Lugar Especial

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Martina olhou ao seu redor enquanto era carregada pelos braços fortes de Murilo.
O iate tinha uma sala confortável, nada muito grande, mas de extremo bom gosto. Um sofá em L, cinza claro, fazia contraste com as almofadas azul-marinho e brancas. No chão de madeira, um tapete de uma cor chumbo de pelo alto e fofo, tornava o lugar aconchegante. As paredes laterais, com janelas retangulares, eram adornadas com cortinas de um tecido fino, na mesma cor do sofá, alternando em listras irregulares, com a cor das almofadas. Uma mesa de centro em madeira envernizada, com as bordas irregulares, feita artesanalmente, de um tronco de árvore, dava ao lugar um certo charme, contrastando o ambiente moderno com o rústico artesanal dos objetos de decoração.
Ao lado um bar, com balcão em vidro e banquetas em aço inoxidável. Nas prateleiras de vidro, vários tipos de bebidas, copos e taças. Uma mini adega também era visível e um corredor levava a cozinha.
Ele a soltou e Martina sorriu meio sem graça por estar tão perturbada pela sua proximidade. Procurou disfarçar, o quanto estava mexida por estarem sozinhos ali, observando alguns quadros coloridos, que enfeitavam o lugar. Sentou-se na maciez do sofá, inclinou o corpo e tirou suas sandálias. Seus pés tocaram as fibras leves do tapete, o que lhe proporcionou um certo alívio.
__ Quer beber alguma coisa? - Murilo a fez virar a cabeça ao ouvir sua voz, o forçando a olhar para ele.
__ Se for beber eu te acompanho. - informou.
Murilo foi até ao bar e escolheu um vinho, serviu duas taças. Calmamente, se acomodou ao seu lado, oferendo uma à ela.
__ E então, gostou?- indagou virando o corpo para encará-la.
__ De muito bom gosto. A sensação que tenho é de um lugar de paz. Agora, entendo quando disse que gosta de vir aqui para pensar. - levantou saindo em direção a um trio de quadros, em alto relevo, que ficavam acima de um pequeno aparador, no canto da escada, que, imaginou, levasse ao dormitório.
__ Africanas! - exclamou baixinho.__Simplesmente, maravilhosas! Você os comprou onde? - inquiriu curiosa.
Murilo indo ao seu encontro, se aproximou mais do que devia. Martina estremeceu. Ele a rodeava como um animal de olho numa presa.
__ Comprei numa feira, na África, quando estive lá. O artesão que me vendeu, me garantiu que são exclusivas, que ele não faz em série. Cada Africana tem sua história, cada uma representa uma tribo.
Os olhos dela brilharam com aquela informação.
__ São lindas! A história por trás de cada obra de arte é que as fazem serem tão especiais!
__ Não me atreveria discordar do que diz! Um artista lê a obra com os sentimentos. - levou o copo aos lábios sorvendo o líquido. __Porque trancou sua faculdade?
Ela tocou um dos quadros com a ponta dos dedos numa leve carícia.
__ Quando minha mãe adoeceu, decidi que precisava dar mais atenção a ela. O tempo, perto de quem amamos e sabemos que vamos perder, é precioso. Pretendo voltar assim que puder. Graças a Deus, agora, conseguimos uma enfermeira maravilhosa para mamãe. Ana é carinhosa, dedicada. Uma profissional que ama o que faz. Pensei em retomar no próximo ano, mas aí, você apareceu...
__ E acha que vou impedi-la de estudar?
__ Não sei. Temos um contrato, tenho que cumprir. Quando estiver livre, voltarei a frequentar a universidade.
Murilo a pegou pelo braço, delicadamente, a fazendo prestar atenção nele. Suas feições tinham mudado e seus olhos negros, demonstravam que algo não lhe agradava no momento.
__ Não será minha prisioneira. - afirmou. __ Esta palavra: LIVRE, sempre é mal colocada em sua boca.
Martina o encarou, piscando os longos cílios.
__ Lembra o que me disse:" Estou pagando. Eu mando, você obedece!" Foram exatamente, estas palavras!
Ele suspirou profundamente, se acalmando.
__ Há de convir que você me tirou do sério! É geniosa e isso para um homem como eu, que está acostumado a mandar e ser obedecido, é um desafio e tanto! Às vezes, as palavras saem com o objetivo de atingir. Porém, quando nos damos conta da mágoa que elas causaram, nos arrependemos. Isso também acontece com você, tenho certeza! - disse categórico.
