olhos de loucura

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Marcelo passou entre as pessoas da festa, mal olhando quem realmente eram. Não tirava a cena de Gabriela o fitando enquanto entrava no local, ela estava belíssima segurando o casaco e a cerveja nas mãos, com um coque bagunçado e cantando para ele aquela canção. Sim, para ele!

Seus olhos fixaram na boca dela e as palavras faziam todo o sentido para ambos. Depois da noite anterior na cozinha de Regina, de sentir seu peito apertar de ciúmes e quase perder a cabeça e da saudade que estava o corroendo, ele tinha certeza que precisava ir até ela e dizer o que seu coração almejava.

Os largos passos o fizeram atravessar o salão lotado com muita dificuldade. Assim que estava prestes a chegar ao corredor, sentiu alguém segurar seu braço.

Chandelly: Celo!!! - o abraçou. - aonde vai, mal chegou?

A pernambucana o puxava para a pista de dança junto com os demais jovens, o deixando sem saber como se portar, precisava desesperadamente ir atrás de Gabriela. Conhecia aquele olhar que ela o entregou antes de desaparecer, era aqueles olhos de deixá-lo louco, queria aquilo.

M: Malvino pediu para... Para.... - apontava para o corredor escuro sem ao menos saber o que tinha entre a escuridão.

C: pegar mais cadeiras?

M: cadeiras? - se surpreendeu.

C: sim, porque foi lá que a gente botou as outras cadeiras, sofá, almofadas... - apontava para o caminho que ele buscava seguir - assim poderíamos ter mais espaço.

M: Aaaah claro! - concordou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. - então eu vou lá pegar uma cadeira pra mim.

C:Celo! - chamou mais uma vez - pega também gelo, visse? - deu um gole na cerveja. - tem um freezer lá dentro com alguns sacos, aqui só tem mais dois, já já vamos precisar.

Marcelo sorriu e concordou com um movimento de cabeça. A pressa lhe era tanta que, desta vez, correu a procura de sua... amada!

A luz ficou para trás, assim como o barulho das músicas da Ana Carolina cover. Com dificuldade de enxergar na escuridão, o loiro apertou os olhos e avistou três portas, duas a direita e uma a esquerda.

Ao abrir a primeira por da direita lentamente, ficou frustrado ao reconhecer aquele ambiente como um banheiro que alguém não passava há muito tempo. Seguiu sua busca pela mulher que estava impregnada em seus pensamentos e desejos. Tentou abrir a segunda porta, mas ela estava trancada. Agora não teria mais erro. Só podia ser aquela.

Virou de frente para a porta a esquerda do corredor, alisou a madeira fina e escura e tocou na maçaneta que abrira sem dificuldade, pois parecia estar a sua espera.

A porta rangeu ao ser empurrada e revelou um quarto extremamente bagunçado. Parecia que um furacão havia passado por ali. Marcelo olhou ao redor com dificuldade, devido a pouca iluminação, mas conseguiu perceber que no canto havia muitas cadeiras e mesas empilhadas, no fim da sala alguns armários e o freezer que Chandelly falara e a esquerda havia um grande sofá rodeado de outras poltronas e muitas almofadas pelo chão. Mas... Não encontrava aquilo que mais queria.

Um passo a frente, outro, e parou.

Do lado de fora, a cover de Ana Carolina cantava outra canção que ele gostava muitíssimo, mas, assim que se virou para olhar como estava o show, percebeu alguém atrás da mesma, batendo na madeira e se unindo a voz grave que de longe cantava o seguinte trecho...

 
Meu caminho é meio perdido 
Mas que perder seja o melhor destino 
Agora não vou mais mudar 
Minha procura por si só Já era o que eu queria achar 
Quando você chama meu nome
 

Gripadinho & XaropinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora