem borrada sobre os olhos.

Estava fora de questão, mas Aaron era a única pessoa que eu conhecia que conseguia competir comigo no quesito teimosia.

- Ádria, eu já disse que não tem problema. Além disso, precisamos almoçar. Não se preocupe!

- Por que você só não me leva pra casa? - Pergunto ainda brava.

- Porque aí não tem graça.

- Você é um idiota - Murmuro encarando o vidro ao meu lado.

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