A festa estava no auge, muitos dançavam animados, na enorme pista de danças, ao som de uma banda ao vivo.
Marina sentou ao lado da mãe e da sogra para conversar e sorriu satisfeita ao se deparar com Ana e Ramon, sentados, mais afastados conversando. Formavam um lindo casal.
___ Como está mamãe? - indagou dando um beijo em sua face.
___ Estou ótima, há meses, não me se sentia tão bem. Sua felicidade é a minha, Martina. Estava comentando, com Carmem que a festa está maravilhosa! Vi que está usando os brincos que te dei.
Carmem aproximou os dedos para toca-los delicadamente.
___ São lindos! Uma verdadeira obra de arte!
Martina explicou:
___ E uma joia de família, passada de mãe para filha.
___ Ah, sim. Eu também tenho algumas joias que foram de minha mãe, muito em breve, as passarei para você , já que não tenho filha.
___ Imagina, Carmem! Você tem a Paula, sua sobrinha. Nada, mais justo que ela herde.
__ Ah, mas não será a mesma coisa! Você será a mãe dos meus netos e se tiver uma menininha, certamente, repassará a ela. Paula não. E depois, ela já ficou com as jóias de minha irmã, por ocasião de sua morte.
Martina não teve tempo de espichar a conversa, sentiu o aperto da mão quente de Murilo, em seu ombro, que a fez estremecer.
___ Martina, melhor começarmos a nos despedir. O voo para Paris sai em duas horas. - ele disse, acariciando seu pescoço. Ela arrepiou.
Martina levantou e sorriu.
___ Vamos nos despedir e agradecer a presença dos nossos convidados e depois vou trocar de roupa. - avisou olhando para as duas mulheres, sentadas a sua frente.
Murilo a abraçou pela cintura possessivamente e então, depois de vários minutos, ela foi até o recinto, onde tinha se preparado para o casamento.
Acendeu a luz, procurando a roupa, que tinha comprado especialmente para a viagem. Um macacão de alças, de tecido mole, com um mix de azul e verde e fundo escuro que realçava os fios avermelhados de seus cabelos. Sandálias de salto médio e um casaquinho, caso, sentisse frio no avião.
Retirou as flores dos cabelos e o vestido, o ajeitando delicadamente, sobre um dos sofás. Logo mais, uma equipe destinada a recolher seus pertences viria buscar. Ficou apenas de lingerie.
Se encaminhou ao banheiro, tomando um banho rápido, saindo enrolada na toalha e quando abriu a porta se deparou com a figura de Paula, alisando o vestido. Diante do olhar de surpresa de Martina, comentou:
___ Seu vestido deve ter custado uma pequena fortuna, não é mesmo?
___ Uma fortuna não digo, mas não foi barato. - retrucou.
Ela sorriu sarcástica.
___ Na verdade, não sei porque todo este investimento em você! Murilo deve estar louco, para ficar rasgando dinheiro assim. Bancando toda essa palhaçada!
Bastava uma simples assinatura num cartório e pronto!
Mas com certeza, a exigência dessa ostentação toda deve ter partido de você.
Murilo me contou que largou um cartão sem limites na sua mão.
Martina ergueu uma sobrancelha.
___ Ele me conta tudo, não temos segredo. - afirmou Paula, com cara de desafio.
___ Ah, conta? Então, deve saber a resposta para sua pergunta sobre os gastos. Nem deveria responder, mas vou. Não pedi nada a ele! Está incomodada? Tire satisfação com ele, não comigo!
Paula deu uma gargalhada e pegou o conjunto de lingerie, que estava separado junto ao macacão e o examinou. - não disfarçava o ciúmes.
___ Para uma noiva que está casando obrigada, isto aqui, é muito sensual.
___Paula, por favor, saia. Eu preciso me vestir. Temos horário para chegar ao aeroporto.
__ Que isso priminha!?! Pode se vestir. Vamos ver se está a altura de todas as mulheres que já divertiram Murilo!
___ Não seja ridícula!! Você, por acaso, era fiscal das mulheres que dormiam com ele!? Que patético! Quero privacidade e você esta invadindo a minha!
Ela levantou as mãos em sinal de rendição, o sorriso irônico no canto da boca.
___ Não esqueça o que te falei naquele dia. Você é apenas diversão! Você só é mais uma novidade! Ele a levará a Paris, aproveitará seu corpo por um bom tempo... e depois, voltará pra mim. Vou reforçar para não esquecer: Ele sempre volta!! - o tom da voz raivoso. ___ Sabia que já fizemos esta viagem juntos? Quinze dias, inesquecíveis, para mim e para ele. Me confessou ontem, que jamais esqueceu o que fizemos em Paris! Com você será apenas praxe, entendeu? Algo a ser mostrado nas colunas sociais, só isso!
O sangue ferveu e Martina não deixou por menos.
O que ela estava pensando? Entrar assim e dizer tudo o que queria?
___ Se ele me acha uma diversão, então, estamos quites! Por que estou a fim de me divertir também. Vou aproveitar cada beijo, cada abraço e cada pedaço daquele corpo, que você acha e diz ser "seu homem"!
E só para deixar claro as coisas entre nós duas, quem vai dormir e acordar com ele durante dois anos será eu! Ele que vai me fazer delirar de prazer todas as noites! Estaremos tão ocupados nos divertindo, que a você, só sobrarão as migalhas, afinal, se quiser criar um filho com, Murilo, terá que aceitar, que vamos fazer muito sexo!!
E acredite, Murilo delira quando o toco, tem prazer em me ensinar, se excita demais em ter uma inexperiente na cama.
Ele é o professor, eu, a aluna! Como você mesma disse, qual homem não fantasia isso? E você sabe como ele é bom de cama. Depois, que dormi com ele, entendi que pode ser um jogo bem proveitoso para nós dois!
Querida, ninguém se diverte sozinho! Vamos nos divertir juntos e você terá que aceitar!
Paula escutou aquelas palavras e as engoliu a seco, lívida! Atirou a lingerie em Martina e saiu, batendo a porta.
Martina juntou as peças que caíram aos seus pés e sentou na guarda do sofá. A respiração ofegante e mãos trêmulas, porém, satisfeita com a cara de perdedora dela, mas sabia que as palavras de Paula, tinham um fundo de verdade. Murilo a protegia e com certeza, ela era sua confidente. A única que sabia daquele segredo.
Ouviu uma batida na porta e os olhos negros de Murilo, no vão entreaberto, a miraram.
__ Martina? - chamou colocando todo o seu corpo para dentro, chaveando a porta.
__ Eu ia dizer para me esperar aí fora, mas já entrou. - disse contrariada.
__ Nada do que já não vi antes, mas se preferir eu saio. - estava receoso em como agir, não queria lhe assustar, queria reaver sua confiança.
Ela deu de ombros e ele se aproximou afundando ao lado, da guarda do sofá, onde estava sentada.
___ Aconteceu alguma coisa? Parece estar nervosa. Cruzei com Paula, ela te fez algo?
___ Não, só veio questionar o porquê de toda esta festança. Seus pais sabem quem está bancando tudo isso?
___ Não devo explicações a ninguém. Sou o único herdeiro dos Márquez Muniz. Meu pai passou tudo para o meu nome. O que gasto ou deixo de gastar, é problema meu!
___ Eu entendo isso, mas acho que ela tem razão. É tudo uma farsa, porque fizemos tudo isso?
___ Viver dois anos juntos, não é uma farsa. - a puxou para que caísse em seu colo.
Ela se assustou.
__ Vai ser minha esposa e a tratarei como tal! - seus olhos percorriam sua pele nua; o desejo refletido neles.
Ela segurou com força a toalha para não desnudar os seios. O medo da noite, no Iate, voltou a lhe atormentar naquele instante.
Ele é imprevisível. - pensou, mordendo o lábio inferior.
___ Relaxa Martina, está tensa com minha proximidade?
Ela sorriu meio amarga.
___ E não é pra estar? Depois do jeito que agiu comigo, tenho medo até de respirar perto de você. - confessou, observando suas reações.
Murilo passou a mão pelos seus ombros e subiu os dedos pelo coque, soltando seus cabelos, que caíram em cascata por suas costas.
___ Eu prefiro eles soltos. Já disse isso?
___ Murilo... - fez menção de se levantar, mas ele lhe agarrou pela cintura, impedindo.
___ Não fuja Martina, por favor! Não sabe como estou me sentindo em relação àquela noite. Quero me aproximar de você novamente... estávamos indo tão bem... Tivemos momentos de cumplicidade, mas eu estraguei tudo. Quero o seu perdão. -foi direto. __ Agi feito um canalha, um monstro! Nunca tratei uma mulher assim, mas não sei o que aconteceu! Passei estes 20 dias, escrevendo e apagando mensagens, pensando em te enviar...
Fugi, naquela madrugada, porque a vergonha foi maior que minha coragem para te olhar nos olhos e pedir perdão pelo meu comportamento. Estou aqui, reconhecendo meu erro.
Martina o olhava incrédula com aquelas confissões.
Seus dedos seguravam tão forte o tecido da toalha, que já estavam sem circulação.
Murilo os tocou, forçando para que relaxassem e assim pudesse afrouxar o pano. E ele caiu se amontoando em seus quadris.
Ele acariciou sua pele nua, seu pescoço, o vale entre os seios. Seu toque queimava e Martina sentiu-se inundar de amor, quando ele os tocou com o polegar, circulando um dos mamilos, que endureceram imediatamente, sob seu toque. Ela fechou os olhos, apreciando a carícia, seu sexo incendiando.
__ Você é linda, Martina. - a voz rouca afirmou no seu ouvido, uma das mãos segurando sua nuca, os dedos enterrados em seus cabelos. __ Fiquei louco, quando começou a falar de outro homem para mim.
___Murilo... - ela tentou se explicar.
___ Shiuuu!!! Não quero explicações, não quero uma esposa prisioneira! Quero que tenha total liberdade para fazer o que quiser. Pintar, estudar, fazer amigos... Errei e estou pedindo perdão.
Sua boca agora, encostou em seus lábios e aos poucos foi sendo tomada por um beijo mais forte. O beijo mostrando o quanto ele a queria de volta, sem medo.
Quando seus lábios se desgrudaram, ele a abraçou.
Martina já não conseguia articular a voz, diante de tanto carinho da parte dele.
___ Vou confiar em você, Martina, para que também confie em mim. Nunca mais a tratarei daquela forma. Vamos passar dois anos juntos e quero que seja bom, tanto pra mim quanto pra você. Quero que seja um tempo, em que se sinta feliz, longe de ser maltratada por seu pai.
___ E o que mais quero, Murilo. - confessou e naquele momento, desejou ficar assim, trancada com ele naquele quarto, não ver ninguém; só os dois.
Murilo sabia como convencer uma mulher, era experiente e lábia não faltava para isso.
Ele vai conseguir tudo o que quiser de mim. - pensou suspirando, resignada.
Ficar a mercê dele, seria o preço a pagar para poder ter o seu amor no final do jogo.
Ele a beijou novamente.
__ Acho que precisamos nos apressar. - sorriu. __ O avião não vai esperar a gente fazer amor. - brincou para descontrair.
__ Acho que não. - disse se desvencilhando de seus braços, largando a toalha em sua pernas.
Murilo sentado, a admirava nua, as nádegas firmes, a sua frente, vestindo a lingerie de renda de cor verde água. E ela sorriu, vendo o quanto ele se segurava, controlando sua excitação.
Teve vontade de contar sobre Paula, mas se conteve, pois temia a sua reação, ele a defendia com unhas e dentes e uma briga agora, na hora de saírem para lua de mel não cabia.
Se vestiu, pegou sua maleta de mão com as coisas que levaria na viagem e desceram. Ele já tinha trocado o fraque por uma calça preta e camisa verde escura.
Os pais do casal também estavam ali, na antessala, para se despedirem.
Martina abraçou a mãe, não a veria por um tempo, já que na segunda -feira iria para o tratamento fora do país, que duraria dois meses.
Assim que se despediram, driblaram os fotógrafos, que se acumulavam no portão de saída e rumaram para o aeroporto.
Em seis horas, estariam aterrissando na Cidade Luz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
UM TEMPO PARA AMAR 1° Lugar na Categoria, Cena Dramática #CDouradosnaliteratura
RomanceMartina Montesinos é uma garota rica, de língua afiada, na qual destila todo seu ressentimento em relação as atitudes do pai, um homem violento e machista. Ela entra em desespero quando o pai e o irmão boa vida, a usam como moeda de troca para sana...