Ela andou pelo recinto. A bebida já estava quase no final, o que liberava ainda mais a sua língua.
__ Acho que não foi o seu caso. Pois arrependimentos vêm sempre acompanhados de pedidos de desculpas, o que não aconteceu. E eu entendo, sou mercadoria, não mereço muita consideração. - expôs o que sentia .
Ele se aproximou por trás e Martina entrou em alerta. Seus dedos correram numa carícia por suas costas nuas, agarrando seu ombro com gentileza, a fez se voltar e lhe encarar.
__ Você mesma está se tratando como tal! Você me desafia o tempo todo! Tem uma certa mágoa em relação aos homens, reflexo do que vive com seu pai. Não sou ele, Martina! Não imponho minhas vontades na base da violência! Poderá fazer o que quiser, desde que não ande sozinha, mas acredito que não conseguirá conciliar estudos e maternidade.
Ela se afastou dele, fugindo do toque e voltou ao sofá.
Tomou o resto da bebida, que estava em sua mão e depositou o copo em cima da mesa de centro, soltando o ar dos pulmões.
__ Então, foi o que disse. Vou cumprir o contrato. Se engravidar terei que cuidar do meu filho...Ele será meu por um tempo. Essa cláusula é a mais cruel de todas. Um filho é algo especial! - desabafou.
Murilo sentou ao seu lado novamente, observando seus lábios já sem o batom, inclinando o corpo sobre o seu, passou o braço por trás de seus ombros. Ficaram com seus rostos frente a frente. O desejo de sentir a maciez novamente, daquela boca, o invadia desde o dia anterior.
Martina sentiu seu coração acelerado com o calor de sua respiração batendo contra sua pele.
Ele ergueu a mão esquerda, acariciando seu pescoço com a ponta dos dedos, subindo e segurando sua nuca, até que eles se enterraram nos seus cabelos.
Aproximou a boca com delicadeza, a beijando suavemente, mordiscando seu lábio inferior.
O corpo de Martina incendiou diante daquele carinho e mesmo que quisesse fugir não tinha forças. Seu sexo pulsou e um tremor percorreu seu corpo, que não racionalizava as emoções que os afagos de Murilo lhe proporcionavam.
Seus lábios agora, se moviam em sincronia e a língua de Murilo a invadiu totalmente, lhe fazendo perder a respiração.
Quando sentiu que ela se entregava, correspondendo totalmente, ao beijo, Murilo desceu a mão, apalpando cada pedaço de seu corpo por cima do vestido e chegando a barra dele, o arrastou mais para cima, liberando a carne macia das coxas escondidas pelo tecido.
Num piscar de olhos a trouxe para cima dele e o vestido agora, tinha subido mais, deixando as nádegas dela, ficarem à mostra. Murilo as apertou forçando para que sentisse todo o tamanho e a rigidez do seu desejo.
Suas bocas se desgrudaram e Martina arrepiou quando sua barba macia roçou em seu pescoço e os seus lábios quentes desceram até seus ombros nus. A intimidade dela se contraiu, desejando senti-lo por completo e seus dedos se enterraram nos cabelos negros. Ofegantes, já não conseguiam controlar as emoções de cada toque e o desejo entre eles explodia de uma forma inimaginável. Martina se surpreendeu com a intensidade do que sentia.
As mãos de Murilo subiam e desciam por suas costas nuas, passeavam por suas coxas com urgência. Ele se afastou um pouco, os olhos escuros cintilando, analisando cada traço dela e a voz rouca de desejo quebrou o silêncio do momento.
__ Eu sei que tudo que está passando a assusta, mas eu quero que confie em mim. - pediu segurando firme em sua cintura.
Martina sentia o membro dele duro roçando perto de sua entrada, por cima da calcinha de renda delicada. Tentou descer, mas foi impedida.
__ Esta com medo? - ele franziu a testa.
__ Confusa, é o termo.- respirou ofegante.
__ Não está sabendo lidar com esses sentimentos, não é mesmo? Uma hora me odeia, outra me quer... me deseja...
__ Quero? Como pode ter certeza disso? Fala com muita confiança! - seu rosto esquentou.
Murilo escorregou a mão e afastou a calcinha, penetrando um dedo dentro dela, lhe fazendo se contraiu toda. Porém a sensação de prazer que estava tendo era mais forte que qualquer razão no momento. Ele sorriu satisfeito ao perceber cara dela com o tamanho do seu atrevimento e intensificou o toque fazendo movimentos lentos de vai e vem, sentindo e a fazendo sentir o quanto estava excitada.
Ela forçou a saída e ele a girou, a deitando no sofá, prensando o corpo de Martina contra as almofadas.
__ O que sentimos não pode ser ignorado, Martina! Está derretendo de desejo... está pronta para me receber dentro de você. - afirmou a beijando novamente com sofreguidão.
As mãos de Murilo acharam o elástico da calcinha e ele a tirou por completo. Sua boca abandonou os lábios inchados dela, descendo na procura de um dos seios. Os bicos duros apontavam por baixo do tecido do vestido e Murilo, mordeu um deles de leve, a fazendo gemer e arquear o corpo, numa linguagem de puro prazer.
A boca continuou descendo por cima do vestido até chegar a sua entrada, totalmente, depilada. Ele a analisou com um desejo insano, passando a mão delicadamente, pela pele lisa do Monte de Vênus, para em seguida, afastar um das pernas, revelando a visão de sua intimidade úmida e rosada.
Um dedo foi inserido com cuidado, que deslizou buscando mais lubrificação, voltando para esfregar em seu ponto máximo de prazer. Martina gemeu, involuntário, quando sentiu o tanto de prazer que aquele toque lhe proporcionava e sua respiração acelerou ainda mais, quando a língua de Murilo substituiu os dedos e acariciou seu clitóris em movimentos circulares. Segurou forte no tecido do sofá com uma das mãos, enquanto sem perceber, enterrava os dedos da outra, nos cabelos macios dele para impedi-lo de parar o que fazia com maestria.
O gozo veio intenso, sacudindo o seu corpo em ondas e Martina nunca imaginou que pudesse ser tão bom ser tocada daquela forma por um homem.
Murilo levantou e se livrou das suas roupas. A visão do tamanho de seu membro rijo a assustou e Murilo entendeu o porquê do espanto.
__ Martina, quero que me diga, ainda é virgem, não é?- indagou, com voz suave.
Ela não respondeu, apenas mordeu o lábio inferior, balançando a cabeça em sinal positivo, fechando os olhos.
__Tudo bem. Já desconfiava. - disse a tranquilizando. __Isso só a torna mais especial.Não tem porquê se envergonhar.
Martina abriu os olhos com aquelas palavras. Estava realmente, envergonhada. Afinal, quem, com 22 anos, ainda não tinha nem tocado num membro masculino?
__ Não se preocupe com isso, nada vai acontecer se não quiser. Eu me apressei... - a puxou pela mão fazendo sair do sofá e a pegou no colo, subindo a pequena escada, que levava ao andar de cima.A depositou com cuidado sobre a cama e ele deitou ao seu lado.
Ainda trêmula por causa da sensação que acabara de sentir, Murilo guiou sua mão até seu membro rijo.
__ Quero que me toque. Quero que conheça cada parte do meu corpo, Martina... - pediu.
Entre a inibição e o desejo, a segunda opção venceu e ela segurou seu membro e apertou entre seus dedos, sentindo o quanto era grande e quente.
Murilo com a mão por cima da sua indicou o movimento que lhe dava prazer e ela o massageou com delicadeza, enquanto observava as reações que aquilo causava nele. Ele gemeu. A respiração ofegante mostrava o quanto era prazeroso seu toque nele e em pouquíssimos minutos, ela viu seu líquido espirrar longe e então, Martina experimentou pela primeira vez, a sensação de dar prazer a um homem e o quanto aquilo a excitava.
Ele segurou sua mão para que parasse com os movimentos, abrindo os olhos procurando os seus. Sorriu.
__ Não quero forçar a barra com você. Não quero tirar sua virgindade, sem que antes tenhamos intimidade e que conheçamos um ao outro. - esticou o braço, abrindo a gaveta ao lado da cama, pegando lenços descartáveis para limpar sua barriga, onde o líquido leitoso tinha se depositado e ele se recostou nos travesseiros, a puxando para deitar em seu peito.
__ Entendeu o que disse, que não será nenhum sacrifício vivermos dois anos juntos? - acariciou seus cabelos.
Ela levantou a cabeça para olhar seu rosto. Não conseguia responder. Estava ainda tentando assimilar a intensidade das sensações que havia experimentado com ele.


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