O amor na Cidade Luz

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Martina sentiu quando o avião tremeu na decolagem, ela agarrou com força a mão dele e Murilo a abraçou, acariciando os longos cabelos ruivos. Sentia medo, mas estranhamente, ter ele ao seu lado a deixava mais segura.
Ela podia ouvir seu coração batendo, o perfume inconfundível, transbordando masculinidade, adentrando suas narinas, a embriagando. Aproveitou o momento de aconchego, ter ele assim, sentir o calor de seu corpo mexia com seus sentidos. Procurou esquecer o que tinha acontecido com Paula. Ela agora, era a senhora Márquez Muniz, precisava ser esperta e tentar não entrar no jogo dela. Nitidamente ela lhe afrontava por estar com ciúmes e por enquanto preferiu dar uma chance as palavras de Murilo, quando disse que confiaria nela para que pudesse  confiar também.
Confiaria que Murilo não a trairia enquanto estivessem casados.Se isso acontecesse não seria por falta de sexo. Estava decidida a conquistar o amor daquele homem, que tinha entrado na sua vida, assim de uma maneira, nada convencional, a irritando e aos poucos a enlouquecendo de amor e desejo. A confiança era um princípio que deveria ser levado em conta num casamento. Jogaria duro dali pra frente.
Adormeceu sonhando com a possibilidade de ser um início de um tempo para amar.
Murilo sorriu, ao perceber que ela ressonava com um leve sorriso de canto de boca. Tê-la assim, calma, aninhada em seus braços, lhe dava uma sensação de paz.
A agitação do dia tinha acabado. Agora, estavam casados e só o que queria dali, pra frente, era que tudo desse certo entre eles. Martina estava protegida com ele. Ninguém sequer ousaria tocar em um fio de cabelo dela.
Seus seguranças, os de mais confiança e mais antigos, lhe traziam notícias do submundo. Luis Alberto Rodrigues, estava satisfeito com o pagamento da dívida por parte do pai dela, apesar de ter ficado muito irritado quando soube que Murilo tinha chegado antes dele. Seus planos eram de possuir Martina e exibi-la como um troféu.
Mesmo assim, manteria os seguranças de olho em Martina, se alguma coisa acontecesse a ela por descuido seu, jamais se perdoaria.
Ela se mexeu no banco para se acomodar melhor. Ele, ternamente, beijou o alto de sua cabeça.
Tão meiga, tao ingênua... quem a visse assim, nem imaginaria o furacão que era quando alguém a desafiava.
Com a língua ferina, enfrentava quem quer que fosse, de cabeça erguida, usando o jogo de palavras, no entanto, bastava uma segurada mais forte num braço, para que aquela fortaleza toda desmoronasse. Era sensível. Sentia tudo como ninguém, porém de uns dias para cá, havia notado que segurava o choro, principalmente, em sua frente. O engolia, uma forma de orgulho, talvez.
Na cama, estava se mostrando aos poucos, descobrindo os prazeres do sexo, dos toques, dos gostos... Tão diferente de tantas que passaram por sua cama.
Ela o deixava louco, quando pedia mais, não de um jeito pervertido, fingido, para lhe conquistar, com interesse em obter vantagens que um homem como ele poderia oferecer, mas de puro prazer e satisfação em se entregar e ser possuída por ele. Os dois se entendiam muito bem neste quesito, a cama.
Seus pensamentos, agora, se voltaram para aquela fatídica noite. A tinha magoado demais, a recompensaria nessa semana de lua de mel, com muito carinho.
Conhecia muito bem Paris, já tinha estado ali, com Paula, logo que se conheceram. O mais intrigante era que antes de conhecer Martina, se sentia atraído por Paula. Ela era linda, corpo escultural, experiente na arte do sexo e qualquer homem se mataria para tê-la uma noite, apenas, em sua cama.
Gostava de exibi-la aos amigos e empresários, em jantares e festas, apreciava o olhar de inveja por estar pegando uma mulher daquelas. Inflava seu ego de macho alfa, entretanto, com Martina era muito diferente. Bastava a menção de um olhar de outro homem em cima dela e seu sangue fervia. Nunca tinha se sentido assim e era como se a pudesse perder a qualquer momento, como se ela pudesse escorrer por entre seus dedos.
Foi bom com Paula? Claro que foi! Passaram 15 dias em Paris e não que ele a tivesse levado com intenções românticas. Ela o acompanhou numa viagem de negócios e nesse meio tempo, aproveitaram tudo o que a cidade poderia oferecer.
Por este motivo, não reservou o mesmo hotel. Martina merecia se hospedar num 5 estrelas e foi o que fez, reservou o que tinha de melhor, na Champs Elysées. Prometeu que a trataria como sua legítima esposa e cumpriria.
Estava tendo problemas com Paula e parece que a presença de Martina a incomodava. Chegou ao absurdo de lhe propor, que talvez, quando Martina tivesse que entregar o filho, os dois pudessem criá-lo, o que foi negado por ele.
Martina engravidaria sim, mas para se proteger. Ninguém ousaria em tocar na mãe de um herdeiro dos Muniz, depois desses 2 anos.
Em se tratando dos Rodrigues, não confiava, ele era sádico, lhe respeitava, mas quem lê a mente de um bandido? Tinha pensado em tudo para que ela fosse protegida. Quanto a criança, jamais a faria sofrer em função disso, não teria coragem de arrancar o filho de uma mãe. Só o fato de fazê-la sofrer o desgostava.
Cinco horas mais tarde, o avião, aterrissou no aeroporto Charles de Gaulle.
___Martina... Vamos aterrissar, por favor acorda.- ele a sacudiu de leve, fazendo com que acordasse.
Ela abriu os olhos e sorriu, lânguida.
__Não acredito que dormi todo o tempo!
__ Como um anjo. - afirmou ele.
Martina passou as mãos nos cabelos.
__ Não se preocupe, está linda, aliás, se não me engano há um tempo, já lhe disse que até vestida com...
Ela interrompeu abrindo um lindo sorriso, que o desarmava sempre.
__ ...um saco de batatas, eu ficaria linda!
Murilo beijou a ponta de seu nariz.
___ Vejo que meu elogio, mesmo manjado, surtiu efeito, não esqueceu.
Como poderia? Lembro de cada palavra e cada gesto desde o dia, em que o vi pela primeira vez. - considerou, enquanto ajeitava o cinto de segurança.
Quando saíram do aeroporto, um carro já os esperava para serem levados até ao Hotel, onde a suíte master estava reservada e seria testemunha de muitas noites  de amor entre os dois.
O aeroporto ficava a cerca de 15 km do hotel e Martina olhava pela janela do carro com os olhos brilhantes, como uma menininha que ganha um presente tão sonhado.
___Ainda não consigo acreditar que estou aqui! - ela disse com entusiasmo .
Murilo sorriu satisfeito. Ela era tão linda assim, desarmada... inocente...alegre.
O hotel, localizado no centro de Paris era magnífico e luxuoso, digno de receber a família imperial Inglesa.
E ao ser informada, que tudo que pretendia conhecer, ficava num rol de 300 metros de distância dali, ficou ainda mais exultante.
O quarto era imenso e com uma decoração de tirar o fôlego. Estava acostumada a hotéis luxuosos, mas nem em sonho, se viu se hospedando num daqueles. 
Seus olhos correram por todo aquela suntuosidade, parando, na magnífica, cama de casal, com dossel dourado e lençóis de cetim.
Murilo acompanhou seu olhar e sorriu de lado, a puxou para um abraço e logo, afastou um pouco o rosto para encará-la.
__ Posso saber o que se passa nessa cabeça?
Ela o beijou delicadamente nos lábios e um sorriso devasso surgiu em seu rosto.
__Pode. Vamos terminar o que começamos há mais de seis horas. E nem me venha dizer que precisamos descansar, blá, blá, blá...porque isso não irá acontecer. Sonhei toda a viagem, Murilo. Quero fazer amor agora....- seus braços enlaçaram sua cintura, ele suspirou, a apertando contra seu peito.
__ Não está com medo de mim?
__ Nem um pouco. Deveria ter?
__ Não. - seus lábios agora, se aproximaram dos dela num beijo forte, cheio de paixão. A língua  obscena, explorando sua boca.
Ela deixou escapar um gemido baixo, quando as mãos dele subiram pela linha fina de sua cintura, encontrando um seio, rodeando o mamilo com o polegar, a deixando em chamas.
Martina também queria dar prazer a ele e as duas mãos deslizaram por seu peito, descendo até o cós da calça, afagando seu membro e ela o sentiu endurecer ainda mais.
Murilo abaixou as alças do macacão, a boca descendo e subindo na curvatura do seu pescoço, abriu o zíper traseiro. O tecido mole caiu ao chão. A segurou no colo, levando para a cama, sem se desgrudar de sua boca e Martina sentiu-se  afundar no colchão macio, só de calcinha e sutiã, a espera dele, que se livrava da roupa rapidamente. 
Ele sorriu ao notar o quanto ela se excitava ao vê-lo nu. O membro ereto, pronto para lhe dar prazer e então, deixou-se ser acariciado pelas mãos curiosas dela, quando deitou ao seu lado. Delicado, afastou o sutiã e passou a ponta do dedo indicador ao redor do mamilo rosado, provocando sensações em Martina inacreditáveis. Se livrou da peça rendada, liberando os seios para serem acariciados por sua  língua ávida, a excitando e a boca agora, sugando delicadamente, o mamilo.
A intimidade dela se apertou, formigando de desejo. Seus seios subiam e desciam, respirando forte diante da carícia e ela arqueou o corpo, o segurando ali, naquela deliciosa tortura.
A mão máscula e experiente desceu por sua barriga lisa, provocando arrepios e fazendo seu corpo tremer, antecedendo ao que viria. Murilo apertou suas coxas, deixando as marcas de seus dedos em sua carne alva, arrancando gemidos sôfregos de Martina.
A calcinha foi tirada num único puxão para baixo e suas pernas foram afastadas, liberando seu sexo quente, para ser acarinhado.
O toque de Murilo era suave, lubrificando toda sua extensão, massageando seu clitóris em toques suaves, alucinantes.
As sensações se tornaram mais intensas e ela elevou o quadril, querendo mais. A linguagem corporal dela, ele entendia bem; acelerou os movimentos e ela gozou, gemendo, suas bocas unidas, em puro êxtase.
Seu sexo ainda pulsava, quando Murilo a penetrou, lentamente, se enterrando  dentro de sua quentura, lhe preenchendo totalmente. 
Martina gemeu de puro prazer, agarrando o lençol com firmeza. Os movimentos eram suaves, sendo aumentados, aos poucos, conforme ela também mexia.
Martina debaixo dele comandava a dança mais velha que o mundo, remexendo os quadris, exigindo que a penetrasse mais fundo e mais rápido, enterrando, agora, as unhas em suas costas musculosas. Eles queimavam no fogão do amor e logo ambos explodiram, num orgasmo intenso, que sacudiu seus corpos, os fazendo delirar.
Ainda ofegantes, ele rolou para o lado e esticou o braço para aproximá-la de seu corpo. Ela ainda de olhos fechados tentava assimilar as sensações que tinha sentindo, tremendo em êxtase total.
Martina...- ele a chamou baixinho.
Ela abriu os olhos devagar se deparando com ele muito perto de seu rosto sorrindo. Murilo estendeu a mão afastando os cabelos que se enrolavam no pescoço de Martina.
Cada toque dele, cheio de carinho, depois que faziam amor, era algo que lhe fazia o amar ainda mais. 
__ Cansou?- ela indagou, lasciva, também o acariciando no rosto.
__ Um pouco, mas acho que não tenho esse direito, afinal, estamos em lua de mel. Preciso deixar minha esposa sempre satisfeita. - descontraiu.
Ela riu , o encarando, se erguendo no cotovelo.
__ Pois acho bom descansar, mais tarde vou querer mais. - ela bateu levemente, com o polegar em seus lábios 
__ Sério? -  a mirou com ar de riso e espanto. 
__ Seríssimo, senhor Murilo! A não ser que não queira... - passou os dedos pelos lábios dele, os contornando.
__Por mim, nem sairia pra rua nesta semana. Acho que deveria ter ido para uma ilha, assim poderíamos transar em qualquer lugar. Nesses 20 dias, foi o que mais desejei, estar assim com você. - confessou.
Ela se mexeu , rolando para a saída da cama.
__Murilo, só tenho que resolver um problema...
__ E qual é? - indagou.
__ Fome. São quase meio dia! Vamos tomar banho e depois descer para almoçar e depois subir para descansar e depois fazer amor novamente!
Murilo diante de toda aquela pressa em enumerar as ordens do que deviam fazer, gargalhou.
__ Ok, mandona!
__ Eu mandona? Quem falando! Espere só para ver a noite, o significado de mandona.
__ Muita propaganda... - brincou em tom duvidoso.
Ela levantou e ele a admirou.
__ Nunca subestime uma esposa que acabou de descobrir os prazeres do sexo, meu amor! - disse irônica, caminhando nua, os longos cabelos até o meio das costas, para o banheiro.
Ouviu o barulho da água caindo e ele a seguiu, entrando no box. A água escorria sobre seus corpos e ficaram um tempo abraçados, cada um com seus pensamentos até que seus lábios voltaram a se encontrar e as carícias se tornando cada vez mais exigentes.
Murilo a ergueu e ela enroscou as pernas em sua cintura e foi preenchida por seu membro. Ele a empurrou e ela sentiu as paredes geladas do box nas costas e as estocadas cada vez mais fortes, estimulando um ponto dentro de suas entranhas e logo o orgasmo chegou intenso, o apertando em contrações involuntárias. Murilo veio em seguida a inundando com seu líquido, estremecendo de prazer .
__ Não sei se vou sobreviver a você nesta lua de mel - respirou ofegante.
__ Claro que vai. Nesta semana, será meu escravo, eu mando, você obedece. Os papéis de hoje em diante, dentro deste quarto, se inverterão.
__ Pode apostar que vou amar ser seu escravo sexual.- disse maliciosamente.
Martina o beijou, um beijo longo, não de desejo, mas que transmitia todo seu amor.
Após o almoço, descansaram.
Martina o observava dormindo. As costas nuas com a musculatura em evidência... o contorno do quadris escondido embaixo do lençol...
Correu os dedos delicadamente, pela espinha , subindo até os cabelos negros, contornando a barba bem aparada, os lábios carnudos que a levavam a loucura quando se perdiam entre suas pernas.... Murilo era um homem lindo e pensou em, como nunca, o notou, na cidade. A família vivia nas notícias sociais.
Se arrepiou ao lembrar do modo como ele a agarrava pela nuca quando a beijava, o jeito como seus dedos se enterravam em seus cabelos... Sua possessividade a excitava. Ele  fazia lembrar um toque que nunca esqueceu, o toque do mascarado, no jardim, nos seus 21 anos.
Pensou que sua sorte poderia ter sido muito pior, se tivesse sido dada em casamento a um outro credor de seu pai, afinal, ele devia para muita gente esquisita. Pessoas que, várias vezes, frequentaram sua casa e a devoravam com os olhos em descarada cobiça. 
Estremeceu só de lembrar.
Mas agora, estava casada, pagando a dívida e não estava sendo, como várias vezes, ele mesmo lhe dissera, nenhum sacrifício.
Agradecendo, pois tudo poderia ter sido bem pior, adormeceu.
À tardinha, saíram para aproveitar o final do domingo e apreciar o por do sol no rio Sena.
Àquele horário, às margens do rio, eram impecáveis e repletas de tons dourados. O reflexo do sol sobre piso de pedras formava uma das mais belas paisagens que Martina já tivera o privilégio de ver. Pensou em quão maravilhoso seria pintar um quadro com todas aquelas cores, de final de tarde. 
Sentaram-se à beira, com uma garrafa de vinho, assim como vários turistas, e saborearam a bebida, enquanto esperavam o espetáculo da natureza acontecer. 
Martina estava feliz e jamais pensou que as coisas acabariam assim entre ela e Murilo. Nunca imaginara, que ao ser obrigada a casar com um completo desconhecido viria a se apaixonar por ele e agora, ter que lutar com todas as suas forças para que ele viesse a lhe amar também. Lutaria até ao fim, mas iria conquistá-lo de uma forma ou de outra.


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UM TEMPO PARA AMAR 1° Lugar na Categoria, Cena Dramática #CDouradosnaliteraturaOnde histórias criam vida. Descubra agora