reenergizante

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Ponto de vista de Marcelo Faria

Graças ao bom santo Deus, o pessoal começou a ir embora por volta das quatro da manhã. Cada cômodo da casa estava uma bagunça e meu corpo estava quebradaço. Não havia bebido muito, mas curti bastante a companhia de cada um que veio festejar comigo o fim desta etapa.

Me despedi de todos no alto da escada que dava para o estacionamento e voltei para soltar Django. Meu amigo de quatro patas estava preso desde o início da tarde e precisava passear um pouco. Pensei em fazer uma surpresa para aquele cachorro que mais parece um cavalo, mas quem acabou sendo surpreendido fui eu.

Assim que fui para o canil, encontrei Gabriela Duarte abraçada com meu fiel amigo. Os dois brincavam daquela forma meio estabanada do Django e eu me derreti, caminhando até eles e abraçando a linda mulher melada de baba de cachorro.

M: Nem acredito que finalmente estamos só nós dois… - falei beijando seu pescoço e a abraçando por trás.

G: Diz isso pra esse carinha aqui. - falou alisando o cão que, sobre duas patas, ficaria maior que ela. - E para Pipa, que está dormindo lá no sofá. - se virou, me abraçando o pescoço.

M: Foi uma noite e tanto, né?

G: Sim… - suspirou. - Vou sentir falta deles, sabia? Construímos uma família ali, mas também quero aproveitar essas férias para arrumar a minha vida.

M: Como assim? - unimos nossas barrigas e ela me sorriu terna. - Vai viajar?

G: Sim, eu tenho a peça logo mais, tenho que resolver as coisas com o Jairo, tem a agencia que me quer para umas leituras e novas fotos…

M: Muita coisa para pensar. - a interrompi.

G: E você?

M: Não não, quero só curtir as férias mesmo, tô com uns projetos com meu irmão em Caraíva....

G: Onde fica? - Ela estava sobre os meus sapatos, nas pontas dos pés para que uníssemos nossos queixos.

M: Bahia… - Me olhou com mais curiosidade e uma certa desconfiança. - O que foi? - eu ri.

G: Tem algo a ver com a Camila? - gargalhei. - não ri, Celo. - levei uma tapa no ombro. - é sério.

M: Não, não tem, mas… E se tivesse? - fiz bico, querendo ver sua reação.

G: Ah… Er… Eu só achei estranho. - Quis se virar de costas para mim, mas eu não a deixei.

M: Camila é passado, meu amor. - Beijei seu pescoço e a vi se arrepiar. - Só tenho olhos para você no momento…

G: Mas não deveria. - Falou firme.

M: Como assim? - estranhei.

G: Ah, sei lá… Eu tenho o Jairo e acho injusto que só tenha a mim.

M: Então devo voltar para Camila? - a provoquei.

G: Qualquer uma, menos Camila, Marcelo! - me apontou o dedo, me vendo prender o riso.

M: E eu posso saber por que não ela?

G: Porque é figurinha repetida. - gargalhou lindamente, me fazendo roubar um beijo molhado e com direito a mordida no lábio inferior.

M: Tá certo, prometo que, antes de você voltar da sua viagem, eu vou arrumar alguém, ok? - a vi ficar mais tranquila e, de repente, seu olhar se tornou de uma menina sapeca.

G: Mas antes… - ela alisou minha barba. - eu tenho uma proposta.

M: Que é… - ergui a sobrancelha.

G: Dormir este resto de noite aqui. - lhe sorri. - agarrada com o homem que eu amo.

M: Proposta mais que aceita! Uau! - A puxei para os meus braços, colocando-a no colo e selando nossos lábios num beijo doce e calmo.

Subimos para o meu quarto e a coloquei na cama, trilhando beijos por seu pescoço e voltando para o rosto. Não fiquei na cama ou tive intenção de qualquer outra coisa, pois precisava primeiro levar Felipa para a cama dela.

Rumando as escadas, eu pude vê-la deitada em minha cama de casal, as pernas cruzadas e um braço abraçando o travesseiro. Gabriela tinha um jeito sexy e, ao mesmo tempo, infantil, algo que me deixava apaixonado demais para explicar. Aquela cena significou muito para mim, não era algo que eu queria exigir para todos os dias, mas se só acontecesse uma vez, eu ficaria muito feliz, pois eu tive esse momento para guardar. Mas… Por que estou pensando nisso?

M: Vem minha pequena… - coloquei Pipa no colo devagar e a vi sussurrar algo, mas ignorei, devia ser sonho ou algo assim.

Subi novamente as escadas e fui até o quarto da minha filha. Apesar de Felipa morar com Camila, eu tinha um quarto somente para ela em minha casa. Era onde nós costumávamos brincar das coisas mais loucas que um princeso como esse que voz fala poderia fazer.

P: Tchau Gabi… - Ela sussurrou quando a coloquei na cama e não pude deixar de sorrir. Parece que eu e minha filhinha sonhamos com a mesma pessoa.

Voltei correndo para o quarto, mas encontrei uma Gabriela tão exausta quanto eu. Em um sono profundo, ela ressonava somente de calcinha e uma camisa minha. Talvez ela esteja tão viciada no meu cheiro, como eu estou no dela.

Deitei atrás dela, no pouco espaço que deixou no colchão e a abracei, ficando de conchinha. Meu rosto coube perfeitamente na curva de seu pescoço e meu braço parece que foi feito para estar sobre a curva se sua cintura.

A puxei para ficarmos mais colados e a senti se mexer sob minhas mãos, passando o seu braço por cima do meu e juntando nossos pés. Nosso corpo se reconhecia e não precisávamos mais de sexo selvagem para provar isso, estava posto até nas coisas mais banais.

G: Boa noite, meu amor. - ela murmurou antes de virar o rosto de lado e encontrar o meu olhar. - Obrigada por dividir a cama comigo esta noite.

M: Eu te amo. - A beijei a testa. - não precisa agradecer, apenas vamos descansar, sim?

Gabi assentiu com a cabeça sem tirar o sorriso dos lábios, apertou mais meus braços em volta dela e senti sua respiração suavizar aos poucos. Eu beijei seu pescoço, como se quisesse ter a certeza que ela realmente estava ali, isso para mim só era possível reconhecendo o cheiro que eu tanto amava. Gabi gemeu um "eu te amo" e eu também me entreguei a calmaria da madrugada. 

Foi nossa primeira noite compartilhada, imaginei que nossos corações fossem bater no mesmo ritmo, fossemos esquecer o sono e arrancar nossas roupas ou até se beijar até amanhecer. Porém tivemos o que precisávamos naquele momento. Sabe, uma vez uma fã me disse que existem pessoas que roubam nossas energias, sugam mesmo, mas tem outras que nos devolvem, nos recarregam.

Adormeci agradecendo pelo abraço reenergizante que meu amor me proporcionou.

Gripadinho & XaropinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora