— Cidade de Trondheim/Noruega — 1899 d.C
Tompson Fraulen contemplava alegre a nova obra de arte que acabara de compor, exposta numa canaleta aproximo de uma das muitas janelas que jaziam na mansão Fraulen. Ele tomou para si uma taça de seu vinho fraco favorito enquanto divagava em pensamentos e buscava melhor entendimento do que havia feito, como se após a pintura, precisasse meditar se estava perfeito ou se faltara alguma coisa naquela ilustração de uma formosa mulher de cabelos cinzentos e chapéu de palha trabalhando no campo e com um sorriso de satisfação.
O silêncio lhe propunha ademais ideias e fantasias capazes de leva-lo a outro plano, assim como a bebida que sempre o enfeitiçava e tinha um poder inspirativo sobre o jovem de cabelos loiros penteados a perfeição por uma das muitas serviçais da grande casa.
Ele caminhou pela sala e parou diante da próxima janela ao lado esquerdo das cinco que jaziam, observou no jardim da frente que lhe dava também um magnânimo vislumbre das casas em madeira, recobertas por relva verde e o cenário pitoresco esculpido das montanhas por centenas de milhares de anos.
— Tompson, é hora de nossa meia refeição! — promulgou a irmã mais velha, Bellice Fraulen, por trás da porta que sempre jazia fechada.
Ele retirou o avental branco respingado que trajava, ajustou o terno branco e a gravata preta no lugar e afastou alguns fios do cabelo sobre a face pálida pela luz das 11h.
Depois de dispor a última semana para compor a obra que jazia em seus sonhos, ele enfim poderia esticar as pernas e sair da grande sala para que se dispusesse a meia refeição. Tompson gostava de agir como um jovem normal de cidade, vinte e cinco anos, inteligente, simpático e um pouco avoado ele preferia permanecer em sua casa pintando ou trabalhando em alguma obra escultural do que acompanhar os irmãos mais velhos até seus trabalhos como cantores, sendo ele, talentoso ao abrir a boca para cantar e encantar.
Ele caminhou por um dos diversos corredores da mansão de três andares, uma porção de entradas, saídas e escadas que seguiam para outros centenas de completos. Para ele, a casa Fraulen era como uma obra de arte, assim como tudo ao seu redor. As escadas em espiral lembravam-lhe uma galáxia cintilante, o piso laminado lembrava um complexo de luz que criava contrastes, o teto transparente lhe dava visão para o céu e uma gama imensa de outros pensamentos.
Inclusive o que mais gostava de retratar: a vontade de conhecer o céu com seus próprios olhos. Tompson acreditava veementemente que a maior arte jazia nos céus, mas de que forma um mero mortal poderia contempla-la? Ele passou os últimos 10 anos estudando tudo o que podia, sendo influenciado pelos grandes pensadores e até mesmo conspiradores acerca de planos que permitiriam ter a humanidade pensando igual a ele, pensando o que ele pensava.
Se direcionou através do segundo andar após descer uma escada do terceiro, o gradil de madeira lhe dava uma visão da sala quadrada no primeiro andar, mas antes que chegasse a sala de refeições, ele virou a esquerda e conferiu uma porta que estava fechada, tomou em mãos as suas chaves para que entrasse.
E, lá dentro estavam as suas criações mais queridas.
Ele os chamava de "A família Fraulen". Traçada, planejada e executada segundo cada pensamento seu do que seria uma família perfeita, onde todos se entendiam e compartilhavam personalidades definidas por ele e o mesmo gosto, o gosto pela arte absoluta. Porém, todos deveriam ser como ele, idolatrar e adorar a arte do corpo. Era o que ele queria que todos adorassem.
Tompson adorava a arte do corpo, seus pais eram renomados musicistas, iguais aos seus irmãos mais velhos, enquanto que sua irmã era aficionada por escrita e havia composto 3 famosos romances.
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O Ultimo Fraulen
Mystery / ThrillerO misterioso desaparecimento de três mulheres em menos de um mês despertou o interesse de toda polícia de Trodeheim, Noruega, e também de Emilia Braun, uma investigadora local que agora aposta seu trabalho, horas de sono e até mesmo a sua sanidade p...