Capítulo 12.

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Aaron Jones.

Vi Ádria se aproximando com os tênis na mão, com uma cara nada boa. Tentei ao máximo segurar o riso, porque ela estava super engraçada daquele jeito.

- O que houve ai, loira?

- Nem me pergunte - Ela diz bufando, e seguindo na direção do carro.

- Não aguentou chegar até o banheiro, foi? - Pergunto me sentando no banco, e esperando ela fazer o mesmo do outro lado - Não sabia que não ia aguentar nem um copo! 

- Não! Um garoto vomitou em cima dos meus pés!

- Certeza que foi de propósito, porque seus pés são minúsculos. Acertar eles não seria nada fácil.

- Cala boca, Jones - Ela diz balançando a cabeça, e em seguida deitando na janela.
 
É engraçado pensar como podemos ficar próximos de alguém em tão pouco tempo. Pelo menos, era essa sensação que Ádria me transmitia. Sentia como se a conhecesse há séculos, e como se eu pudesse dizer qualquer coisa que ela entenderia, ou ao menos iria tirar sarro da minha cara, e em seguida sorrir.

E então, mais uma coisa que eu achava ser exagero se provou verdade bem na minha frente: não era possível basear nenhum tipo de relação em tempo. Haviam pessoas que eu conhecia desde que me entendia por gente, que não me passavam a mesma sensação de confiança que ela me passou em menos de um mês.

Eu poderia estar exagerando, eu sabia disso, mas naquele momento não me importava nem um pouco. Aquelas sensações novas que eu tinha perto dela me puxavam para perto como um ímã, e eu não estava nem um pouco afim de ir na direção contrária.

Comecei a dirigir, e era impossível resistir a vontade que eu tinha de olhar para o lado, e observar Ádria com a cabeça deitada na porta, enquanto o vento gelado da noite bagunçava seus cabelos. As luzes da rua deixavam a visão ainda mais bonita, e eu sabia que precisava eternizar aquele momento com o máximo de detalhes possíveis.

Estacionei a frente de sua casa, mas ela não desceu de imadiado. Ádria ficou alguns instantes em silêncio, antes de começar a rir.

- Eu não acredito que vomitaram no meu pé - ela diz em meio as gargalhadas, o que também me fez rir.

- Se você quiser, eu posso segura-lo enquanto você bate nele - Ofereci, o que a fez rir ainda mais.

- Estou pensando seriamente em aceitar - Ela suspirou em seguida, e pegou suas coisas - Muito obrigada, Jones. Por tudo mesmo.

- Não tem de que, loirinha.

- Eu realmente amei aquele lugar - ela continua - sempre que souber de mais eventos assim, não ouse chamar alguém no meu lugar.

- Eu jamais faria isso - Respondi sem pensar nem um pouco, como se minha mente tivesse projetado a resposta antes mesmo de me consultar.

Senti minhas bochechas ficaram vermelhas com aquilo, mas Ádria sorriu e me puxou para um abraço, que eu retribuí rapidamente. Em seguida, ela me deu um beijo na bochecha que fez com que todo meu corpo ficasse arrepiado.

Não me lembrava quando havia sido a última vez que um gesto tão simples havia me causado uma resposta inconsciente tão grande, e com isso veio um sentimento que eu não costumada ter, mas sabia bem qual era: medo.

Desviei o olhar rapidamente, me ajeitando no banco do motorista. Ela saiu do carro, e foi até a porta de casa. A destrancou com cuidado e acenou com uma das mãos antes de entrar.

***

Acordei na manhã seguinte sentindo o mesmo cheiro de todos os domingos: Café forte e caro, que meu pai só passava aos domingos, por ser o melhor que tínhamos em casa. Desci as longas escadas rapidamente, e meu pai estava sentado em sua poltrona habitual da sala de estar. Demos bom dia um para o outro em coro, e eu me servi de uma generosa xícara de café.

E Foi Assim, Como Nos Livros! 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora