Amizades e revelações

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Martina parou na entrada da sala, causando um silêncio entre os três. Sorriu para afastar seu nervosismo, tentando ser simpática.
Murilo se levantou e indo ao seu encontro, lhe estendeu a mão.
___ Quero que conheçam, Martina, minha esposa.
O casal retribuiu o sorriso.
___ Estes são Luisa e Suárez. - apresentou Martina ao casal.
___ Muito prazer, desculpem a minha demora, Murilo não me avisou com antecedência que teríamos visitas. Sinto tê-los feito esperarem.
A moça loira correu os olhos por Martina.
___ O prazer é nosso! - desviou os olhos para Murilo. ___Quando falou dela, escondeu muito de nós, não é, Suárez? Ela é muito mais bonita que na foto que nos mostrou outra noite!
Martina sentou cruzando as pernas e Murilo se acomodou na guarda do sofá ao seu lado, pondo a mão sobre seus ombros.
___ Murilo sempre foi assim, Luisa, - o rapaz que também era loiro, comentou  - ele nunca fez propaganda do que é seu. E concordo, você é muito bonita, Martina. Meu amigo que me desculpe!- Suárez, tinha alguns traços de Luisa. Ambos eram jovens cerca de 30 anos.
Murilo rebateu com bom humor.
___ Eu?Não mesmo! Quando estávamos na faculdade, nunca escondi nada de ninguém! Deixem eu explicar uma coisa à Martina:
Luisa e Suárez são irmãos gêmeos! O que um fala, o outro concorda, quando um fala de mim, o outro é suspeito.
Martina esboçou um largo sorriso, se acalmando, Luisa não parecia alguém interessada no marido.
___ Percebi a semelhança, mas vocês não são idênticos!- exclamou constatando.
Suárez explicou, soltando a bebida na mesa, ao lado da poltrona, em que estava sentado.
___ Não, somos de placentas diferentes. Bivitelinos. No entanto, somos muito ligados.
___ Deve ser muito bom, ter essa cumplicidade. Vocês e Murilo se conheceram na faculdade?  Não me lembro de vocês dois no nosso casamento apesar de lembrar dos nomes quando enviei os convites. - Martina se sentiu mais à vontade.
Luisa foi a primeira a responder.
___ Sim, estudamos na mesma faculdade. Suárez chegou a fazer algumas cadeiras com Murilo. E estávamos viajando em férias, na ocasião do casamento de vocês.
Murilo se dirigiu a esposa.
___ Sabia que Luisa trabalha com arte?
___ Sério, você também é artista? - os olhos de Martina adquiriram uma certa luz diante da informação dele. 
___ Não, trabalho como marchand, sou sócia de uma galeria de arte em Barcelona.
___ Nossa que surpresa!
Murilo elogiou a esposa.
___ Martina é uma artista e tanto, tem muito talento, você devia conhecer seus trabalhos, Luisa.
___ Eu adoraria. Murilo me disse que pinta.
Martina sorriu sem jeito, diante do elogiou dele.
___ Murilo está exagerando, eu gosto muito de pintar, mas não acho que tenha tanto talento assim.  Gosto também de esculturas , mas no momento, só estou com os pincéis. Acho que meus trabalhos são bons e já que tem olho clínico, podemos depois do almoço ir lá, no meu atelier, claro, se tiver tempo. Fiz apenas três semestres na faculdade, não continuei por problemas pessoais.
___Ah, minha cara, mas talento independe de formação. - Luisa ponderou. __Já negociei quadros de gente que mal sabia escrever, porque talento não se adquire em uma universidade,  técnica, sim! 
___ Eu e Suárez temos alguns assuntos para resolver, vai ser bom para Martina, está se sentindo muito sozinha ultimamente. - passou agora, a mão por seus cabelos. ___Martina precisa conhecer a Mel! Na próxima visita tragam ela junto!  
Martina olhou, para ele em indagação.
___ Não acredito, que não mostrou uma foto dela ainda, Murilo? - Luisa protestou vendo que Martina nem sabia de quem se tratava.
___ Ainda, não Luisa! - ele confessou.
A curiosidade de Martina falou mais alto.
___ Quem é Mel?
___ Minha filha, tem 10 anos e é portadora de síndrome de Down. E Murilo é o padrinho dela. - Luisa falou com naturalidade.
___ Murilo não tinha me contado que tem uma afilhada! - Martina sorriu, incrédula, como se o marido fosse incapaz de ter um laço daqueles.
Murilo correu, mais uma vez, as mãos pelo seu cabelo, parando na orelha, apertando o lóbulo, causando um arrepio em seu pescoço.
___ Ela é um show de menina, inteligente, esperta e adora pintar a boca de batom rosa. - ele contou.
Martina sentiu seu coração quase parar.
Suárez soltou uma gargalhada.
___ Adora agarrar a gente e encher de beijos. Murilo saiu todo marcado de lá, da casa da mamãe, dia desses! Ela mora com nossa mãe em Toledo.
Martina enrubesceu.
"A moça dos lábios inocentes...é uma criança! Aí, como fui idiota! Sofri por nada!" - sua mente trabalhou rápida e o sentimento mais iminente foi de um alívio imenso a uma certa alegria.
Murilo deslizou os dedos de leve por seu pescoço numa carícia e Martina ergueu a os olhos a procura dos seus. Ele trazia no canto da boca um sorrisinho e se mexendo tirou o iPhone do bolso.
___ Está é Melinda. -  mostrou a foto da menina loira, parecida com a mãe, que trazia os traços típicos da síndrome. A boca rosada, encostando no rosto dele. 
___ Só de ver o jeito como ela está feliz ao seu lado demonstra gostar muito de você, Murilo! - Martina sorriu passeando os olhos pela foto.
Luisa completou:
___ Ela é só amor! Sempre de bom humor e encanta a todos! Está no quarto ano do primário, claro, tem dificuldades, mas consegue superá-las sempre.
Os olhos de Luisa brilhavam enquanto falava da filha.
___ E você, me conta, Murilo disse que está a espera de um bebê!
Suárez sorriu e entregou o comportamento do amigo.
___ Murilo vai ser um bom pai, tem muita paciência...ao menos, com a Mel é assim, ela consegue fazer gato e sapato dele.
__ Nossa, estou surpresa! Nunca imaginei que você tivesse uma afilhada que gosta de usar batom rosa! - suspirou, sorrindo sem jeito e cravando os olhos nele.
Sua vontade era de dizer umas boas verdades a ele. Poderia ter falado naquele noite, que se tratava apenas de uma criança, sua afilhada; poderia ter mostrado a foto a ela, tê-la convencido...mas não, preferiu fazê- la sofrer, porque sabia que isso lhe causaria ciúmes!
"Se bem, que também, não dei chance a ele depois disso. Sempre que nos falávamos, dava um jeito de sair pela tangente." 
Por mais que quisesse não se importar, aquela revelação foi como se um peso saísse de suas costas.
A conversa correu animada, Murilo agia como se fosse um marido amoroso, o que irritava Martina.
Achou difícil que amigos tão íntimos não soubessem o que estava acontecendo. Os irmãos pareciam ser seus melhores amigos e Martina admitiu que eram ótimas companhias e assim que o almoço ficou pronto, Martina os convidou para se sentarem à mesa.
Depois do café, Murilo e Suárez se trancaram no escritório e Martina então, convidou Luisa para irem até ao atelier.
Enquanto caminhavam até lá, Luisa e ela conversavam amenidades.
___ Está feliz por estar grávida, Martina?
___ Estou... - sua voz saiu com som de conformação.
___ E Murilo, acha que ele, também está?
___ Acho que sim, não é sei direito. - respondeu um pouco envergonhada, não poderia mentir nada, pois não sabia se eles conheciam a verdade de tudo.
Parou, olhando Luisa.
___ Na verdade, acho que ela está assustado. - não poderia dizer o que ele planejava contra ela.
___Encontrei um Murilo diferente desta vez, não sei explicar, acho que está inseguro. E Paula?
Martina desviou os olhos dela, era impossível não se sentir incomodada com a pergunta.
___ Não fique constrangida, Murilo andou conversando com a gente... Ela está fazendo de tudo para separar vocês dois. Pronto falei! - sorriu, soltando o ar dos pulmões. __ Conheço Paula, ela é uma víbora! Só posso lhe dizer que você não deve julgar Murilo por suas atitudes, ao menos por enquanto.
___ Não estou entendendo. - passou a chave na porta do atelier, dando passagem à Luisa.
___ Martina, meu amigo está com dois corações...está dividido, entende?
___ Não sei o que ele te disse, mas sei que Paula sempre esteve a frente de mim em importância pra ele. Acho que ele já fez sua escolha infelizmente! - disfarçou. __ Está comigo porque estou grávida. - puxou os tecidos que cobriam algumas telas.
O olhar de Luisa se deparou com as pinturas e um brilho surgiu nos olhos verdes.
___ Meu Deus, são lindas! - parou em frente a uma delas.___ São tão realistas... e são tristes!
Martina, assentiu com a cabeça, com desânimo. Seus sentimentos estavam ali, expostos.
Luisa se virou, a encarando.
___ Incrível como conseguiu captar o interior da modelo.
___ Não tive modelo, Luisa!
___ Como assim? Vai dizer que imaginou tudo isso?
___ Antes fosse imaginação, são sentimentos reais estampados aí.
___ Sério? Os seus?-  indagou com ar de admiração.
Martina não respondeu, mas o olhar dizia tudo.
___ Murilo chegou a ver essas telas? - examinava tudo minuciosamente.
___ Uma vez só! Acho que ele não se interessa muito por arte...
Luisa interrompeu.
___ Ou pelo que você faz...
___É, talvez...
___ Definitivamente, meu amigo precisa resolver tudo logo.- resmungou.
___ Como assim, o que ele precisa resolver?
___ Modo de falar, Martina, modo de falar. Estou encantada com tudo isso! Gostaria de expor suas obras?
___ Por enquanto, não. Talvez depois que o bebê nascer... - sentou num banco mais alto.
___ Martina, eu ficaria super feliz se me desse a chance de lançar você no mercado de artes. Seu talento é claro e notório! Você tem muito futuro! 
__ É que minha vida no momento, está complicada...Não sei o que fazer, sabe?
__ Eu te entendo. Fiquei assim quando engravidei da Mel... Você ainda tem Murilo, eu estava sozinha.
__ Sério? O pai da Mel não estava com você?
Lusia balançou a cabeça em negativa.
__Foi horrível! Suportei tudo por causa dela e depois, quando ele soube que Mel era portadora de Down, aí que não quis saber mesmo!
__ Nossa, que canalha! - as palavras saíram sem filtro de sua boca.__ Ai, desculpa, mas não consegui  enxergá-lo de outra forma! E você o amava?
Luisa deu com a mão no ar, com se não tivesse se importado com o adjetivo.
__ Demais! Sofri, comi o pão que o diabo amassou...Murilo acabou virando padrinho da minha filha por isso, foi ele quem me estendeu a mão no momento, em que mais precisei.
Nossa família não é rica. Eu e Suárez tínhamos bolsas na faculdade.Trabalhava meio turno do dia pra ajudar nas despesas. Quando fui abandonada, Murilo nos acolheu em seu apartamento. Suárez não poderia pagar tudo sozinho e eu grávida não tinha como trabalhar. Moramos um bom tempo, todos juntos, amontoados, até me formar e me ajeitar! - sorriu, aquilo pela sua expressão, não gerava nenhum orgulho, mas tinha um quê de sofrimento por trás das palavras dela. __ Mas eu venci! Hoje graças a Deus, posso dar uma vida boa a minha mãe e a minha filha.Não falta nada para nós. A chegada da Melinda, só trouxe mais amor e alegria as nossas vidas!
Martina estava boquiaberta com tudo. Era um lado de Murilo que jamais sonhou que existisse, um lado de preocupação, de proteção.
"Pena que comigo, ele não aja assim. - pensou com infelicidade.
___ Achei que Murilo, nunca tivesse tido contato com uma mulher grávida.
___ E não teve, estudava dia e noite, quase não parava em casa. Sinto lhe dizer, mas meu amigo pegava todas na faculdade, vivia mais na casa das garotas do que lá, com a gente e depois, ele se formou assim que Mel nasceu e saiu a viajar, teve problemas com o pai... Suárez, acabou indo trabalhar com ele em definitivo. É seu braço direito, nos negócios, em Toledo.
__ Definitivamente, estou com vergonha de não saber da missa o terço, sobre a vida de meu marido.
__ Eu que falo demais, desculpe! - Luisa pediu. __ É que Murilo, foi meu anjo da guarda , entende? Devo muito a ele, inclusive, quando se formou continuou pagando todas as despesas do apartamento. Não estaria onde estou, se não fosse por ele!
__Está me fazendo conhecer um lado diferente de Murilo. - confessou.
__Porque até agora, só conheceu o lado sedutor dele e o lado possessivo, não é mesmo?
__ Sim, é. -  admitiu.
__ E presumo que vocês estão encenando um casamento perfeito, não é isso?
Martina baixou os olhos, a loira sabia de tudo com toda a certeza.
__ Você sabe, então, do porque de eu estar pintando assim, retratando tudo isso nas telas. Simplesmente, é mais forte do que eu. Se não tivesse esta válvula de escape, enlouqueceria! - confessou passando as mãos pelos cabelos.
__ Sei mais ou menos...sei de Paula e sei do que ela é capaz de fazer pra ter Murilo. Mas acredite, Murilo está lutando contra tudo e contra todos, Martina. 
__ Mas está claro que não me ama, eu estou praticamente desistindo. Não vou mais me rebaixar aos caprichos dos dois! 
__ Eu só tenho a dizer pra você, que tenha só mais um pouco de paciência...Em breve, tudo se resolverá. Murilo está tão angustiado quanto você, pode apostar!
Martina suspirou fundo, não entendia muito as palavras da amiga dele, mas entendia que uma coisa era certa, Murilo tinha se arrependido do contrato e agora, com a gravidez dela, isso tinha ficado bem claro.  A desejava, mas não a amava e talvez, estivesse com muita pena de ter que arrancar a criança dela.  E pena era a última coisa que queria de Murilo!
"Está, como disse Luisa, com dois corações. Dividido entre seu coração protetor e a paixão, que sempre teve por Paula." - pensou desanimada. 
Mais uma vez, as palavras  vieram a sua mente racionalizando.
" Não pague pra ver Martina, ele por mais que esteja arrependido, nunca fez menção de acabar com a cláusula do contrato, ainda mais sofrendo a pressão da mulher que ama. Ela quer seu filho e ele vai fazer a sua vontade, ficou muito claro, naquela tarde lá no iate!"
Quando eles foram embora, Martina subiu. Estava exausta e já eram quase 4 horas da tarde.
Arrancou a roupa e entrou debaixo do chuveiro, a água morna era uma boa conselheira e a  imagem da menininha com a boca suja de batom veio a sua mente, sorriu. Porém, a pergunta que não queria calar era: " Onde Murilo ia quase todas as noites? "
Tirou o resto do shampoo do cabelo e quando abriu os olhos, deu de cara com ele encostado na porta do box, com um sorriso sedutor que a desmontava.
Ela saltou de susto.
__ Quantas vezes, tenho que pedir para não me assustar?!- falou irritada.__ Não entende!
__ Entendo, sim, porém se me fizer ouvir, não me deixará entrar no banheiro. - começou a tirar a roupa. Ficou nu.
Ela olhou com pavor para o que ele tinha acabado de fazer. 
__ Nem pense em entrar aqui!
Murilo sorriu irônico e debochado, já com o pé dentro do quadrado.
__ Já entrei, se puder me tire daqui. - falou com olhar guloso sobre o corpo nu dela, que se protegeu com as mãos frente a ele.
Martina sentiu seu ventre formigar, Murilo assim, nu, excitado dentro daquele cubículo, lhe tirava toda os argumentos que poderia usar contra ele.
__Murilo...por favo! - suplicou fechando os olhos.
Se recusava a encará-lo. Não tinha domínio sobre suas emoções.
__ Ah, Martina, fugiu de mim todo esse tempo e agora descobriu que foi em vão... descobriu que cria paranoias em sua cabeça...- riu com sarcasmo. __ Como se sente sabendo que sentiu ciúmes todo esse tempo de uma criança?
Martina abriu os olhos e o encarou, não sabia se atirava-se em seus braços derretendo de desejo, implorando para ser amada ou se batia nele até que liberasse passagem. 
A água escorria sobre seu corpo e sua respiração acelerada, era notada em seus seios, que subiam e desciam freneticamente.
__ Quem disse que tive ciúmes? Está louco! -  retrucou e ousou o empurrar; ele segurou com força seu pulso, a trazendo para junto dele, passando a outra mão por sua cintura, colando o que podia seu corpo nela.
Murilo encostou seus lábios nos de Martina, mas não fez menção de iniciar um beijo, apenas mordeu o lábio inferior sensualmente, a empurrando devagar contra a parede fria do box. Ela sentiu suas pernas amolecerem, se não o fizesse parar de alguma maneira, acabaria se entregando àquela boca,  com a qual sonhava todas as noites percorrendo seu corpo, deixando um rastro de fogo em sua pele quando acordava, então, buscou forças e levantando o joelho, o atingiu no meio das pernas. Enquanto Murilo gemia e se contorcia de dor, ela saiu do box apressada, vestindo o roupão.
Enfiou a cabeça no espaço da porta de vidro e sorriu.
__ Só para avisar, por mais que esteja excitada, não vou me render aos seus encantos novamente! - passou a mão na toalha e atirou sobre ele.__ Se enxugue e se vista! Não sabe como está patético nesta posição! Quem diria, hein, grande pegador da faculdade... nocauteado dentro de um banheiro! 
Martina saiu, os cabelos escorrendo água pelas tábuas do assoalho, pegou outra toalha enrolando na cabeça. Reforçou o nó da faixa do roupão em proteção.Sabia que Murilo não deixaria por menos, mas para sua surpresa, ele apareceu alguns minutos depois, a encarando como o olhar de jogador de cartas, numa carpeta. Sorriu maliciosamente.
__ Um dia da caça , outro do caçador... - a encarou com aquele olhar negro penetrante.
__ Pois hoje, foi o dia do caçador! - falou orgulhosa de sua atitude de ter resistido bravamente a ele.
Murilo caminhou até ela como um gato, estudando seus movimentos, nos olhos, o gosto do desafio. Martina sabia que aquilo o deixava ainda mais excitado e estremeceu com a possível revanche da parte dele.
Aquele jogo ele sabia jogar, no entanto, Martina também conhecia seus truques, conhecia as regras e as consequências do blefe e estava disposta a não deixar ele ganhar, sem antes, Murilo pagar para ver!

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