Um sentimento novo

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Murilo desceu as escadas, saindo para fora, sentando numa das cadeiras, passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, num gesto de desespero e arrependimento.
Martina não era uma garota fácil de lidar, detestava lhe tratar daquela forma, no entanto quando ela o enfrentava, ele perdia as estribeiras.
Levantou nervoso, as mãos na cintura, olhando para cima, respirou fundo tentando se acalmar, tinha que se controlar, mas parecia que ela sentia prazer em lhe atingir.
Não estava acostumado com isso. Enquanto todas, que já tinha conhecido, se matavam para ter sua atenção, ela praticamente o desprezava. 
Quando ouviu de sua boca que, o que viveram na noite passada, tinha importado muito pouco pra ela, aquilo o desestabilizou.  A reação de Murilo  foi rápida como uma flecha atingindo o alvo. Só não pensou que ela se magoaria daquela forma. 
A imagem dela adormecida em seus braços, na noite anterior e a sua desconfiança, de que ainda fosse virgem, ser verdadeira, fez brotar um sentimento desconhecido dentro de Murilo.
O elogio que teceu a ela no quarto, tinha sido genuíno. Martina, nua, com os longos cabelos ruivos esparramados no travesseiro, deitada de bruços entre os lençóis, era simplesmente linda! Não tinha sido lábia de um conquistador para poder obter sexo, apenas.
Desde aquele bendito aniversário, que pensava nela. Murilo a quis desde o primeiro momento, em que a viu dançando com seus amigos.
Se controlou ao máximo, quando tirou totalmente, sua roupa. A visão dos seios firmes e arredondados, na medida certa da palma de sua mão, o deixou extasiado. Não a tocou em nenhum momento, sem a sua permissão, apesar do desejo estar explodindo em ambos, Martina havia bebido e ele não era um canalha. Queria que ela lembrasse de sua primeira vez, como algo especial e instintivamente, queria ser inesquecível na vida dela.
Torceu a boca num pequeno sorriso de lado, quando lembrou do modo como o olhar de Martina devorou seu corpo pela manhã na sala. A expectativa de possuí-la fazia seu sangue ferver nas veias. Era impossível ficar perto de Martina sem querer lhe tocar. 
Talvez, a ideia de lhe engravidar dentro de seis meses, pudesse esperar um pouco. Ele poderia mudar as regras do jogo se quisesse. Martina demonstrava desagrado em por um filho no mundo assim, sob um contrato. - pensou.
Não soube quanto tempo, ficou ali meditando até ver Martina voltando com os olhos assustados, sentando o mais longe possível dele.
Murilo sentiu-se o pior dos homens. A queria demais, no entanto, conseguiu fazer uma besteira, a magoando.
Preciso reverter isso imediatamente! - sua mente o alertava.
Sorriu, agora, mais calmo e puxou uma cadeira para sentar a sua frente.
Ela olhou para o lado, detestava ter que encará-lo, com medo de desabar em lágrimas. 
Depois, do que lhe dissera, ele não a veria mais chorar! - intentou para manter seu amor próprio. 
Ledo engano! Mal sabia ela que tudo mudaria dali pra frente.
__ Martina... - ele exitou, a chamando. __ Fui grosso! Não quero que fique com medo de mim. Me excedi. - as palavras saiam baixas.
Ela virou o pescoço diante de suas palavras. Aquele rosto agora, se mostrava diferente dos momentos anteriores.
Murilo é um homem difícil de entender. - o julgou. 
__ Murilo, eu só quero ir embora. Quando assinei aquele contrato, me garantiu que me respeitaria, isto inclui violência física e psicológica. E me disse no seu escritório, que não agia com violência. Espero que honre sua palavra enquanto estivermos juntos. Já vivo isso com meu pai.  - o lábio inferior tremeu, segurando as lágrimas, lembrando das palavras dele dizendo que não suportava mulher chorona. 
Sorriu se empenhando em disfarçar a mágoa.
Murilo notou o esforço e se levantando, estendeu a mão, fechando ao redor de seu pulso, a fazendo se erguer.
__ Tudo bem, vou te levar para casa.- a puxou contra o peito afagando seus cabelos.
As palavras a surpreenderam e ela ouvia seu coração batendo forte, sentindo o calor e o cheiro dele. Segurou ainda mais as lágrimas. Não deixaria vê-la chorar, estava na hora de ser mais forte e começar a lutar contra todas as coisas que estava sentindo.
Chorar, com certeza, não mudaria o rumo da sua vida e nem as atitudes de Murilo. - raciocinou.

O trajeto de volta foi feito em silêncio, cada um com seus pensamentos.
Martina o observava conduzindo o iate. Ele tinha um corpo de um deus grego. A pele morena clara, as costas e os ombros largos com suas musculaturas se retesando, conforme o esforço que faziam com o equipamento, na cabine de comando. Cerca de uma hora depois, o iate atracava na Marina de San Martin novamente.
Martina subiu e se vestiu com o vestido, que encontrou dobrado dentro de uma gaveta no quarto, no entanto, ficou com a parte debaixo do biquíni, pois não teve coragem de saber o que Murilo tinha feito com sua calcinha.

Quando ele estacionou na rua, quase em frente ao portão de sua casa, Martina ficou um pouco sem jeito, pois não sabia se agia normalmente ou como uma noiva. Parecendo ler seus pensamentos, ele se inclinou e a trouxe delicadamente, para que seus lábios se tocassem. O desejo de senti-lo foi mais forte que sua razão e Martina tornou o beijo mais sensual, se incendiando por dentro. Aos poucos, lentamente, seus lábios se desgrudaram. Murilo com a voz ofegante declarou.
__ Não sei se vou conseguir dormir esta noite. - disse pegando a mão dela para que afagasse seu membro rijo por cima da calça. __ Estou louco por você e pode não acreditar,  mas a noite passada foi uma das melhores que já passei com alguém, apesar de não ter havido sexo. Saber que posso te ensinar a se sentir mulher, me excita demais. 
Tornou a tomar os lábios dela, desta vez com mais força. Martina amoleceu quando ele acariciou seu seio sob ao vestido, dando atenção ao mamilo que enrijeceu sob o toque sensual.
Ela gemeu, sentindo o ar abandonar seus pulmões e Martina deixando de vez, a racionalidade, se atreveu a tocá-lo novamente. Abandonou o pudor e se submeteu ao desejo que a invadia.
Suas bocas se encaixavam sensualmente e suas línguas se enroscavam, num beijo úmido e quente, cheio de tesão. Martina sabia que estava sendo fraca, que devia abrir a porta do carro e sair correndo dali, mas sucumbiu as carícias alucinantes dele. Era como, se todo o estresse que tinham passado um com o outro, tivesse um perdão imediato, diante daqueles afagos sensuais. Martina então, soube o quanto a carne poderia ser fraca e que quando o desejo se apossava nada podia detê-lo.
Abriu o botão e o zíper da calça dele e enfiou a mão sob o cós da cueca, deslizando para dentro dela, sentindo todo o seu tamanho pulsando em sua mão. O apertou, massageando como ele a havia ensinado. O sexo dela latejava na mesma sintonia de seu pênis. Ela o sentia pulsar de desejo. Murilo gemeu na boca de Martina e  se contraiu em ondas de orgasmo, seu sêmen molhando a mão dela.
Martina sorriu e ele quis retribuir o prazer que havia recebido. Levantou seu vestido e afastou suas pernas,  enfiando dois dedos por dentro do biquíni, sentindo o quanto ela estava molhada. Martina arfou e com a mão afastou mais, a calcinha do biquíni, abrindo mais as pernas instintivamente, escorando na porta do carro.
A película escura não deixava ninguém enxergar lá dentro. Ele enfiou os dedos até  que sentiu a barreira da sua virgindade, trazendo mais lubrificação para a superfície. Martina derretia, gemendo enquanto era massageada em seu clitóris. Gozou arfando, de olhos fechados mordendo o lábio inferior, evitando que os gemidos fossem ouvidos por quem, por ventura, passasse na rua.
Quando retornou, abrindo os olhos,  Murilo a observava. Ele sorriu leve.
__ Não sabe como me excito vendo você gozar assim.
Depositou um beijo carinhoso e calmo em seus lábios.
__ Quero muito você, Martina! Vamos encarar esse casamento como algo vantajoso para nós dois. Como uma troca de prazer. Não vejo a hora de você ser minha por inteiro. - confessou.
__ Murilo... não posso negar, que não sinto o mesmo. Cada vez, que me toca, é como se algo explodisse dentro de mim.
__ O nome disso é tesão. - deu mais um beijo nela e se afastou.
__ Acho que não poderei entrar com você. - olhou sua calça toda molhada e ela sorriu.
__ Tudo bem, na próxima a gente cuida para não fazer essa lambança toda! - brincou.
__ Estou gostando de ver... está me saindo uma ótima aluna.
Martina agora, tomou a iniciativa e o beijou levemente, nos lábios.
Ele acrescentou:
__ Vou procurar ter mais paciência com você. Desculpa, se te fiz chorar.
Ela balançou afirmativamente a cabeça, sorriu, abrindo a porta do carro e saiu.
Não sabia explicar, mas a possibilidade de ficar dois anos com Murilo, já não a assustava tanto.
Martina sumiu, adentrando a casa, pelo portão.
Murilo ligou o carro e saiu.
Enquanto dirigia para casa, o pensamento em Martina o acompanhava.
Ela tinha algo que o atraía. Um sentimento de proteção se fez presente nele. Ela era carente de figura masculina.Quando falava no pai, a mágoa transparecia em seus olhos e no tom da voz. Também pudera, ele levantava a mão pra ela sempre que era contrariado!Não queria passar essa imagem para ela, sabia que isso a assustava.
Martina era uma artista e como tal tinha personalidade sem deixar de ser sensível. Seus olhos emitiam uma luz quando se deparava com um simples quadro, comprado numa feira. - sorriu. Ela enxergava além.

Não queria assustá-la, agindo como tinha agido horas antes. O fato é que quando ela dizia que não se importava com ele, tudo mudava. Um sentimento de impossibilidade o atingia e sentia ela escorrer por entre seus dedos. Precisava conquistar aquela menina mulher, que apesar da pouca idade, tinha uma personalidade marcante que o encantava.
Sempre foi acostumado a ter a mulher que quisesse, desde a época da adolescência. Teve muitas. Algumas mais velhas ou mais experientes, que lhe ensinaram toda a arte de fazer uma mulher feliz na cama. Faria de tudo para que Martina sentisse satisfeita com ele.
Desde a noite do aniversário dela, que nunca mais tinha procurado Paula para transar, apesar das insistência da prima.
Saiu várias vezes, com algumas executivas de empresas do mesmo ramo de negócios dele. Eram  mulheres lindas, mas faltava algo nelas.
À noite, mandou uma mensagem à ela.
" Você não sai do meu pensamento.
Boa noite."

UM TEMPO PARA AMAR 1° Lugar na Categoria, Cena Dramática #CDouradosnaliteraturaOnde histórias criam vida. Descubra agora