encontro

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R: MINHA FILHA!!! - Regina Duarte sai correndo ao ver a filha embaixo do eletrodoméstico. - o que aconteceu aqui?

Marcelo Faria tenta segurar o riso, assim como Gabriela Duarte. Tinham acabado de se amar em todos os cantos da cozinha do apartamento de Regina no Rio de Janeiro. Assim que iriam começar o segundo round, ela e seu pai, Reginaldo Faria, voltaram do mercado com os ingredientes finais do peru.

G: foi apenas um acidente... - Gabriela diz, saindo do balcão com ajuda da mãe e aman...amigo.

RF: O que diabos vocês estavam fazendo com este forninho? - Reginaldo coloca as sacolas sobre a ilha que a pouco tinham se pegado.

Marcelo mira Gabriela massageando o local da pancada. Ainda havia marcas vermelhas pelo pescoço, colo e boca, devido sua pele branca. Estava ofegante e com um olhar de quem não sabia mentir e, se fosse um pouco mais pressionada, contaria tudo.

O ator gostaria de contar ao pai o que estava acontecendo. Dizer que seu coração andava cambaleando ao ver a colega de cena, que seus pensamentos eram todos voltados para ela e que o sexo tinha sido bom demais. Mas não podia, ela era casada e, apesar de não usar aliança, sabia que os acordos sociais mais comuns e tradicionais eram seguidos por ela, assim como por seus pais.

M: Estávamos tentando consertar essa joça... - deu de ombros e olhou para Regina. - desculpa, Regina, mas esse troço não tava funcionando bem e nós queríamos fazer....fazer... Um... Uma...

G: umas torradas! - Gabriela o salvou, ficando ao seu lado e recebendo um olhar de agradecimento.

Marcelo não sabia cozinhar muito bem, mal passava tempo na cozinha e, quando ousava, era para fazer lanches e doces com a filha.

Regina os olhou, incrédula, e caminhou até Reginaldo.

R: estranho...porque eu usei este forno elétrico hoje cedo e ele funcionou normalmente. - suas mãos repousaram no queixo e Marcelo se viu sem mais desculpas para dar, até que reconheceu a cara de salvador do pai.

Quando Marcelo era jovem e os pais ainda eram casados, costumava pegar todas as atrizes, produtoras, staffs e até fãs que passavam por sua frente, coisa que sua mãe não gostava e sempre queria tratar em suas psicanálises semanais, mas Marcelo sempre combinava algo com o pai para sair fora. A cumplicidade entre os dois era tanta que começaram a criar códigos e resumi-los em simples olhares azulados.

RF: sabe como são essas coisas, minha amiga. - segurou sua mão, tentando tranquiliza-la. - uma hora funciona e outra para. A tecnologia é assim.

Por um instante, Regina se perdeu na voz de Reginaldo, lembrava dos momentos que tinha vivido naquela rápida ida ao mercado. Momentos que oportunizaram matar a saudade de muitos anos.

R: tudo bem, tudo bem - colocou os cabelos atrás das orelhas e arregaçou as mangas. - agora eu vou te ajudar a fazer logo essa janta Gabi.

G: sim, ou vai acabar virando café da manhã... - a mais nova comentou, roubando um riso de todos.- Nossa, mamãe - exclamou tirando uma sacola gelada da mesa. - vocês trouxeram muitas salsichas... - Marcelo rapidamente a olha.

RF: tudo bem, a gente faz um cachorro quente! - Marcelo engole seco.

R: pois é, é só partir a salsicha assim... - faz movimentos com a mão em cima da mesa, como se tivesse cortando a carne, fazendo-o suar. - jogar o molho e...

M: NÃO!!! - Ele segura a mão de Regina, impedindo-a de continuar a torturante cena. - deixemos apenas o peru que já é muita comida, né? - fala sem graça - deixa as salsichas em paz, gente... - Gabriela gargalha alto olhando o desespero na face do amigo e todos ficam sem entender.

Gripadinho & XaropinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora