Capítulo 14.

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Aaron Jones.

Meu braço doía enquanto a enfermeira o enfaixava com uma gase branca, a grudando com esparadrapos depois.

- Seu pé vai ficar dolorido uns dias, mas é só fazer uma compressa de gelo sobre o mesmo, entendeu? - Concordei com a cabeça - Agora, o braço você precisa limpar daqui uns dois dias, apenas para evitar infecções no corte.

- Pode deixar.

- E nada de voltar para o campo por enquanto - Completou - Por mais que não tenha sido sério como quebrar um osso, se forçar demais esse pé antes da hora, pode sofrer uma luxação mais grave.

Concordei com a cabeça, mesmo contrariado.

Ela sorriu, e guardou suas coisas em uma bolsa, voltando em seguida para o campo, caso mais alguém precisasse de ajuda. Tentei ao máximo não pensar no corte fundo no meu antebraço, já que eu não era nem de longe uma pessoa que lidava bem com dores ou machucados.

Ver sangue também não estava no topo da minha lista de pontos altos.

Respirei fundo. Não queria ter saído da partida antes do fim, e estava agoniado por não poder voltar até lá para acompanhar o que estava acontecendo.

Mas logo um barulho me chamou atenção, e assim que olhei para a mesma porta na qual a enfermeira havida saído, Ádria estava entrando a passos pequenos no vestiário.

- O capitão do time vai sobreviver? - Ela pergunta parando a uma certa distância da maca que eu estava.

- Felizmente vou, loirinha - Ela sorriu em resposta - Pode sentar, eu não mordo.

Digo batendo na maca, indicando o espaço para que ela sentasse. Ádria se aproximou e se sentou ao meu lado encarando meu braço enfaixado.

- Está doendo muito?

- Não muito. Poderia ter sido bem pior.

- De onde eu estava assistindo, achei que pudesse ter quebrado o pescoço.

Ela diz rindo, me fazendo rir também.

- E você veio conferir se sua teoria estava certa?

Ela desviou o olhar.

- Fiquei preocupada.

Ádria me desmontou com aquela resposta. Ela era imprevisível; jamais imaginei que sairia de uma arquibancada apenas para ver como eu estava, depois de uma partida do esporte que ela não fazia a mínima questão de esconder que não gostava.

O frio na minha barriga logo cresceu e ganhou intensidade, me deixando nervoso. Como se meu cérebro quisesse me sabotar ainda mais, o perfume característico dela pareceu tomar conta de mim, me deixando totalmente desnorteado.

- Você não acha? - ela questiona e só então eu percebo que estava viajando mais do que achava.

- O que?

- Que vão ganhar a partida.

- Ah... eu acho que vamos sim. Aliás, seu irmão surpreendeu a todos nós.

Ela esboçou um imenso sorriso orgulhoso com aquilo, e eu não pude deixar de imaginar como seria fazer algo que a fizesse sorrir assim por minha causa.

- Sim, ele é ótimo.

- Você é adorável, sabia?

As palavras saíram de uma vez de dentro de mim, sem filtro algum e sem nenhum aviso prévio. Imediatamente senti meu rosto esquentar, e a encarei para tentar dizer algo que tirasse aquilo do ar, mas assim que encarei seus olhos, eles estavam com o mesmo brilho que eu havia reparado no dia da livraria.

E Foi Assim, Como Nos Livros! 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora