Quando volto a mesa, Dante me espera com um par de flans de leite com caramelo por cima.
Afastei os pensamentos e apenas me sentei de volta à mesa, tentando não passar os meus sentimentos para ele e força-lo a saber que eu o odeio.
– Você está bem, Emília?
– Não... não estou, apenas queria acordar desse pesadelo que nem deveria ser meu. Mas já que me meti, preciso ir até o final. Quero propor algo.
— Se ao meu alcance.
— Se diz que não foi você, então eu acredito. Foi Amélia. Me ajude a prende-la e me diga o que é... isso — volto a erguer a foto para que ele a veja melhor.
Assinalo cada ponto, cada "L" que a minha professora pontuou.
Se os planos da sociedade de Mithra de "conquistar o mundo", haviam falhado, esse objeto ainda estava por ai e Dante, caso o encontrasse, de certo continuaria seguindo-o, mesmo que contra a vontade graças a ambição de Tompson.
Não apenas ele, mas também outros os estranhos nos quadros.
— Eu não sei o que é isso — ele deu de ombros ao me olhar com estranheza. — Mas estou de acordo em te ajudar no que for preciso.
— Isso não é suficiente, Dante — balanço a cabeça. — Se quer provar que não está afim de cumprir com esse plano, preciso saber ao que esses gestos me levam para que eu possa impedir você de chegar nele.
Talvez estivesse expondo o meu plano para o vilão da história falando dessa forma, mas eu só queria pôr as mãos nesse objeto e destruí-lo.
— Tudo bem. É um tanto grosseiro da sua parte, mas posso te ajudar com o que sei e o que tenho. Mas isso fica para outro momento, sim? Agora... vamos nos conhecer.
Talvez o bonecão de ventríloquo realmente só sabia o que precisava saber e dava um passo sempre que fosse necessário, de forma automática e maligna.
* * * * *
Depois daquele maravilhoso flan de leite, Dante e eu riamos a medida em que ele me contava sobre as espetaculares viagens que fez através do tempo e ao redor do mundo. Uma vez que ele e os amigos pelejaram pela terra durante quase cem anos, eles já tinham dado as caras em várias partes do mundo que eu sequer sabia que existiam.
Na verdade, era tão desinformada acerca de viagens que tudo o que conhecia sobre Egito, China e Brasil, era que todos tinham boas comidas e uma cultura bastante atraente. Quando percebi, já era cerca de 22h e a terceira cerveja que estávamos tomando começava a fazer efeito em mim.
Eu freei a minha empolgação por um instante, antes do momento intenso que geralmente vinha com um pequeno silêncio começar entre nós. Ele era discreto, mas não totalmente, isso pois bastou que descaradamente segurasse a minha mão para prontamente reconhecer o flerte — senso de detive.
— Você já se apaixonou, senhor Fraulen?
— Paixão é subjetiva — mais um enigma. — O homem entende que paixão faz parte de uma conexão física e emocional entre duas pessoas é o que a leva a ter relações com sua contraparte. Entretanto, a paixão influi de coisas mais profundas como; coisas em comum, desejos exacerbados e afetividade física.
— Eu já me apaixonei — viro um pouco o olhar, disposta a acrescentar o que eu tinha vivido e não os seus monólogos. — Foi no ensino médio. O cara era um idiota, mas sabia ser romântico. Acredito que tínhamos essa coisa que você acaba de citar. Como é essa sensação de vazio no seu interior? Não poder realmente sentir, apenas entender o que são sentimentos.
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O Ultimo Fraulen
Mystery / ThrillerO misterioso desaparecimento de três mulheres em menos de um mês despertou o interesse de toda polícia de Trodeheim, Noruega, e também de Emilia Braun, uma investigadora local que agora aposta seu trabalho, horas de sono e até mesmo a sua sanidade p...