Capitulo 4

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Eu ainda não podia dizer com cem por cento de certeza o que descobrira, mas naquele dia quente, o meu enfoque total foi em ligar as vítimas ao fato de que Dante Fraulen poderia ser sim um criminoso e um... um sei lá o que ele poderia ser.

> Dante pode ser o psicopata que tem raptado mulheres.

> Dante pode ser um enganador estelionatário.

> Dante "A pintura" pode ser uma imaginação minha?

O que vi ontem comprovava que eu não estava louca, tinha quatro pinturas a minha frente e uma estava sem cores, justamente a que se parecia com o nosso homem. Mas, julgando pela realidade, aquilo era impossível.

Nem mesmo dois copos de café e um waffle eram capazes de me manter concentrada para trabalhar naquele difícil caso onde todas as pessoas reais foram descartadas primeiro pela vítima, Vanice, e, segundo por mim que acreditava que um homem havia saído de um quadro ou estava tão bem disfarçado que seria imperceptível se não fosse bem investigado.

O que eu tinha, a aparência física do criminoso, e não me restavam duvidas, ela batia com o meu único suspeito.

Aquela entrevista para o jornal foi em 1999, o homem no quadro aparenta ter entre 20 e 25 anos — assim como o vigia mal humorado.

Quando ele havia nascido?

Acessei o banco de dados da cidade e esperei carregar as informações pertinentes.

Qual seria a próxima conexão?

Esfrego o meu queixo pensativa. Tinha um homem que era aficionado por arte do corpo humano e mulheres desaparecidas, três não retornaram e uma veio até nós assustada relatando que um homem lhe propôs um contrato para que posasse nua para que ele a pintasse.

Todos os quadros no museu Fraulen representavam pessoas, muitas delas estavam nuas, inclusive os homens que pareciam anjos em sua maioria.

Beleza... é essa uma das essências dele.

Quando o registro enfim retorna a pesquisa, eu me espanto.

Dante Fraulen... por deus! Não havia registros dele no sistema da polícia e nem qualquer registro de sua existência, sem RG, sem residência e o único resultado físico disponível encontrado foi uma assinatura num documento de transferência das propriedades Fraulen em 1922 em que ele se identifica como "parente" mais próximo.

Mas todos da família não tinham morrido?

Imprimo e prego as informações no meu quadro.

Sem endereço, sem documentos oficiais, uma datação de 1922.

Rodei ao redor da sala, com as mãos nas costas e uma dura questão na cabeça.

Todos os pontos tinham sido ligados, exceto o fato de que ele não existia para a gente. Como poderia considerar um homem suspeito sendo que ele tecnicamente não existia?

Quem era Dante Fraulen de verdade...

* * * * *

Eu giro o garfo ao redor do meu macarrão pela milésima vez, disposta a mesa com a turma da investigação, porém, longe o suficiente para que suas vozes se tornassem apenas um vazio eco enquanto a minha não para de trabalhar.

Ajusto meus cabelos, e no instante, parece que a minha comida lembrava um furacão pela forma remexida que jazia.

Poderia ser possível que um homem como aquele existisse no nosso mundo dessa forma tão vazia, quase se inexistente? Como se o seu personagem icônico fizesse parte de uma história de ficção fantástica.

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