Capítulo 22.

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Aaron Jones.

A consulta de Ádria durou quarenta e cinco minutos. Quando a porta abriu, ela abraçou a moça que eu deduzi ser a psicóloga, e esboçou um sorriso satisfeito.

Me senti aliviado ao ver a cena.

Ela então veio na minha direção com passos largos, o que a deixavam um pouco cômica.

- Como foi? - Pergunto pegando as coisas para a gente ir embora.

- Um pouco tenso. Mas eu gostei dela. Gostei bastante, na verdade.

- Isso é ótimo - Digo a puxando e lhe dando um beijo na testa.

- Você não tem mais treino hoje, não é?

- Não, loirinha. Por que?

- Podíamos ir tomar sorvete.

- Nesse frio? - Ela parou no meio do estacionamento quando eu terminei de falar - O que foi?

- Não me diga que você come sorvete apenas no calor - Ela diz colocando a mão sobre o peito em sinal de dor - Não me dê uma decepção dessas, Jones!

- Eu? Imagina, loira! - Demos risada - E quem é que fala "comer sorvete" ao invés de "tomar sorvete?"

- E quem liga pra isso?

- Como assim logo VOCÊ não liga?

- Sempre falei comer - ela diz dando ombros.

Assim que entramos no carro, parei por alguns instantes para observar Ádria no banco do passageiro. A cafeteria e o meu carro pareciam ser nosso lugar oficial, e eu já havia perdido as contas de quantas vezes eu havia tirado os olhos da estrada para olhar sua silhueta no banco do carona, em todas as vezes que ela esteve ali.

Desde que ela havia entrado na minha vida, eu tinha cada vez mais vontade de pesquisar sobre constelações, livros, artes, política ou seja lá o que fosse que ela gostasse. Ela me passava a vontade de aprender mais, de sempre ter o que dizer quando ela quisesse falar sobre o assunto mais aleatório possível.

Eu queria que ela me achasse inteligente.

E queria descobrir coisas novas com ela.

Queria que ela sentisse que eu era a pessoa que saberia falar sobre qualquer coisa que ela precisasse, e isso também me assustava um pouco.

Compramos nossos sorvetes - Menta pra mim e morango pra ela - e nos apoiamos sobre o capô do meu carro no estacionamento. Ádria ficava linda com seus cabelos bagunçados quase brancos refletindo a luz do fim do por do sol.

- O que você escreve no seu caderno? - Ela me pergunta olhando para o letreiro chamativo da sorveteria.

- Nada. Infelizmente, não tenho o mesmo talento que você para escrever.

- Você nem sabe disso.

- Eu tenho um palpite - Pisco um dos olhos, e ela revira os dela - Eu desenho. E tiro fotos.

- É mesmo?! - Ela perguntou com empolgação - Eu sempre quis saber desenhar, mas sempre fui um desastre. Deixa eu ver algum? - Ela pede tão animada quanto uma criança doida para espionar o presente de Natal.

E Foi Assim, Como Nos Livros! 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora