Capítulo 7.

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Ádria Mitchell

O carro do Jones tinha um cheiro gostoso. Era uma mistura de café, com alguma coisa doce, assim como a cafeteria, mas também tinha um aroma um pouco... diferente. Eu diria que vinha de cigarros.

Cigarros de gente fresca, pensei em seguida. Sabor menta.

E claro, eu sabia porque também já havia tido esse vício tão ruim. Dizem que é um tipo de vício facilmente desenvolvido em pessoas ansiosas, assim como roer unhas - que eu também já havia tido - então eu não passaria ilesa nem se quisesse.

Hoje em dia, eu podia dizer que ainda fumava, porém não cigarros.

Tirei o olhar das ruas que passavam pela janela para olhar para Jones por breves instantes. Ele demonstrava uma confiança característica no volante, e seus olhos estavam concentrados na estrada. Ou pelo menos eu achei que estava, já que segundos depois seus lábios rosados se abriram em um sorriso.

— O que está olhando? — Ele perguntou direcionando seu olhar para mim. Seus olhos cravaram nos meus, o que me fez virar a cabeça rapidamente para o outro lado.

Com certeza eu havia ficado vermelha.

— Nada não — respondi — Vamos mesmo ir até a cafeteria desse jeito? — Eu disse apontando para o meu uniforme de Educação Física.

— Achei que se importasse com coisas menos superficiais do que roupas, loirinha.

Jones tinha um sorriso lindo, e isso eu havia percebido desde o primeiro dia que ele havia falado comigo. Mas seu sorriso sendo visto de perfil, enquanto as ruas passavam na janela ao seu lado e ele segurava firme o volante... digamos que era uma paisagem nova pra mim.

— Não me importo com as roupas em si, mas estamos usando uniformes suados.

Ele rapidamente puxou a camiseta que estava usando até o nariz, e a cheirou profundamente. Em seguida, olhou pra mim e disse:

— Não estou cheirando tão mal, loira. E garanto que fiz mais esforço do que você — Revirei os olhos, e ele logo estacionou ao lado da cafeteria.

Entramos pela porta dos fundos, e o cheiro gostoso de café invadiu novamente meus sentidos, me fazendo suspirar. Segui para a mesa que eu sempre preferia sentar, e Brandon apareceu quase instantaneamente ao meu lado.

— Ola Ádria, boa tarde.

— Olá Brandon. Como vai?

— Bem, e você? Já faz um tempinho.

— Da última vez que eu estive aqui, não nos encontramos.

— Eu estava de folga, provavelmente.

Concordei com a cabeça e Jones se aproximou mais de mim. Ele estava tão próximo que era possível sentir sua respiração na minha nuca, o que fez meu corpo inteiro arrepiar.

— Oi... Brandon — Ele disse lendo o nome no crachá de Brandon.

— Boa tarde — Brandon responde lu educadamente — Podem se sentar, e deixa eu adivinhar, uma tortinha de frango?

— Duas, com suco de maracujá, por favor. Estou morrendo de fome — Nós dois sorrimos.

— E o senhor? -Brandon pergunta olhando para Jones.

— Pode ser o mesmo, obrigado —
Brandon se afastou e Jones e eu nos sentamos na pequena mesa de madeira, um de frente para o outro.

Ele estava mais sério do que no carro, mas eu não conseguia desviar o olhar de seu rosto. Ele possuía as coisas que eu achava mais atraentes: Sardas. Eram pintinhas marrons bem clarinhas, que contornavam a parte alta de suas bochechas e a parte de cima do seu nariz.

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